BETINHO E LUÍSA, OS EXPLORADORES NO MUNDO DA FÍSICA - FOMOS CONHECER O TREM QUE FLUTUA
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Luísa confere direitinho a mochila. Tudo que ela precisa está lá: garrafinha de água, barra de cereal, escova de cabelo, kit de higiene, entre outras coisinhas. Não quer perder a hora para a excursão ao Rio de Janeiro.
É um passeio diferente. Junto com um dos pais ou responsável, um grupo de alunos vai conhecer alguns museus no Rio.
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Betinho também está ansioso. Acordou às 5h e já conferiu a mochila mais de dez vezes. Está sentado no sofá, olhando o relógio. As horas não passam. É a primeira vez que ele vai viajar ao Rio de Janeiro. Está bastante empolgado. É uma oportunidade de ver de perto algumas coisas que só via pela televisão ou pela internet.
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Enfim, às 8h o ônibus sai da escola, com destino ao Rio de Janeiro. Quinze alunos, acompanhados de quinze responsáveis adultos, e três professores compõem o grupo.
Betinho senta ao lado de Luísa e já começa a fazer planos:
- Acho que voltaremos de lá cheios de ideias para nossas pesquisas.
- Relaxa e curta a vista, Pequeno Alberto. Uma coisa de cada vez – zomba Luísa, como de costume.
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Algumas horas e cochiladas depois, o grupo chega ao Rio de Janeiro. A primeira parada é no Museu do Amanhã.
- Que museu massa! Olha só esta arquitetura, Betinho! Parece coisa de filme.
- De filme que se passa no futuro, tipo aquelas naves espaciais – responde Betinho.
- Deve estar cheio de alienígena aí dentro. Aposto 5 reais que sim! – brinca Luísa.
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Após verem exposições diferentes, vídeos e coisas de filme que se passa no futuro, eles fazem uma visita para conhecer o Maglev–Cobra, um incrível trem de levitação magnética por supercondutividade.
- É o trem que flutua? – questionou Betinho.
Um guia fez questão de explicar tecnicamente o funcionamento da máquina. Os olhos de alunos brilhavam. Os de Luísa e Betinho quase saíam para fora de emoção.
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O guia, um tiozinho de seus quarenta anos, de boné da Adidas, explica que o trem foi criado pela Universidade Federal e é o primeiro do mundo a transportar passageiros usando a tecnologia eletromagnética.
- É uma tecnologia que tem baixo consumo de energia e não polui o ar. Chega a 400 km por hora. É o trem do futuro! – explica o guia, com muito entusiasmo.
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Mais do que as palavras, o que impressiona a todos é o trem. Moderno, bonito, parece saído de filme ou de documentário. Luísa não perde tempo:
- Moço, o trem fica meio que no ar, é isso?
O tiozinho tira o boné, para secar o suor da testa, pensa um pouco e responde:
- Mais ou menos isso. É chamada técnica de levitação, é possível por meios eletromagnéticos – diz.
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Após saírem dali, Luísa e Betinho começam a projetar a próxima pesquisa:
- Vamos falar sobre energia eletromagnética, que acha? – sugere Luísa.
- E a gente usa o trem como exemplo. Acho que rola – responde Betinho.
- A Física e suas maravilhas no mundo moderno! Podemos começar assim, comigo, claro, usando meu charme – brinca Luísa.
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Uma pausa para a garotada tomar sorvete na praia. Nem só de museu vivem as crianças inteligentes. Luísa, com o seu de morango. Betinho, o de coco branco com chocolate.
- Vontade de dar uma volta naquele trem, voar sem estar em avião – diz Betinho.
- Mas vai ficar só na nossa imaginação, infelizmente – responde Luísa.
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Enquanto os outros meninos estavam aproveitando para pular as ondas do mar, em Ipanema, Luísa e Betinho começam a tramar os planos para montar a pesquisa, para fazer o vídeo e compartilhar com seu enorme público de 300 pessoas.
- O que sabemos sobre o funcionamento do trem? Que a energia eletromagnética é composta de ondas, como as ondas de rádio, mas com uma luz que dá para ver e se mover de forma muita rápida – ensina Betinho.
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- Parece coisa do século XXII, coisa que ainda está no futuro! Gostei disso – se empolga Luísa.
- Podemos começar assim: bem-vindos ao futuro, o trem que flutua já é uma realidade. Dê asas à sua imaginação! – discursa Betinho, subindo em cima de um banquinho da orla.
- Acho brega, muito brega, pelo menos a parte das asas da imaginação. Parece coisa de passarinho – responde Luísa.
