BETINHO E LUÍSA, OS EXPLORADORES NO MUNDO DA FÍSICA - O ESPELHO QUE QUEIMOU UM NAVIO
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Enfim, chegou o período das férias. Betinho e Luísa, junto com seus pais, irão fazer um passeio de barco pelo rio Paraíba do Sul.
É um sonho bem antigo da família e que agora se torna realidade.
Betinho está muito empolgado para essa aventura e não consegue controlar a ansiedade, atacando a geladeira toda hora.
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Luísa, que já esteve em um barco antes, está mais tranquila. Mas também entusiasmada porque entende que é uma oportunidade de ouro para conhecer o rio pelo lado de dentro e se tiver sorte, ter inspiração para criar uma nova pesquisa para o canal no YouTube.
Passa o tempo lendo suas revistas em quadrinhos e conversando com amigas pelo WhatsApp.
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Chegou o grande dia! Após algumas horas de viagem de ônibus pela rodovia, enfim, o grupo de seis pessoas - Betinho e os pais, Luísa e os pais – chega até o porto, para embarque.
O enorme barco está ancorado, pronto para percorrer o rio e seus mistérios.
- Que aventura maneira! – exclama Betinho, com o coração acelerado.
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Luísa também está emocionada. Mesmo não sendo a sua primeira vez em um barco, ela está bem curiosa com tudo e vai registrando em vídeos e fotos o momento do embarque.
- Virou blogueirinha agora? – zomba Betinho.
- Estou fazendo ciência, rapaz! São registros para nossa pesquisa – responde Luísa.
- Que pesquisa? Estamos apenas passeando...
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Luísa se aproxima da beirada do barco e faz uma selfie, com o rio ao fundo.
- É um passeio sim, mas como cientistas que queremos ser, claro que vamos encontrar um jeito de fazer uma pesquisa. A gente sempre faz isso com tudo – diz Luísa.
- O pior é que você tem razão, a gente sempre faz ciência, até nas diversões – responde Betinho.
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Todos se acomodam em seus lugares, sentados, prestando atenção às palavras do comandante, que está falando sobre as regras de segurança do barco.
O comandante é um homem já velho, com cara de avô, com barba branca e usa um quepe na cabeça, o que dá a ele um ar de autoridade maior daquele barco.
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O barco parte e todos ficam maravilhados com o momento. A sensação de conhecer algo novo, ver novas paisagens. Seu Roberto, pai de Betinho, está tirando diversas fotografias, inclusive selfies.
- Chega aqui, Betinho, vamos fazer uma selfie – pede.
Betinho faz pose e aproveita para também fazer alguns registros.
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Algum tempo depois, já bem distante da cidade, em meio à natureza, Betinho procura Luísa.
- Já tem alguma ideia para montarmos nossa pesquisa?
- Antes de vir eu li algo que me chamou a atenção. Parece uma lenda, mas que acho que vale a pena investigar – responde Luísa.
- Pois diga, não me deixe curioso.
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Para aumentar o clima de suspense, Luísa abre a bolsa e tira um espelho. Retoca a maquiagem, confere como estão os olhos e continua com o espelho na mão.
- Já dei a pista, agora é com você – diz ela, tentando parecer misteriosa.
- Não entendi nada. A menos que você esteja pensando em fazer um tutorial de maquiagem – brinca Betinho.
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Luísa balança a cabeça em sinal negativo, senta num banco na beirada do barco e começa a explicar com calma:
- Vou desenhar para você, pequeno Alberto! Segundo a história antiga, um inventor grego de nome Arquimedes usou espelhos para refletir a luz do sol e queimar navios dos romanos durante uma guerra. Isso há mais de 2 mil anos.
- Sério? Isso aconteceu? – questiona Betinho, surpreso.
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Vendo que Betinho não sabia dessa informação, Luísa aproveita para atuar como professora. Sobe no banco, levanta a mão direita e começa a explicar, como se estivesse na sala de aula.
- Então, alguns dizem que é lenda, outros dizem que é fato. De qualquer forma, é algo interessante, porque usa a ciência para queimar um navio. Sem usar fogo, só com o reflexo do sol – explica Luísa.
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Betinho fica em silêncio, dá algumas votas em torno de Luísa e exclama em tom teatral:
- Eureca!
- Ficou louco, rapaz? – zomba Luísa.
