"Juju" Sonhou com uma Fazenda Maluquinha


 
Estávamos almoçando num domingo em um restaurante bem agradável, a comida deliciosa. Trocávamos de guloseimas umas com as outras para experimentarmos o que cada uma de nós tinha escolhido de diferente no buffet.
Juju olhou para o que estava comendo e disse: - Vovó, eu sonhei com uma fazenda bem maluquinha!
-Como assim? Uma fazenda Maluquinha? Perguntou a Vovó!
_ É, Vovó! Naquela fazenda era tudo diferente. Os bichos estavam todos fora da casinha. Cada um fazia do jeito que queria e que achava divertido e engraçado. Eles estavam querendo enganar alguém! Não sei por quê! Mas alguma eles estavam aprontando.
-Veja só como estavam maluquinhos! Faziam tudo ao contrário!
-Como, ao contrário? Falou a Vovó: - Bicho é bicho!
Cada um tem suas características próprias. Seu jeito de ser! Uns rosnam, outros miam, outros cantam, outros latem, outros fazem cocoricó, outros piam, nadam, voam, pastam, comem milho, comem plantas, brotinhos de árvores, uns se alimentam de caças, ... e assim por diante.
Também, nas suas características físicas! Alguns têm quatro patas, outros têm duas, outros rastejam, saltam, pulam, correm, andam mais rápido, outros mais lentos”, ...
A Mamãe da Juju, que estava junto, também ajudava na explanação do comportamento dos animais numa fazenda.
Juju, então, com sua imaginação incrível, argumentou: - Mas é só um sonho, e sonho é de mentirinha, e cada um sonha o que quer.
-Os meus bichos eram todos maluquinhos.
Ela ria muito e falava sem parar. - Pense, Vovó, a vaquinha pulava amarelinha com uma perna só, e queria que o namorado dela, o boi, também pulasse.
O boi gostou da ideia e disse: - Eu só vou fazer isso se for com as duas patas.
-Tá bom, respondeu a vaca, feliz que o boi ia pular amarelinha com ela. E lá foram eles cantarolando e pulando
O galo, vendo aquilo, ficou encantado e pensou: - Se eles podem fazer isso, então, eu vou provocar a galinha. Vou achar um jeito que ela olhe para mim, e venha brincar comigo!
Pensou, pensou e disse: - Já sei, vou ficar de cabeça para baixo, virar cambalhotas e aproveito para olhar como elas fazem para botar os ovos. E assim o fez.
A galinha, quando percebeu a safadeza do galo, pensou: -Vou subir na árvore onde a macacada está, e vou botar ovos lá de cima, deixando quebrar bem encima daquele galo folgado. Combinou com as outras galinhas amigas dela e subiram na árvore.
De repente, foi só ovos caindo de todos os galhos da árvore, no danado do galo.
O macaco, que estava na árvore em que as galinhas haviam subido, ficou indignado com o atrevimento das galinhas em invadir sua árvore. Mas achou divertido e Pensou:
- Que malucas essas penosas! Eu também vou fazer as minhas macaquices. Mas, antes, vou até o galinheiro só para ver o que vai acontecer. Saiu pulando de galho em galho, com um cacho de bananas, subiu no poleiro delas, começou a descascar as bananas, jogando as cascas no chão e ficou esperando que elas viessem comer.
Quando começaram a picar as cascas de bananas, foi um esparramo só. Rolavam como se tivessem ensaboado uma lona de plástico no chão. Os pintinhos, por sua vez, achavam que suas mamães galinhas estavam brincando, e começaram a se jogar de cima do poleiro, e se jogavam nas barrigas de suas mamães galinhas.
As galinhas adoraram se rolar no chão com seus pintinhos. Então, pensaram: -Temos que fazer uma brincadeira gostosa com os porquinhos que estão lá no chiqueiro só se enlameando e comendo sem parar. Mal sabem eles que quanto mais comem, mais gordos ficam e não vão mais conseguir brincar rápido de tão pesados que vão ficar.
-Cocoricó... Então, pensaram:
-Vamos abrir a porta do chiqueiro e convidar eles para tomar banho no lago junto com os patinhos. -Como? Responderam suas amigas galinhas! - Porcos, não gostam de tomar banho! Vocês estão malucas?
-Isso mesmo! É bem isso que vamos fazer. Além de tomarem banho, vão nadar, andar de barquinho e se divertir com os peixinhos e os patos. Já aproveitamos para conversar com eles e fazer amizade.
E assim o fizeram.
Abriram o chiqueiro, soltaram todos os porcos junto com seus porquinhos e foram. Uns se jogaram na água, outros entraram no barquinho, cantavam, jogavam água para todos os lados. A dona porca, que era imensa, quando entrou na lagoa, foi um chuáaaaaa! De tão grande que era, fez voar patos para todos os lados. Era, Hochoc, hochoc, hochoc, quá, quá, quá, cocorocó, piu, piu,´piu. Uma confusão só! Ninguém mais sabia quem que imitava quem.
Juju falava: - Imagine, Vovó, o que aconteceu?
Não é que começaram a remar, a nadar, até que saíram do lago e foram parar, num pasto enorme, onde as ovelhas estavam pastando?! Pense no que estava acontecendo, vovó!