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Betinho faz careta como resposta. Olha para Luísa e responde:
- Você é a rainha do brega, Luísa. Isso não deveria ser ruim para você!
- Assim você ofende o meu talento, rapaz - brinca Luísa.
- Acredito que podemos dizer também que a energia eletromagnética que faz o trem praticamente voar é a mesma que faz um aparelho de raios X funcionar, um microondas, e os aparelhos de rádio. Acho que fica mais completo.
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Luísa se mostra surpresa, e aproveita para fazer seu showzinho particular: sai correndo em direção ao mar.
Betinho fica sem entender nada daquela situação. Caminha calmamente em direção a ela e pergunta:
- Que bicho te mordeu, menina?
- Fiquei encantada com a informação, Betinho. E é de verdade – diz.
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- Quer dizer que as ondas de rádios também são um tipo de energia eletromagnética? Que louco isso! – exclama Luísa.
- Não sabia disso?
- Não! E estou feliz por ter aprendido algo importante hoje. E veio de você, Betinho. Isso é constrangedor – brinca Luísa.
- Engraçadinha – responde Betinho.
Como resposta, Luísa saiu botando a língua, como se estivesse brava.
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Pouco tempo depois, os professores decidiram que era hora de voltar para casa.
- Não podemos ficar mais um pouco? – quis saber Pedrinho, quase chorando.
- Não, querido, temos que voltar – responde a professora Marlene, com seu jeito calmo e doce.
- Que pena, que pena – respondeu Pedrinho, conformado.
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Dentro do ônibus, de volta para casa, Betinho foi conversando com Luísa sobre as ideias que estava tendo para montar o trabalho.
- Para o pessoal não ficar pensando que é mágica ou coisa assim, temos que explicar como o trem consegue flutuar, sem tocar nos trilhos – disse Betinho.
- Então, enquanto você estava ocupado com sorvete e coisas de criança, eu pesquisei e já tenho a resposta – responde Luísa, toda sorridente.
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Surpreso, Betinho arregala os olhos e quer saber.
- Então diz, mocinha.
- Aqui na minha pesquisa diz que há algo chamado linha guia, que cria um tipo de campo magnético que afasta os ímãs grandes que ficam embaixo do trem. Aí ele consegue ficar flutuando de 1 a 10 centímetros sobre os trilhos. E some no mundo, veloz – diz Luísa.
- Uau!
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A viagem seguiu com os dois bastante empolgados com a ciência e suas maravilhas. Mas como o dia foi bastante cansativo, eles foram vencidos pelo cansaço e acabaram cochilando na poltrona.
Além de Betinho e Luísa, o restante das crianças acabou caindo no sono.
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Mais ou menos uma hora depois, o ônibus para em um posto de beira de estrada, daqueles grandes.
- Quem quiser ir ao banheiro ou fazer um lanche, iremos fazer uma pausa de 15 minutos – anuncia o motorista, um senhor de óculos, com jeito de ser bem calmo.
Com o barulho de todos saindo, Luísa e Betinho acordam e também vão fazer um lanche.
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Comendo um pastel de frango com refrigerante, Luísa nota que Betinho está com cara de assustado.
- Que aconteceu? Está com cara de quem viu um fantasma – disse Luísa.
- Tive um sonho muito louco, sonhei que estava viajando no trem que flutua. Pareceu tão real – responde Betinho.
- Uau!
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Luísa fica realmente interessada na história do sonho de Betinho.
- Conta, conta – pede.
- No sonho, a gente, todos nós aqui, estávamos lá na estação do trem que flutua e o maquinista abriu a porta e nos convidou a entrar. Disse que ia nos levar para casa no trem, que seria rápido. E a gente foi – resume Betinho.
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- Mas não tem trilhos que ligue o ponto de lá até nossa cidade...- questiona Luísa.
- Mas no sonho era como se tivesse. Ou como se nem precisasse. Ele praticamente voava, nem era flutuação magnética mais – diz Betinho, caindo na risada.
- Acho que você ficou impressionado, Betinho. Dorme de novo para ver se o sonho continua.
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Entusiasmados com os pasteis e refrigerantes e mais ainda com o sonho de Betinho no trem que flutua, os dois jovens cientistas nem percebem que o ônibus está saindo.
Eles saem correndo, gritando e conseguem alcançar a porta a tempo.
- Quase que vocês ficam hein? – brinca o motorista.
- A gente iria voltar no trem que flutua, ia chegar primeiro – brinca Luísa, para não perder a pose.