CARRINHOS ENVENENADOS

CARRINHOS ENVENENADOS

*

Maria de Fatima Delfina de Moraes

*

Cansou de pedir:

- Ah! Compra papai!

- Compra um carrinho pra mim!

*

O seu pai com voz rude, vocifera:

- Já não há o comer!

- Já não sei o que fazer!

- De onde tirar o sustento para não vê-lo morrer?

*

O menino em soluços,

num cantinho do quarto muito triste,

chora baixinho...

*

Não entende, aos cinco anos,

porque não poder ter o carrinho

igual ao da caixinha mágica

que todos chamam de TV.

*

Quando vem da escola,

fica em frente à caixinha

na loja de mercadorias,

com os quais só pode sonhar.

Admirado, vê a Corrida passar...

*

Pede ajuda a um amigo,

e usando a fantasia,

começam com muita alegria,

o seu sonho construir.

*

Com algumas latinhas trabalham

e com arame e oito rodinhas

de tampinhas Pet em desuso,

com todo carinho constroem enfim

os carrinhos que um dia ele viu na TV.

*

Ah! Ficaram uma beleza!

*

O transeunte pergunta:

- Onde está o motor que não consigo ver?

E o menininho, responde:

- Aqui, oh!

- Rooooooooommmmmmmmm!

Rio de Janeiro - Brasil

Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 11/04/2008
Reeditado em 23/03/2022
Código do texto: T940946
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