Alexandria - Capítulo 3

A investida mercenária

Enquanto Aline sumia a passos largos em meio a multidão, Cássio e Jorge andavam em direção à parte litorânea para que o visitante pudesse vislumbrar a estação eólica da qual as pessoas da vila falavam com tanta alegria.

- Interessante a maneira como a vila de vocês é estruturada. – Elogiou Cássio se identificando com o patriotismo evidente ao seu redor.

- É verdade. – Respondeu Jorge orgulhoso. – A vila foi criada pelo meu pai e pelo nosso líder, o mestre Silas. Não é bajulação viu? Ele é um homem muito sábio, e mostrou isso na prática muitas vezes.

- Eu sei. A vila de vocês também foi criada durante a época da Guerra das Alvoradas Vermelhas? – Perguntou Cássio sentindo os cabelos levitarem com a força do vento que vinha do mar.

A Guerra das Alvoradas Vermelhas durou dezoito meses. Ganhou esse nome porque os impiedosos inimigos sempre agiam durante a madrugada, atacando soldados e civis sem distinção, e quando amanhecia, no campo de batalha, a visão era sempre a mesma – cadáveres espalhados numa quantidade assombrosa e o chão ensopado de sangue, o cheiro de morte no ar era sufocante. – Os inimigos enfrentados nessa guerra era uma legião mercenária gigantesca, passando de mais de 3 mil mercenários muito bem equipados, não dando qualquer chance para as tropas das grandes cidades. O amanhecer era sempre manchado de sangue em alguma vila ou cidade.

- Sim. Meu pai e o mestre eram soldados da mesma companhia. Meu pai era soldado de arco-longo, e o mestre soldado médico. Quando os inimigos estavam se aproximando da frente do meu pai, ainda havia muitos civis na vila que seria atacada no dia seguinte. O comandante deixou que os civis se virassem sozinhos para deixar a cidade, então meu pai e o mestre desobedeceram as ordens juntos com outros soldados para salvar os civis. Foi nessa mesma noite que Joel de Sá, aniquilou quase todos os inimigos, sozinho. – Contava Jorge diminuindo o passo como se estivesse vendo os fatos.

- Os adultos contavam e recontavam essas histórias na minha vila. A gente não cansava de ouvir e imaginar aquela noite... – Disse Cássio sentindo-se mais confortável.

– Meu pai conta que era uma noite chuvosa, como se o céu chorasse por nosso destino. As tropas da Legião vieram do horizonte como uma grande tromba d’água, rugindo como lobos e fazendo o chão sob nossos pés tremer. Era uma visão aterradora, de deixar qualquer um desacreditado. Quase meia-noite, se aproximava da cidade uma besta multiforme, faminta para engolir toda a cidade, quando inúmeras descargas elétricas trovejaram no meio deles, como se os céus os castigassem. Mas os lampejos não vinham do céu, vinham do chão, do meio deles, e foi se tornando cada vez mais intenso, até explodir em uma descarga feroz que fez o ar arrancar as árvores ao redor, o mesmo lugar onde hoje fica a estátua de Joel de Sá.

Da direção norte, correndo desesperadamente tropeçando em si próprio, vinha um jovem de cabeça raspada sujo e com o olhar atarantado.

- Olha ali. – Disse Cássio vendo o jovem que corria.

- Hey Jonas! Jonas! Chega aqui cara, vem aqui pra... – Terminou Jorge sem graça pela desatenção que acabara de ganhar.

- O que será que ele tem?

- Vamos descobrir. – Disse Jorge olhando curiosamente para o corredor.

Os dois então foram atrás do jovem de cabeça raspada.

O mercenário autodenominado pelo nome de Carcará, ainda sentia a sola do coturno de Arthur pressionar seu tórax sem nenhuma delicadeza, apenas o suficiente para não quebrar nenhuma costela. O estranho tossia exaustivamente como se algo líquido o atrapalhasse na respiração e na fala.

- Acho bom você cooperar comigo mercenário, pois dificilmente errarei um disparo dessa distância. – Disse riscando a ponta do dardo no pescoço do Carcará.

Um pequeno filete de sangue saiu do arranhão provocado pela ponta do dardo, mas o invasor se mantinha indiferente, se concentrando apenas em se desfazer do empecilho que travava sua garganta.

- Não seja tão petulante, garoto. – Disse uma voz meio rouca por trás da máscara negra.

- Você está procurando pelos garotos? – Perguntou Arthur com o tom sério e irrepreensível.

- Não estou interessado neles, e sim no... ahh, ahh... – Dizia agonizando por causa da queda. – Droga... – Falou desfalecendo, deixando a cabeça cair de vez, rolando para o lado esquerdo.

- Morreu? – Pensou dando um tempo até verificar seus sinais vitais.

Arthur segura a crossbow com a mão direita para pousar os dedos no pescoço do Carcará, ainda com o pé sobre o seu peito. Antes que ele conseguisse, o inimigo reagiu puxando sua arma e a lançando para longe. Arthur tenta ir atrás de sua arma, mas é agarrado e lançado com um chute do seu adversário que o arremessa na parede de uma casa simples de varanda com uma parte desmoronada.

