A MAQUIAGEM DO SAPO LELÉ (cordel infantil)

 

Na beira da azulada lagoa

Toda tarde um sino soa:

Venham, venham que é hora,

E bicho nenhum ignora,

 

De muitos gritos e risadas

De tapas e muitas patadas

Só para ver o sapo Lelé

Tentando tirar do pé o chulé.

 

Ser um belo rei ele sonha

Da sua aparência tem vergonha

E não ouve o amigo sapo Felipe:

Sapo não vira rei nem príncipe!

 

Determinado a realizar o sonho

Chegou à lagoa todo risonho

O sapo que queria ser belo.

Pôs um chapéu amarelo

 

E esmagando um fruto vermelho,

Lembrou do amigo e do conselho,

E sem piscar iniciou a maquiagem

Pensando em grande homenagem.

 

Esfregou todo o corpo e a cara,

Os bichos gritavam: para, para!

Mas Lelé não estava nem aí

Dizendo: quero ser bonito, e daí?

 

Terminada a horrível maquiagem

A coruja que vivia entre a folhagem

Disse: Olhe-se no espelho da água

E de mim não guarde grande mágoa:

 

Está feio, pior do que era antes.

Beleza e títulos não são importantes

Importante é ser você mesmo, Lelé.

Emergindo da água, Chico o jacaré

 

Disse, lamentando a escolha do sapo:

Não vejo no amigo um único fiapo

Do amigo Lelé que eu conhecia

E esta figura vermelha deprecia

 

Os sapos verdes desta lagoa.

A fala de Chico não foi à toa

E para terminar a triste aventura

Lelé livrou-se da horrível pintura

 

Mergulhando na lagoa cristalina

Voltando com a amiga Durvalina

Na forma em que Deus o criou.

Perdão, amigos! Ele lamuriou.

 

Moral: Não queira ser aquilo que você não é ou passará vexame.

 

15/11/22

(Maria Hilda de J. Alão)

(histórias que contava para o meu neto)