As Aventuras de Nick James 2 - Nick James e um crime no condomínio

Nick James e um crime no condomínio

Certa noite, Nick James estava em um dos seus habituais treinos de tiro (que são feitos nas janelas do seu apartamento) quando ouviu um grito de socorro. Calmamente deduziu que ele provinha do apartamento logo abaixo do seu, devido à proximidade do som.

Mais do que depressa, desceu a escadaria do prédio até o andar de baixo e ouviu um barulho de alguém correndo, mas tropeçou na barra do casaco e nem mesmo conseguiu ver quem estava fugindo. Sendo assim, foi ver dona Helena, a moradora do apartamento de baixo, provavelmente quem havia gritado.

Ao entrar no apartamento, que recém tinha sido saqueado, Nick James pôde ouvir uma arrancada brusca de um carro (o do fugitivo, é claro) e viu dona Helena agonizando com uma faca friamente cravada no peito.

— Dona Helena! Dona Helena! Fale comigo! Por favor, aguente firme!

Mas ela não resistiu, e morreu. Nick James ficou profundamente sentido.

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Somente Nick ouviu o grito da agora falecida, pois o resto dos moradores do prédio, que se resume ao vizinho do térreo, havia viajado com a família. Sendo assim, trancou a porta do apartamento e telefonou para a polícia chamando um legista, mas não encontraram ninguém à disposição naquele horário. O jeito foi entrar novamente no apartamento e procurar alguma pista que o levasse ao assassino.

Depois de algum tempo procurando, Nick James achou uma passagem para o voo das dez horas do dia seguinte. Rapidamente trancou a porta do apartamento e foi para casa, pois já sabia o que fazer: levou consigo a passagem para o exterior e no outro dia ficou vigiando a porta do apartamento de dona Helena desde as sete da manhã.

Mais ou menos às nove horas apareceu ali uma moça de óculos escuros que Nick não custou a descobrir quem era: Débora, sobrinha de dona Helena, de quem a pobre senhora falava tão bem. Débora forçou a maçaneta da porta:

— Droga! Alguém esteve aqui. Deve ter-me descoberto. — e fugiu correndo. Nick James logo foi atrás dela, pois tinha sacado o lance.

Na rua, com o carro da tia, Débora arrancou ligeiro, e Nick, que não tinha condução própria, pegou o primeiro táxi que apareceu.

— Depressa! Siga aquele Opala! — apontou ao motorista, que pelo jeito era desses que estão acostumados a correr no trânsito, pois na mesma hora meteu o pé no acelerador e saiu voando baixo.

Entre costuras, guinadas bruscas e muitos sinais vermelhos ultrapassados, Nick James, nervoso, pensava em qual seria o cruel motivo que levara Débora a cometer tal brutalidade contra a sua doce titia. Bem, isso não importava muito no momento: os dois carros já estavam na rua que dá acesso ao aeroporto e Nick pensava por que a moça teria ido ao aeroporto se estava sem a sua passagem (pobre Nick. Tudo bem, até mesmo os gênios tem suas horas de idiotas). Então o Opala parou diante de uma barreira policial.

Débora saiu do carro correndo e tentou fugir, mas Nick James pegou-a de surpresa e algemou-a.

— Aonde você pensa que vai, minha prenda?

— Você vai me pagar, seu idiota!

Então a moça foi levada à delegacia para um interrogatório, onde usou seu direito ao silêncio e nem sequer abriu a boca.

Enquanto isso, Nick James e um recém encontrado perito em datiloscopia coletavam impressões digitais na faca usada no crime. Telefonaram para a família da vítima (um primo de 3º grau que pouco se importou com a notícia) e, com as provas já devidamente coletadas, voaram para a delegacia. Nick James depôs ao delega, que logo recebeu as digitais testadas e comprovadas. Débora teve sua prisão preventiva decretada, e, como estava ali mesmo, foi presa.

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Depois foi rápido: Débora teve direito a advogado como todo o mundo, mas o juiz declarou que as provas eram irrefutáveis, e ela foi condenada a 20 anos e só então confessou que matou a tia porque soube que seria a única herdeira de suas propriedades.

Mas Nick desiludiu-a porque a própria dona Helena disse a ele que os únicos bens que possuía eram o mobiliário do apartamento, que era alugado, e o dinheiro que guardava debaixo do colchão. Suas propriedades, duas pequenas chácaras, tinha vendido pela metade do preço a agricultores que trabalhavam lá.

A moça quase enlouqueceu:

— Quer dizer que a minha herança será um monte de móveis comidos por cupins e dinheiro do século passado?

— Querida, o crime não compensa, você deve saber.