O primeiro ato de amor (conto)

Era um bicho pequeno. Parecia um ratinho, só que muito mais bonito. Era um porquinho-da-índia, pouco mais que recém-nascido. Parecia triste e desnorteado, ali deitado no gramado.

De repente ele viu surgir um animal estranho, enorme.

Era um garoto de uns cinco anos de idade. Tinha carinha de anjo, embora anjos não andem por aí com estilingues na mão.

O garoto não demorou muito para avistar o bichinho. Parou, ficou olhando. Nunca tinha visto um animal assim. Rato não era, disto ele tinha certeza... “Bem, pode ser um rato diferente”, concluiu.

Colocou uma pedrinha no estilingue, esticou a tira de borracha... mas a pedra não partiu.

Antes de atirar, deu uma olhada mais demorada naquele ser lindo e novo em seu mundo. Olhou bem dentro dos olhos dele e, pela primeira vez em sua pequena vida, sentiu-se totalmente invadido pelo sentimento do amor.

Então, ele jogou fora, para sempre, o brinquedo maldoso. Pegou o bichinho com todo cuidado e, com um beijo, batizou-o de “Teté”.