[Original] The Simple Plan - Capítulo 3

Já tinha se passado um mês desde a chegada dos irmãos Mendes a escola. Eric já estava se adaptando bem a tudo e a todos, inclusive ao quarteto que formávamos, éramos uma família e tanto.

Eu recebi uma mensagem via Bluetooth de Johnny dizendo para eu ir à sala onde ele estuda com urgência. E eu fui deixando meus três amigos conversando sobre futebol. Andei pelo corredor e tive o desprazer de ver Carolina e Eduardo conversando bem na entrada da sala.

– E como anda o estômago, Paolla? - Ela perguntou, balançando seus ridículos cabelos loiros. E ele, (eu já disse que não gosto dele?) o insolente lançou-me um suspiro entediado. O que eu fiz pra ele me odiar?

– Isso não é da sua conta, querida. - parei na frente deles e ignorei o olhar de Eduardo. – Com licença.

– Hum, Paolla? - Ele chamou, forçando-me a olha-lo. Fora a primeira vez que nos olhávamos tão de perto. Eduardo era um pouco mais alto que eu, ao contrario de Eric, que era do meu tamanho.

– O que é Eduardo? Vai me jogar o que agora? Pedra? - Perguntei, cruzando os braços e jogando a trança que eu havia feito em meu cabelo pra trás. Ele riu. O MALDITO RIU! Eu contei piada?

– Não.

– O que é então? - perguntei, preparando-me para socar aquele babaca.

– Nada, esquece. Você esta viva, se tivesse morrido, ou quase chegando lá eu pediria desculpas! - Ele aumentou o tom de voz, aquele MOLEQUE ABUSADO DE NOME EDUARDO MENDES AUMENTOU A VOZ PRA MIM!

– Ô MOLEQUE? - Eu gritei apontando o dedo na cara dele. Carolina se afastou com um sorriso de malicia. – QUAL É O SEU PROBLEMA?

– O meu? - Ele perguntou, fazendo-se de cínico. – Você que é LOUCA! Eu ia te pedir desculpas, mas que se exploda você.

– PEGA AS SUAS DESCULPAS E ENFIA NO...!!

– EPAAAA! - Johnny intercedeu, parando entre mim e o abusadinho. – Sem descontrole, Paolla. E você também, Dudu.

E eu finalmente entrei, mas controlando a minha respiração. Como esse garoto me irrita.

De quatro coisas eu tenho certeza:

1ª Eu odeio definitivamente esse garoto.

2ª Nada, mas nada mesmo mudará isso.

3ª Ele me odeia também, eu não sei por que, mas me odeia.

4ª E eu vou descobrir o por quê.

Cheguei na sala atrasada pois o assunto com Johnny durou mais que um intervalo, entrei e o professor Cacá sorriu, ele era um cara maneiro.

– Paolla. Que prazer você por aqui! - Ele disse, começando a escrever sua matéria que obviamente era a minha preferida, português.

– Desculpa professor!

Ignorando o olhar dos mal-amado da minha sala, eu sentei-me ao lado de Eric, que me olhou interrogativo.

– Tive a impressão de ter ouvido gritos seus.

– Eu estava discutindo com a peste do seu irmão, e não me pergunte o porquê.

E ele não perguntou, só que em seu rosto havia um certo prazer em saber que eu discuti com Eduardo.

(...)

– Paolla!! - Estávamos na ultima aula, Eric tinha acabado de voltar do banheiro. A aula era de história. – Pô, você não pode me negar isso!

Breno me lançou um olhar de malícia. É um idiota esse daí.

– Huum... Já chegaram a esses extremos? – Eu dei um pescotapa nele. – Ai, doeu.

– Negar o que? - Perguntei, olhando para Eric.

– Vai ter aula de dança aqui na escola, vamos fazer?

– Ha, há, há! Não! Eu sou toda dura. - E era verdade, eu sou péssima em dança.

– Por favor!!!

Ah, começou a sessão torture uma amiga que se sente atraída por você... PARTE I

– É pra dançar o que? - Perguntou Tiago.

– Dança de salão. – Respondeu Eric, só que olhando pra mim.

– Ai...! – Gemi baixinho.

– Por favor? – Insistiu, com a carinha mais neném do mundo. Impossível resistir.

E não teve jeito, eu infelizmente não conseguia negar nada para ele.

(...)

O primeiro pensamento que tive ao chegar em casa e ouvir minha avó ouvindo Janis Joplin no último, foi o mais racional de todos: Ela é louca.

– VÓ! - Gritei, vendo-a dançar feito uma minhoca eletrocutada. A velha tem mais energia que qualquer adolescente.

– O QUE É CACETE?? - Eu bufei e desliguei o rádio. – Chata demais...

– Pelo o amor... Se fosse algo mais punk. - Ela revirou os olhos, velha abusada. Mundo abusado, ta parei. – Preciso fazer um comunicado.

– Você esta grávida?

Minha avó realmente é uma mulher cômica, não sei por que a Globo não a chamou pro Zorra Total.

– Engraçadíssima, só que não... - Baixei a cabeça, temendo a reação dela. Decidi então falar tudo rapidamente, me pouparia de perguntas difíceis. – Fareidançaaulasalaode.

– O cu de quem? - Suspirei. – Fala direito menina!

– Eu farei aula de dança de salão na escola.

A risada que ela deu fora mais alta que os gritos de Janis Joplin.

– Vó, é sério.

Apoio moral pra que mesmo hein? A matusalém continuou rindo. Com raiva, eu saltei do sofá.

– Desculpa. – Ela não conseguia se controlar. - Desculpa... Bacana Pam. Quem é o menino?

– Oi?

– Ah qual é? Sou velha, mas não burra.

Percebe-se, né...

Eu desviei o olhar, e comecei a assoviar, nervosa.

– Menino? Que menino? - perguntei, forçando um sorriso amarelo.

– Pela barba do Raul Seixas, vou sentar porque to vendo que hoje será um dia daqueles... – E ela se sentou no sofá e cruzou os braços, impaciente.

– Ta!! Você venceu!

Difícil morar com uma avó que conhece você dos pés a cabeça. Difícil, muito difícil.

(...)

Ao contar a minha avó toda a história sobre Eric, ela ficou em silêncio, apenas me olhava sem dizer nada.

– E você gosta dele? - Ela perguntou, quebrando o silêncio.

– Sim.

– E ele?

– Não sei.

– Hum, tudo bem. Espero que você não se decepcione. Esse garoto me pareceu pouco confiável.

– Por quê?

– Ele namora, Paolla.

Eu não respondi nada, ela foi pra cozinha e eu subi pro quarto, pensativa.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 30/10/2010
Reeditado em 18/02/2022
Código do texto: T2586613
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.