Um dia na fazenda

Capítulo I

O amanhecer

O sol começa a brilhar no horizonte, fazendo com que se revele primeiramente o contorno das montanhas, levemente arredondadas e suavemente inclinadas.

Aos poucos vai aparecendo também as flores do campo, a grama molhada pelo orvalho e as árvores da mata que ficam à beira do lago. É um lago grande com contorno arredondado e pequenas plantas aquáticas onde os peixes ficam escondidos quando passa alguma pessoa ou um outro animal na beira do lago.

As 5 horas da manhã em ponto, o galo Betovem se prepara para cantar e despertar todos da fazenda. Faz isso com muita disposição, já que precisa de muito fôlego para cantar várias vezes antes que o sol fique mais quente.

Agora, com o sol já clareando toda a fazenda, começa a sair para o quintal, as vacas, as galinhas, os gansos, os patos, o cabrito e demais moradores daquela fazenda que foram acordados por Betobem.

A Srª Matilde é a esposa do dono da fazenda e todo dia ela vai para ajudar o Sr. Oriosvaldo a ordenhar as vacas e depois se preparam para fazer o queijo e manteiga.

Gertrudes é a vaca preferida da Srª Matilde, por isso ganha de presente todo dia após a ordenha, um cesto de silagem feita de milho. Mas a Gertrudes é muita amiga de Baltazar e deixa sempre um pouco de seu café-da-manhã para seu amigo cavalo, pois sabe que ele trabalha muito naquela fazenda.

Agora é a hora de alimentar as galinhas, gansos e patos. Oriosvaldo sabe que elas são muito importantes na fazenda, porque comem os insetos e não deixam que apareça nenhum escorpião ou aranha no quintal. Ao verem o seu dono entrando no paiol para pegar ração e milho, eles correm para perto e ficam esperando para comerem seu delicioso café-da-manhã.

Agora que todos estão de barriga cheia, o dia já pode começar na Fazenda “Encanto do roncador”.

Capítulo II

O encontro dos moradores

O Sr. coelho, que é conhecido por àquelas redondezas como Godofredo, já está acordado para ver o que tem pra fora de sua toca. Primeiro ele sai com suas orelhas enormes para escutar os ruídos ao seu redor e depois de examinar o local, ele vai correndo para a horta da fazenda.

Ao chegar na horta, vê que agora tem um cachorro sentado do lado de fora da cerca que fica bem ao lado dos canteiros de beterraba, alface e cenouras, as suas preferidas!!

Ele toma coragem, respira fundo e vai até onde está o cachorro. Como se o conhecesse há muito tempo diz: olá amigo, o que está fazendo por aqui? Como é seu nome?

O cachorro de orelhas e focinho grandes, olha e responde: Meu nome é Teobaldo e qual é o seu nome Sr. coelho?

- Eu me chamo Godofredo.

Com uma cara de suspense e dúvidas, Teobaldo pergunta ao coelho: o que está fazendo por aqui? Sua toca fica do outro lado daquele campo de pastagem, em uma toca bem funda. Eu sei disso porque já o vi correndo e se escondendo lá, em certa ocasião em que um gavião campeiro estava a te observar para ser o jantar dele.

Mas para disfarçar, Godofredo fala que está andando um pouco pra esticar as pernas. Todo dia de manhã eu faço caminhada para ajudar a manter o peso, pois eu engordo facinho. Na verdade, eu engordo só de olhar para a comida, desde que ela seja apresentável aos olhos e atiça o meu estômago.

Gertrudes dá um mugido alto para anunciar que está ficando com as tetas cheias de leite e que está chegando a hora de ser ordenhada. Sabendo que nessa hora Oriosvaldo trás um pouco de seu delicioso fêno e também silagem de cana-de-açúcar, então é a hora de (cavalo) se aproximar do curral e ficar pertinho do cocho para comer também a refeição de Gertrudes.

Com a aproximação de Celeste ao curral, Cremilda e Genivaldo começam a ficar agitados, pois no mundo animal os cabritos e cabras têm olfato muito apurado e sentem cheiro das cobras, mesmo que elas estejam longe deles. Ao chegar no seleiro, Celeste apenas olha para tentar encontrar um lugar para dormir, mas não encontra e logo vai embora sem perturbar ninguém.

Após estes encontros inusitados, todos ficam tranquilos e continuam os seus afazeres naturalmente até que chegue a noite para jantar e dormirem.

Capítulo III

Um encontro inesperado na cachoeira.

Chega a hora do almoço e Dona Matilde vai até à horta colher verduras e legumes deliciosas para comerem. Chegando lá, vê bem no centro do canteiro de cenouras várias falhas bem grandes e chega mais perto para ter certeza do que pensa que está acontecendo.

