Volta ao Mundo com Judith (XLIII)

Você já tinha ouvido falar em Tikopia? Eu tampouco, lhe confesso. E olhe que sou geógrafo formado pela UFMG em 1974 e embora nunca tenha exercido essa nobre profissão, já viajei muito, sobretudo nos mapas e atlases (pluralizo aqui sem saber da correção gramatical...) e sempre gostei da geografia, que cursei por puro diletantismo. Mas não tinha a menor noção do que Tikopia is all about.

Vamos lá: Tikopia, que faz parte do grupo insular de Salomão, é uma ilha de 4,7 km2, com 1.200 habitantes e seu formato cartográfico fá-la parecer a uma cabeça de cachorro. Sem as orelhas, claro. Na parte que corresponde à laringe e à faringe uma grande lagoa aproximadamente circular na cratera de um vulcão extinto...

Tikopia está a 1.100 kms de Fiji, a noroeste da Austrália. A presença humana na citada ilha é bem antiga, estimadaem torno de pelo menos 3.000 anos. Os espanhóis a descobriram em 1.606, ainda no auge das grandes navegações.

Densamente povoada, e embora bastante fértil, na produção de inhame, banana e taro gigante, além de pescado, a ilha estaria acima do limite de sua capacidade de auto-sustentação. E essa condição impõe uma série de restrições à população que se organiza tradicionamente em quatro clãs. Um dos sacrifícios mais pungentes, e naturalmente repugnantes, é no tocante ao controle de natalidade forçado.

E nesse contexto, o coito interrupto é prática comum e cada vez mais crescente entre os casais. Até o celibato é incentivado. Há casos extremos em que se reporta o assassinato de recém-nascidos (deixados de bruços, para se asfixiarem) para não se comprometer o equilíbrio demográfico precário da ilha.

Desembarcamos, ou seguimos viagem...?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 25/04/2020
Reeditado em 30/04/2020
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