Brincadeiras na Infância


Lembro nitidamente dos deliciosos cheiros e brincadeiras da minha infância
São longínquas como o infinito céu azul, mas foram de extremas relevâncias
Deslizar nos barrancos sobre cascas de árvores, catar amorinhas maduras nos matos
Fazer fogueiras com cavacos para fazer comidinhas, empinar pandorgas e nunca usar sapatos
Morrer de medo de sapo, não se importar se já estava escuro, jogar bola na rua...
Andar na chuva, fazer barquinho de papel, soltar na valeta para ver se flutua...


Comer pão assado no forno, abrir as panelas e correr rápido como foguete, para fugir das boas palmadas
Essa era a realidade das famílias numerosas, os pais não davam conta de cuidar de tudo, eram muitas as criançadas.
Brincávamos ao ar livre e, às vezes até nos perigos, e os pais nem sabiam, só quando chegávamos embarrados
Cada folguinha que tínhamos, corríamos brincar um pouquinho, chegávamos acalorados
A natureza era a nossa maior aliada, com qualquer pedacinho de madeira inventávamos algo para brincar. Na época, era tudo o que tínhamos
Perto de minha casa um imenso rio, tinhoso e perigoso, uma mata fechada e cheia de bichos, não importava, na água brincávamos e cabanas na mata fazíamos...


Apesar das dificuldades, fantasiávamos e inventávamos mil maneiras para nos distrairmos
Com os amiguinhos muitas alegrias e estripulias, às vezes perigosas, mas na inocência da infância, só usufruímos...
Saudosas lembranças de um tempo que passou rápido e quase que despercebido para quem estava vivendo. Naquele tempo...
Hoje, na maturidade, percebo o quanto é necessário e importante permitir que as crianças brinquem muito, paralelo a isso também elas estarão vivenciando e aprendendo conforme seus momentos e as vivências contemporâneas.
São ciclos diferentes e conforme os tempos ocorrem mudanças, bastante significativas e instantâneas.

As crianças são um bálsamo para as almas adultas, devemos retribuir com muita proteção, cuidados, brincadeiras e respeitar os desenvolvimentos delas com harmonia e mais leveza. Que sejam significativas e com deliciosas brincadeiras...




Texto e imagem: Miriam Carmignan