A SAGA DA FORMIGUINHA

 

 

Depois de muita labuta, a formiguinha foi se deitar. Cansada observou uma pequena crosta de neve que carregava no pé. Aconchegada dormiu olhando para ela. Ao acordar, observou que o sol havia  derretido a neve. Inconformada, foi falar com o astro:

 

- Sol, tu és tão valente! Derrete minha nevinha que eu carrego no pé.

 

O astro respondeu:

 

- Se eu fosse valente a nuvem não me cobriria.

 

Ela resolveu ir atrás das nuvens:

 

- Nuvem tu és tão valente que cobre o sol que derrete minha nevinha que eu carrego no pé.

 

- Se eu fosse valente, o vento não me tangia.

 

E ela:

 

- Vento tu és tão valente que tange a nuvem que cobre o sol que derrete a nevinha que eu carrego no pé...

 

O vento:

 

- Se eu fosse tão valente a parede não me barrava.

 

Então:

 

- Parede tu és tão valente, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol que derrete a nevinha que eu carrego no pé...

 

- Se eu fosse valente o rato não me furava...

 

- Rato, tu és tão valente, que fura a parede, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol que derrete a nevinha que carrego no pé...

 

- Se eu fosse valente, o gato não me comia...

 

Chegou ao gato:

 

- Gato tu és tão valente, que come o rato, que fura a parede, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol, que derrete a nevinha que  carrego no pé...

 

- Se eu fosse valente o cachorro não me batia...

 

Assim:

 

- Cachorro, tu és tão valente que bate no gato, que come o rato, que fura a parede, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol, que derrete a nevinha que eu carrego no pé...

- Se eu fosse tão valente o boi não me açoitava...

 

Ao boi:

 

- Boi tu és tão valente que açoita o cachorro, que bate no gato, que come o rato, que fura a parede, que barra a nuvem, que cobre o sol, que derrete a nevinha que eu carrego no pé...

 

Então o boi:

 

- Se eu fosse tão valente o homem não me matava...

 

Chegando ao homem:

 

- Homem tu és tão valente, que mata o boi, que açoita o cachorro, que bate no gato, que como o rato, que fura a parede, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol que derrete a nevinha que eu carrego no pé...

 

E o homem:

 

- Se eu fosse tão valente, Deus não me matava...

 

Depois:

 

- Deus tu és tão valente, que mata o  homem, que mata o boi, que açoita o cachorro, que bate no gato, que come o rato, que fura a parede, que barra o vento, que tange a nuvem, que cobre o sol que derrete a nevinha que eu carrego no pé.

 

Deus:

 

- Sou tão valente que vou mandar uma galinha te comer!...

 

E veio uma galinha e a devorou

 

Moral: Não lute por algo que não lhe pertence... Pois no final, verás que tudo é vento. Aceite as bênçãos, e seja grato pelos momentos bons que são-lhe proporcionado.





                                                    26/01/08

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 27/01/2008
Código do texto: T834635
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