MENINOS DA ROÇA
Cap. XXI

Continuação...

_ “Buongiorno, signora!”

A mulher olhou-o com cordialidade e respondeu:

_ Bom dia “seu” Frederico! 

Zico e Menina olharam surpresos um para o outro. Então era isto o que faltava. Era a chave do medo. Resolutos, falaram quase ao mesmo tempo:

_ Ele tem nome, vovó? O “seu” polonês tem nome?

Ninguém respondeu.
 
Menina sentiu-se traída e com raiva. Mais uma vez os adultos a decepcionavam com a odiosa mania de ocultar coisas simples, como o nome do polonês. Eles fizeram de propósito, pensou ela. Até mesmo uma pessoa estranha como o polonês, se tivesse um nome, não causaria tanto medo.
 
Como se não tivesse importância o que os netos haviam perguntado, Siá Doninha quis saber o que havia acontecido. Por que é que eles haviam chegado ali, trazidos pelo polonês.

Com muito esforço, Frederico, o polonês, explicou que seus cachorros pressentiram a presença de estranhos, próximos a sua casa. Temendo tratar-se de seus inimigos alemães, ele saíra para verificar e encontrara as crianças que choravam muito.
 
Nesse instante, Antônio chegou. Ao vê-los, sãos e salvos, abraçou-os. Depois, o alívio de vê-los salvos, deu lugar à raiva. Ameaçou-os com castigos pelo susto que dera a ele e aos homens que estavam na lida. 

Então Menina ficou sabendo que o tio estivera à sua procura, desde que ouviram os disparos na mata. O tio era seu herói. Nunca a deixaria em situação de perigo como a que passara.
 
Liviva, a irmã do meio, substituíra o medo inicial pela curiosidade. Agora queria saber como tudo ocorrera com eles. Menina fez-se de rogada e respondeu que só queria tomar banho. Maria, a querida empregada, encarregou-se dos dois. Em meia hora, estavam limpos e se alimentando.
 
Frederico, o polonês, ficou sabendo que o motivo de toda aquela gente na chácara, era pra ajudar no plantio das cepas de mandioca. Enquanto almoçava, ele ofereceu-se para o trabalho. Assim, naquela tarde e no dia seguinte, ele ajudou no mutirão. E enquanto trabalhava, em nenhum momento lembrou-se dos alemães que apavoravam sua solitária vida. 

A conquista da amizade do estranho e sofrido homem, foi o fato mais comentado por muito tempo, no casarão.

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Obrigada por terem lido até aqui.
Este é um dos episódios do meu livro ainda inédito: A MENINA DA CHÁCARA, título provisório. O livro trata das aventuras vividas por Menina e seu irmão Zico, em 23 animados e, alguns assustadores, episódios. 

Hull de La Fuente

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 19/05/2008
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