Marchador

Quando eu tinha uns 11 anos me deram de presente um pinto, desses de granja foi rejeitado por uma criança que morava em um apartamento e a mãe alegou vários argumentos para não cuidar do bichinho.

Eu como sempre tinha muito cuidado e amor a ele então não deu outra ele se apegou a mim, sendo que ele cresceu muito rápido.

De pintinho amarelinho, trocou suas penugens por penas brancas, virou um pinto adolescente, mas não deixava de me seguir quando eu estava em casa, depois virou um rapazola, na casa tinha outros galos e galinhas no quintal, ele se dava bem com os outros bichos mas sempre que me via entrava em casa para me ver e andava atrás de mim, só que teve um pequeno detalhe nessa história ele tinha uma certa tendência a obesidade, ficou enorme e gordo, acredito que por conta disso ele andava parecendo que estava marchando daí demos o nome de marchador.

Percebi que ele já estava ficando lento, antes que ele morresse decidimos comê-lo num natal.

Eu nunca gostei de ver sacrificar aves, não vi mas tratar sempre gostei, água fervendo para mergulhar e tirar penas, fogo pra queimar os canos finos e por fim a abertura para retirar principalmente o fel.

Deu muito trabalho pois ele estava muito gordo, muita gordura principalmente envolvendo o coração e feliz ou infelizmente se não fosse nossa decisão em breve ele morreria!

Pode parecer falta de sentimentos da minha parte, mas não era, os meus pais decidiam por nós e assim ele virou o frangão do Natal.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 30/05/2022
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