Ela colhe um pouco de cenoura, duas alfaces e umas folhas de couve para cozinhar e também fazer um delicioso suco de limão e couve. Ao lado do caminho que leva ao portão da horta tem uma bica d`água, onde Matilde aproveita para lavar os legumes e as verduras colhidas. Ao agachar na bica para lavá-las, ela fica cara a cara com uma rã que a olha bem fundo dos olhos e começar a conversar:

- A Senhora está lavando as verduras com algum produto?

Matilde (muito assustada) responde; apesar de ter ficado assutada com o fato de conseguir conversar com a rã: - Não !!! Só uso água corrente, porque não quero poluir a água que outra pessoa vai usar mais lá pra baixo do leito do rio para aguar outra horta.

E a rãzinha fala de novo: que bom !!! Porque eu também bebo dessa água e não gostaria de beber água com sabão.

Agora Matilde vai andando bem de pressa até chegar na cachoeira, onde senta numa pedra para ficar olhando o arco-íris que se forma com a névoa que se forma com a batida nas pedras, das águas que caem lá do alto da cachoeira. Ela observa o quanto é lindo as cores que se formam quando a luz passa por dentro das gotas d`água.

É hora de outro visitante chegar, e dessa vez não é nada pequena. Muito pelo contrário, chega com passos firmes e ao mesmo tempo muito silencioso; só se ouve os galhos secos que estão no chão se quebrando. Dona Matilde começa a imaginar o que poderia ser, e se lembra dos perigos que os contadores de causos comentam quando se faz fogueiras em noite de lua cheia, no quintal da fazenda.

Ela pensa: - Só pode ser a onça-pintada!!!

Então a rã brinca com ela: - pois é ! Está na hora da onça beber água.

A rã dá uma rizadinha e mergulha deixando Dona Matilde sozinha para se encontrar com a onça-pintada.

A onça aparece do outro lado da margem do riacho e olha bem fixo para dentro dos olhos de Matilde, mostra os dentes e fala: vou te dar um conselho Senhora fazendeira: - esse território é meu, e você não pode ficar aqui sem eu deixar, então vou fingir que não te vi e vou deixar você voltar agora pra sua casa. Vá logo, antes que eu mude de ideia. Para nunca mais você se esquecer desse conselho e não querer mais voltar aqui e vou de dar um pedaço da minha garra para olhar e pensar no quanto é perigoso se encontrar comigo.

Matilde que não era boba, saiu bem devagarinho de cima da pedra e foi para casa com um grande sorriso no rosto, porque ela tinha uma história pra contar e essa não era mentira!!!

Capítulo IV

Trabalhar e confiar: isso é necessário

Após o almoço gostoso, todos voltam ao seus afazeres na fazenda. Gertrudes e Cremilda saem juntas pastando um pouco da grama que encontram perto do riacho, assim aproveitam para beber bastante água por causa do sol quente que faz de dia.

No caminho encontram uma cobra e se assustam. A cobra olhou para elas e disse para não terem medo dela, porque ela não ia fazer nada contra as duas, mas para prevenir era melhor que elas não chegassem muito perto, pois o seu instinto podia ser fatal e ela é uma cobra que possui veneno muito forte.

Adelaide e Teobaldo estavam caminhando juntos por perto e ela disse que a cobra tinha razão, mas que em seus muitos anos de vida ela pôde estudar bastante e que por isso conhecia algumas ervas que podiam curar uma mordida de cobra peçonhenta. Teobaldo nem fazia ideia disso, porque sempre passava correndo pelas ervas e não se dava tempo para estudar. Por causa de não estudar, ele dependia sempre dos outros animais para dizer o que cada planta curava

Todos na fazenda têm um trabalho duro para conseguir a comida do dia a dia, pois o sustento da nossa vida só se consegue com muito esforço nos estudos e no trabalho.

Mabel e Godofredo estavam patrulhando o quintal naquela hora; atrás deles veio Genivaldo e Cremilda pastando quase todo tipo de planta que encontravam pela frente. Ao se encontrarem com eles a cabrita falou: - não tenho preocupação com as cobras porque o cheiro que sai do nosso casco consegue espantar esse animais venenosos.

Mabel disse: “-Mesmo assim Dona Cremilda, tenha cuidado, porque a cobra pode se sentir sem saída e morder você minha amiga”.

A própria cobra disse para os animais que alí conversavam que a cachorrinha Mabel tinha razão, e isso era seu instinto de defender-se de quem chegasse perto demais dela.

Depois desse encontro, cada um foi seguir seu caminho e com um aprendizado fabuloso: “É preciso estudar muito e trabalhar para conseguir o que se deseja. Sempre confiar no nosso esforço, porque um dia vai valer à pena.”

Capítulo V

Lua cheia, fogueira e causos

Ao chegar o pôr-do-sol todos os animais vão para suas casas, ninhos, cocheiras e outros locais de se dormir, cada animal dessa fazenda tem seu lugar de dormir.

Quando Oriosvaldo apaga as luzes da casa da fazenda, os moradores da fazenda se reúnem no centro do seleiro para contar suas histórias e causos que viveram durante o dia.