- É o que dá baixar a guarda levianamente, garoto. – Riu o Carcará jogando seu corpo com as mãos para cair de pé numa rapidez admirável.

- Como você pode ser tão forte?! – Perguntou incrédulo pousando a mão sobre os peitos, comprimindo-os para diminuir a dor.

- Não estou interessado em você, mas se continuar me interferindo terei que te matar. – Afirmou limpando com as mãos a poeira da capa sem olhar para o adversário.

- Como não está interessado em mim? O que você quer afinal?

- Não é da sua conta, apenas saia do meu caminho.

- Sinto muito, mas não devo obediência a você, mercenário. Você não passa de um verme que sobrevive da desgraça alheia.

- Você odeia tanto assim os mercenários, garoto? – Perguntou virando-se totalmente para o rapaz que se levantava ainda mantendo a mão sobre o peito.

- Mercenário é sinônimo de desgraça, e ninguém gosta de desgraça.

- Certo, deixarei você pegar sua arma. – Insultou relaxando os braços.

Em passos calmos, Arthur se virou para pegar a arma. Após recarrega-la, mirou na direção do oponente, que se mantinha firme e calmo.

- Pode vir quando quiser, acabarei com isso rápido.

A crossbow é direcionava para a cabeça dele, mas após respirar o ar que ainda faltava para recuperar os pulmões, Arthur levantou a mira mais acima e começou a fazer disparos para longe.

- O que você está fazendo? – Perguntou surpreendido pela atitude de Arthur.

- Não vou me armar contra um homem desarmado. – Disse jogando a crossbow no chão após dar seis disparos. – Lutarei com você de mãos limpas.

- Que ingênuo, pois agora eu irei matar você pela sua tolice.

Os dois então iniciam uma luta apenas com punhos, mas rapidamente Arthur percebe que existia uma grande diferença de habilidade entre eles. O estranho se movia com a destreza de um gato, como se ele pudesse antecipar seus movimentos. O Carcará desviava facilmente das investidas de seu rival.

- O que houve? Perdeu a confiança? – Perguntou o mercenário num sorriso seco.

Era como se o Carcará fosse impenetrável, nenhuma investida de Arthur se concluía. Sem paciência para esperar, o mercenário imobiliza o braço direito de Arthur. Tentando revidar, lança seu outro punho cerrado na face do oponente, mas também é interceptado, ficando com os dois antebraços presos, forçados contra suas costelas. Por maior que fosse a força que ele empenhava para se livrar, ele notava que era inútil. Carcará, pressionando mais ainda o corpo do jovem, projeta seu corpo para trás, voltando em carga, tirou seus pés juntos do chão e acertou o tronco de Arthur, soltando seus braços e impulsionando com toda sua força contra ele. Arthur caiu rolando como um trambolho sobre si mesmo, enquanto o Carcará utilizou o impulso do golpe deferido, salta para trás girando verticalmente sobre seu corpo até aterrissar sobre seus pés.

- Espere, aonde pensa que vai, não deixarei você... – Disse Arthur gemendo de dor.

- Vai fazer o que, garoto. Você não consegue mais nem ficar de pé. – Interrompeu.

- Droga... – Resmungou Arthur sendo puxado para o chão por causa da dor.

O Carcará acelerou o passo e pulou sobre as casas subindo para os prédios mais altos como uma pulga. Era como se tivesse molas biônicas nas pernas.

Jorge e Cássio competiam para se aproximar de Jonas, que corria como um animal selvagem de seu predador. Eles já haviam retornado à praça central, sendo difícil se mover com rapidez tendo tantas pessoas como obstáculos.

- O que será que aconteceu? – Perguntou Cássio ainda confuso.

- Será se é o que estou pensando que é? – Pensou Jorge preocupado.

- Ei! Ei! O que foi que vocês viram pra correr com tanta pressa? – Perguntou Aline se colocando na frente deles para que parassem.

- O Jonas, ele saiu correndo pra casa do mestre... – Justificou-se Jorge dobrado com as mãos no joelho para recobrar o fôlego da corrida.

- Os mercadores estão reunidos na casa do mestre, vai ver ele está atrasado. Eles devem está discutindo o sucesso da última jornada. – Explicou ela como uma expressão de surpresa por ter de explicar algo tão óbvio. – Acorda Jorge!

- Tá bom, tranqüilo... – Relaxou ele por pouco tempo. – Espera aí, o que é que... – Disse pensativo olhando para o tronco de madeira de quatro metros fincado no meio da praça, onde as pessoas treinavam pontaria com crossbow.

- O que foi o quê? – Perguntavam juntos seus amigos.

- Aline, eu preciso ir ver uma coisa, pode ficar com o Cássio?

- Como assim? Aonde você... Jorge! Aonde aquele menino tá indo?! – Reclamou Aline sendo deixada por ele que corria para a direção das ruínas.

