NINA E RICO (cordel infantil)

 

 

Diziam no reino dos bichos,

Em altos brados e cochichos,

Que Nina, a cobra feiticeira,

Todas as noites de sexta-feira

 

Rastejava na direção do buraco

Onde vivia um rato meio fraco

E sonhava alegre a cobra Nina

Abocanhar o ratinho na surdina.

 

Mas os falatórios e os cochichos

Espalhados pelas bocas dos bichos

Chegaram aos ouvidos do ratinho

Que era fraco, mas muito espertinho.

 

Pensando em escapar de tal destino

Rico, o rato, murmurava: É desatino

Mas enfrentarei de peito a situação

E se tudo der certo será a salvação.

 

E numa noite escura de sexta-feira

De bote preparado estava a feiticeira

Defronte a entrada da toca de Rico

Que tremendo enfrentou o risco

 

De ser abocanhado imediatamente

Dizendo: Nina, indubitavelmente,

Você é a mais esperta das cobras

Sei porque conheço as suas obras.

 

Mas de que obras falas grande tolo?

Não me venhas querer fazer rolo

Pois estou aqui para o banquete

Antes que sumas como um foguete.

 

E foram chegando bichos curiosos

Para testemunharem atenciosos

O desfecho de disputa tão perigosa

Entre o ratinho e a cobra ansiosa.

 

Rico disse, falando forte e bem alto:

Uma corrida em direção ao planalto.

Nina pensou: Vai ser fácil, moleza.

Dou-lhe um bote certeiro de surpresa

 

E esse rato atrevido já era. Fim do Rico

Nem choro nem vela, nem triste eu fico.

Enquanto planejava o seu bote certeiro

Ela não viu o ratinho Rico sorrateiro

 

Saindo da toca em desabalada carreira

E parando esbaforido na enorme clareira

Disse: Adeus Nina, cobra feia e perigosa

Reconheça que foi uma derrota amargosa.

 

E a partir desse dia, Nina, a cobra feiticeira

Que vigiava Rico nas noites de sexta-feira

Aprendeu a grande lição que a vida ensina:

Nem sempre o forte vence o fraco.

 

07/11/22

(Maria Hilda de J. Alão)