Na noite de hoje a vez de contar a história é da rãzinha (nome dela), que se prepara e vai até o meio do seleiro, mas fica longe da (nome da cobra) pra não ser engolida.

Então a rã começa a contar sua estória: hoje pela manhã eu estava agachada em cima da folha de água-pé quando ouvi um grito bem alto. Era um grito que vinha de dentro da floresta, tão alto e demorado que parecia que alguém tinha se machucado feio ou até mesmo visto o curupira.

Na mesma hora eu levantei e fiquei alerta, esperando pra ver se pulava na água ou ficava olhando o que se acontecia.

Ainda bem que não demorou nadica de nada pra eu ver o acontecido, senão eu acho que podia até morrer de curiosidade hahaha.

Vi naquele momento a Dona Matilde, vindo correndo do mato e segurando os dois lados da saia, cada lado com uma das mãos, para não atrapalhar seus longos passos na corrida. Atrás dela vinham muitas abelhas furiosas, um enxame enorme zunindo e como todas as abelhas doidinhas para picar Matilde, nos braços, no rosto e na bunda, por causa da saia que estava levantada.

No seu desespero, Matilde não pensou em nada, apenas veio correndo e pulou no meio da lagoa de água fria, mas limpinha. Após ficar alguns minutos dentro da lagoa, Matilde viu que as abelhas foram embora para reformar sua colmeia e logo saiu da água com seu embornal contendo três frascos de vidro com o mel que ela havia retirado da colmeia há uns minutos atrás.

Nesse mesmo instante chega no meio do seleiro, a Julia, uma onça pintada com suas unhas grandes e dentes afiados, mas que tem muito dó de matar os bichinhos da fazenda e por isso vive pedindo comida para os habitantes de lá. Então a Julia dá um rosnado bem auto para que todos prestem atenção nela e começa a contar o que viu.

Pessoal é o seguinte, vou contar o que vi hoje com a senhora Matilde. Eu estava deitada no capim hoje pela manhã, esperando o sol esquentar o mato e de repente eu vi a Dona Matilde subindo na árvore para pegar mel e colocar nos potinhos que ela tinha amarrados como barbante em volta da cintura.

Lá estava ela, sorrateira e ágil como um gato, ou melhor, como uma onça pintada, enchendo os potinhos com o precioso mel que as abelhas produziram. Após encher todos os três potinhos, as abelhas notaram que estava sendo levado um pouco do mel delas e todas as abelhas-soldado foram para o ataque, pois sabem que é muito trabalhoso sair de casa e ir até onde se encontram as flores para colher o néctar e produzir o mel.

Nesse momento a Senhora Matilde pulou da árvore ao chão, e caindo sem se desequilibrar, já saiu correndo para se proteger, mas no desespero começou a gritar por socorro, mesmo sabendo que ninguém poderia ajudá-la contra as ferroadas muito doloridas das abelhas. Quando avistou em sua frente o lago, não pensou em mais nada, a não ser em pular e ficar esperando debaixo d`água até que as abelhas-soldado voltassem para a colmeia delas.

Por isso eu garanto que o que a Dona Matilde fez, com certeza teria sido feito a mesma cousa por qualquer um dos que está aqui presentes hoje.

Com essa explicação, Dona Matilde agradeceu à Júlia e se despediu de todos, mas Júlia foi atrás dela sem que ninguém percebesse e pediu em troca da sua explicação, um pouco de comida da cozinha, pois como Matilde sabia, ela era incapaz de matar um bichinho para comer e poderia morrer de fome se ela negasse a comida para aquela noite.

Matilde estava muito agradecida e em troca disso, deu comida para a onça Júlia, que após comer voltou para sua toca na floresta que ficava à beira da fazenda Encanto do roncador.

Capítulo VI

Hora de dormir

Anoiteceu, com um arzinho frio e vento leve, trazendo o cheiro das folhas do eucalipto que um dia farão sombra para os animais se protegerem do sol forte.

Dona Flauzina sobrevoa o telhado da casa da fazenda, para depois entrar direto pela sua janela no pombal feito em cima do galinheiro.

Baltazar, Cremilda e Genivaldo só pensam em descansar e caminham para o celeiro da fazenda, onde o capim seco e esparramado pelo chão serve de cama.

Todos os animais vão para as suas casas e se deitam para dormir.

Gertrudes fala logo: - Vou dormir, porque acordo bem cedo, pois sei que o Oriosvaldo vem me ordenhar e ele vende o leite para comprar outras coisas para a fazenda, algumas para mim e outras para meus queridos amigos.

Já sei que os animais da floresta também tiveram um dia cansativo e estão em seus lares para descansar e dormir também.

Boa noite para todos vocês, meus amigos !!!!

FIM

Luiz Paulo Gouveia
Enviado por Luiz Paulo Gouveia em 29/09/2019
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