A ovelha mamãe pediu para tosquiar as amigas. Como fazia muito calor, estavam sentindo-se mal, com aquela lã enorme que fazia parte de seu corpo. Então, ela puxava os fios de lã das outras ovelhas e ficava fazendo tricô. E os porquinhos, como estavam molhados e com frio, iam vestindo as blusinhas.
Os cavalos, que também estavam no mesmo pasto, não se aguentaram e começaram a se rolar na grama de tanto relinchar. Foi demais! Adoraram as blusinhas dos porquinhos.
Os sons se confundiam. Não se sabia quem relinchava, quem cantava, quem voava, quem nadava, quem botava ovos, quem mamava, quem comia milho, quem comia pasto, quem andava com quatro patas, quem andava só com duas.
Na verdade, estavam todos reunidos, com muita alegria. Nunca tinha acontecido uma reunião tão gostosa, em que todos estavam juntos, no mesmo lugar. Pois viviam na mesma fazenda, mas, cada um no seu canto.
Quero dizer, no seu ambiente, com suas espécies, seus semelhantes. Viviam tão próximos, no entanto, muito distantes. Perceberam o quanto era bom brincar e se divertir com os outros animais que estavam juntos na mesma fazenda. Eram diferentes, mas podiam viver em comum. Aprendendo uns com os outros.
A Dona Coruja, que estava sempre calada e era muito observadora, tinha os olhos enormes e sempre abertos, disse:
-Vou falar no ouvido de cada um de vocês e tenho certeza de que vão acreditar em mim. Tenho uma ideia para que nós possamos ficar sempre unidos e nos proteger dos perigos. Mas temos que guardar segredo total!
Então, combinaram entre si e começaram a cochichar, falar nos ouvidos de cada animal diferente que tinha naquela fazenda. Foi uma corrente maravilhosa. Parecia que todos estavam se conhecendo pela primeira vez.
Uns se erguiam, outros se abaixavam, faziam gestos com as patinhas, com as asas, mexiam os rabos, abanavam as orelhas, faziam caretas... Enfim, cada um comunicava-se do jeito que podia. Todos os animais que faziam parte daquela fazenda tinham que saber do combinado e ficarem unidos pelo tempo em que fossem permanecer ali naquela fazenda.
Só tinha uma regra: Todos tinham que entrar na corrente e guardar segredo absoluto. Era uma brincadeira inteligente, saudável e dependia de cada um fazer a sua parte. No entanto, para que desse certo, o plano era secretíssimo entre a bicharada.
Foi uma agitação medonha. Se alguém visse aquilo que estava acontecendo, jamais imaginaria que era um grande e bem organizado complô, para o bem comum da bicharada. Só sei que nunca houve tamanha organização e união entre diferentes espécies de animais num só lugar.
Vovó e mamãe, que estavam ouvindo o sonho maluquinho da Juju, já estavam ficando agoniadas com tanto suspense que a menina estava fazendo em torno daquela maluquinha fazenda.
Então Juju falou:
- Sabem o que eles planejaram? Quando o perigo se aproximasse, teriam que imitar o colega. Ninguém podia emitir seu próprio som de comunicação.
Desta forma, cada um vai conhecer bem um colega diferente de sua espécie e imitá-lo. Quando o perigo se aproximar, saberá o que fazer.
Então, o cavalo, cocoricava, a galinha relinchava. O porco fazia, piu piu e o pintinho nhoc nhoc nhoc. O boi fazia béeeee, béeeeee e a ovelha muuuuuuu,muuuuuuu. O macaco comia milho e as galinhas comiam as bananas. Os patos ficavam no chiqueiro e os porcos na lagoa. As vaquinhas continuavam a pular amarelinha com uma perna só. As ovelhas só queriam fazer tricô e desfilar com suas novas blusinhas. O touro, por sua vez, sentou de pernas cruzadas num tronco enorme que tinha ali, e assobiava como um pássaro. A Dona Coruja, muito astuta, do alto de uma árvore, observava quando o perigo se aproximava e fazia sinal para que todos começassem a bagunça. Era muito divertido. Foi uma maluquice total!
Quando o dono da fazenda foi pegar um porquinho para fazer um belo e delicioso assado, levou um baita susto! Vendo aquilo, achou que ele é que estava maluco e pediu para sua esposa que o levasse para ver um médico. Achou que ele é que estava ficando maluquinho.
Os bichos rolavam de felizes com a brincadeira. Afinal, deu certo!

Então, depois de ouvirmos a história maluquinha da Juju, fomos nos servir da sobremesa. Havia uma torta de morangos, pudins e salada de frutas.
Mamãe e vovó, querendo entrar no sonho maluquinho da fazenda da Juju. Disseram:
-Minha torta tem gosto de pipoca!
E a vovó: - A minha tem gosto de vinagre! Faziam caretas para Juju.
Juju olhou bem séria e falou: - Azar é o de vocês! Eu adoro essas sobremesas, e se deliciava! Estou gostando muito da minha. Tem gosto de morangos. Vou comer mais. Bem feito para vocês. Querem imitar os bichos da minha fazenda maluquinha? Sonho é sonho! É só para enganar os adultos! É só de brincadeirinha! Querem que eu chame o médico?”










Texto: Miriam Carmignan
Imagem Google