- Eureca é um termo que os gregos antigos diziam sobre alguma ideia, alguma descoberta, entendeu? – explica Betinho.
- Saquei!
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- Mas não me diga que está com a infeliz ideia de queimar o navio usando meu espelho?! – brinca Luísa.
- Acho que queimar o nosso próprio navio, com a gente dentro, não seria algo muito inteligente da nossa parte – diz Betinho em tom de brincadeira.
- Ufa, menos mal. Estou aliviada, eu não sei nadar – brinca Luísa, se abaixando para olhar o rio.
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Os dois ficam olhando o rio de cima do barco. Jogam algumas pedrinhas na água, em silêncio, como se estivessem pensando.
Após alguns minutos, Betinho quebra o silêncio.
- Como vamos mostrar que a luz do sol refletida num espelho pode queimar um navio?
- Não precisamos queimar um navio, só mostrar que é um fenômeno físico, que gera calor – responde Luísa.
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Luísa tira o espelho da bolsa de novo, pega uma folha de papel e se vira para Betinho.
- Já temos nossa matéria-prima, agora só falta o sol ficar mais quente.
- Vamos testar a teoria usando seu espelho e uma folha de papel A4? – quer saber Betinho.
- Esqueceu do mais importante: vamos fazer isso dentro de um navio, quer dizer, de um barco.
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Luísa, como se tivesse uma revelação, lembra Betinho de um detalhe:
- Esqueci de dizer que os espelhos usados por Arquimedes para queimar navios eram côncavos. Fui ver no dicionário o que significa: é curvado para dentro. Tem que ser assim.
- De qualquer forma não temos a intenção de fazer um incêndio no barco – brinca Betinho.
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Betinho pega o celular e começa a fazer uma pesquisa, para ver se consegue ter alguma ideia boa. Ele se depara com uma notícia que chama a sua atenção.
- Vi aqui uma notícia de 2013 que a luz refletida pelo sol nos vidros de um prédio na Inglaterra derreteu partes de um carro, que estava estacionado perto. Que loucura! – exclama Betinho.
- Isso mostra que o velho Arquimedes estava certo – diz Luísa, vaidosa.
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Vendo que a filha estava com aquela expressão de quem teve uma ideia luminosa, a mãe de Luísa, dona Marta, já vai adiantando:
- O que vocês estão pensando em aprontar?
- Só uma experiência de queimar um navio usando a luz do sol e um espelho, nada de mais, mãe – brinca Luísa, mas com o espelho na mão.
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Dona Marta conhece bem a filha, sabe que pela ciência, ela é capaz de aprontar algumas travessuras.
- Nada de fogo por aqui, meninos. Vocês podem usar a teoria, explicar, mas não acho boa ideia vocês queimarem nada por aqui – bradou.
- Mas mãe...
- Nada de fogo, ponto final – diz, energética dona Marta.
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Betinho fica ouvindo e observando, sem falar nada.
- E agora, Betinho?
- Você ouviu sua mãe, nada de fogo, nada de Arquimedes, nada de navio afundando – brinca Betinho.
- É o fim, snif snif – brinca Luísa, simulando choro.
- O fim nada, vamos contar a história de Arquimedes e explicar. Temos o barco, temos o espelho. Galera vai entender o motivo.
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Luísa concorda, mas tem uma condição.
- Mas eu vou ser a estrela principal do vídeo, você filma e eu vou explicando, como a atriz de Titanic, toda plena.
- Pode ser, é justo. Vamos escolher um ângulo bom do barco, com uma vista boa do rio e você explica tudo para nosso público. Por favor, faz humor também, deixa leve – ensina Betinho.
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Luísa, usando o espelho, arruma o cabelo, confere a maquiagem, escolhe um lugar que seja bom e começa a ensaiar alguns gestos teatrais.
- Estou pronto para filmar, quando quiser é só falar – avisa Betinho.
- Nasci pronta, Betinho – brinca Luísa, em sua pose de sempre.
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Após algumas tentativas que não certo, enfim, eles terminam o vídeo.
Luísa, como sempre, mandou bem. Explicou com sabedoria e bom humor.
No minuto que eles terminam o vídeo, escutam a voz de dona Marta ao fundo, gritando.
- Pelo amor de Deus, vê se não coloca fogo neste barco, hein, menina!