Diario de Uma Nova Vida Parte 15

Diário de uma Nova Vida Parte 15

Sai de casa soltando fumaça. Já estava se tornando patético vagar pelas ruas a cada problema. Não agüentei e tive que dizer tudo que estava engasgado aquele filho da puta que se intitula meu pai. Não precisa dele para nada mesmo! Ele que enfiasse a porcaria de mesada onde bem entendesse. Ainda tinha que aturar aquela sanguessuga da minha tia. Talvez a rua pudesse ser minha nova casa. Pelo menos as pessoas não iriam encher minha cabeça com asneiras. Nunca mais pisaria meus pés naquela casa.

Andei por umas duas horas passando por mendigos, cães vira-latas, ratos e batedores de carteira. Como num velho filme clichê ou em novelas de cujo social. Que saco! Esse mundinho fedorento e cheio de gente feia não era para mim. Afinal aquela casa também era minha e pelo menos Deus ou o que quer que seja me compensou por ter nascido nessa bosta de família. Se o “senhor dono da moral e da verdade” achava que ia se ver livre de mim estava muito enganado. Ele que se mudasse porque o apartamento é meu e nele permanecerei.

Antes de voltar precisava relaxar e resolvi passar na casa do Salsicha e repor meus estoque de balinhas, que já haviam acabado. Do outro lado da rua uma senhora foi atacada por três pivetes que levaram uma sacola encardida que chamava de bolsa e a derrubaram no chão. Nem me mexi, já tava com tanto problema e mais um não ia melhorar em nada o meu dia. Quem mandou sair de noite? Ainda mais naquela idade, pediu para ser assaltada e ainda quer se fazer de coitadinha. Encontrei com o Salsicha e gastei meus últimos centavos na encomenda mas, valeria a pena. Gastaria a grana que fosse para não ter que lembrar os meus dias. Não resisti e pus uma bala na boca. A sensação é indescritível, me deu até vontade de ir para balada, mas, lembrei que não tinha mais dinheiro.

Fui para porta da boate e a fila estava enorme. A hostess me olhou dos pés a cabeça. Sei que sou o sonho de consumo de qualquer mulher: bonito, alto e tenho o abdômen definido, mas, me encarava por causa dos meus trajes. Estava de bermuda e camiseta. Freqüentava direto aquele boate com o Alex e meu nome sempre figurava nas listas. Percebi quando ela fez sinal para os seguranças apontou para mim. Uma vadia que se acha superior só porque tem em mãos uma porcaria de uma lista. Que se foda! Não preciso dormir com o dono da boate como ela para ter grana para comprar roupas de grife. Continuei na fila para ver o que a vadia iria falar. Ia desmoralizá-la na frente de todos ou ela pensava que não sabia dos seus podres. Estava ansioso e minha adrenalina em alta.

Chegou minha vez e os seguranças aproximaram-se da porta. Encarei-a de frente. Ela deu um sorriso sarcástico e disse que meu nome não estava na lista e que não poderia entrar. Exaltei-me e preparei-me para fazer um escândalo, quando ouvi:

- Ele está comigo! Pode liberar a entrada.

Guto Angélico.

Guto Angelico
Enviado por Guto Angelico em 21/08/2008
Código do texto: T1138829
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