No tronco usado de alvo, haviam vários dardos presos de tamanhos e cores variados, mas o que chamou a atenção de Jorge estava um pouco mais acima em destaque – Três flechas presas alinhadas na vertical e com o mesmo grau de inclinação, como se elas tivessem sido disparadas de longe, do alto e do mesmo lugar.

Em um salão dentro da casa de repouso, vários homens com as mesmas vestes dos sentinelas estavam reunidos ao redor de uma longa mesa de madeira nobre marrom, em cima da qual pousavam papéis, mapas, livros, comida e outros objetos diversos. A parede era decorada com quadros diversos de paisagens, pessoas e um antigo mapa da vila antes da 3ª Guerra, tendo também marcas de infiltrações no forro e algumas rachaduras que cruzavam as paredes.

Na ponta da mesa o Mestre Silas mantinha-se firme de pé com seu jaleco com as mãos no bolso, discutindo com os companheiros.

- Parabéns Rony e o bando pela última jornada, dessa vez nós conseguimos. Hoje estaremos dando um grande passo para o progresso da vila. – Comentou Silas com a mesma expressão contente e acalentadora de sempre.

- E isso aí, dessa vez foi pra valer! – Comemoravam os companheiros dando soco de leve no ar ou se cumprimentando.

- Agora precisamos falar sobre os dois garotos da vila que resgatamos. – Disse Rony sem a mesma euforia dos colegas. – Os mercenários que atacaram a vila dos dois jovens que encontramos. Receio que esteja começando tudo de novo... – Disse olhando para o infinito como quem tem uma lembrança.

- Dá a entender que os mercenários resolveram se organizar novamente... – Observou um mercador magro de vista espantada e cabelos revoltos.

- E esse ataque foi bem parecido com aqueles no tempo da guerra, sempre pela madrugada, de surpresa. – Dizia Rony com os braços cruzados na sua cadeira olhando sério para o Mestre.

- As antigas alvoradas de sangue... Mas mesmo que eles consigam achar nossa vila, eles terão de passar pelas ruínas para chegar aqui. Podemos matá-los antes que nos encontrem. – Observou o Mestre.

- Vamos manter a calma, os sentinelas estão a postos a qualquer sinal de invasão. – Esclareceu Rony descruzando os braços com visível cara de preocupação.

- E quanto aos garotos? Será mesmo que não são espiões? – Perguntou preocupado um homem vestido para atravessar o deserto apenas sem a proteção do rosto.

- Dei ordens para quatro sentinelas ficarem apenas de olho nos movimentos de Cássio, e avisar qualquer movimento estranho seu. Meu filho está mostrando a cidade pra eles, e até o presente momento ele se comportou normalmente. – Explicou o chefe dos mercadores.

- E quanto ao ruivo? Mestre, aquele que está ferido. – Perguntou outro mercador que possuía uma cara de intimidar qualquer um, tinha um timbre naturalmente grave e suas feições assemelhavam-se a de um touro.

- Talvez amanhã ele esteja em melhores condições. Ele perdeu muito sangue, estava à beira da morte. Se ele não tivesse sido encontrado, com certeza morreria. – Disse o Mestre sorrindo em tom de alívio pela sorte do garoto.

De repente, a porta de madeira com detalhes de ramos gravados por xilografia fez a porta tremer, junto com os corações de todos na sala que quase pulara fora com o susto. A porta dupla se abriu, deixando passar Jonas que tentava falar tudo de uma vez só.

- Mestre, chefe, mercenário! Tem um mercenário nos arredores das ruínas, ele estava desacordando todos os sentinelas em seus postos. – Parou puxando novamente o fôlego. – O Arthur está lutando com ele.

Rony se levantou da cadeira a arrastando para longe enquanto todos faziam o mesmo, pronto para socorrer os companheiros. O Mestre finalmente mostrava preocupação em seu semblante no qual o temor e a dúvida parecia não conseguir penetrar. Era um homem fervoroso.

- Alô, na escuta? Alô? – Dizia um tentando fazer contato usando o rádio pendurado na orelha. – Senhor, todos os sentinelas dos postos estão com os rádios desligado. – Dizia olhando para Rony que tentava não se mostrar aflito pelo perigo ao qual o filho poderia está exposto.

- Vão atrás deles. Temos sorte de que todas as pessoas da vila estão reunidas em um mesmo lugar. Darei ordens entre os homens para se prepararem e não incitar pânico. Façam o possível para barrar esses mercenários, pois certamente, esse que foi visto pelo Jonas, não está sozinho. – Advertiu o Mestre levantando a mão para que os homens não saíssem correndo da sala. – Farei o discurso normalmente, enquanto isso faça o possível para barrá-los. Agora vão. – Disse sério, dando sinal para que saíssem.

Jorge ia seguindo na direção de onde as flechas vieram, e ia encontrando outras pelas ruas mortas das ruínas sempre em esquinas. Ele parava e olhava até ver outra flecha, e continuava a trilha. Após algum tempo correndo, começou a ver rastros pelo chão – provavelmente eram as pegadas de Jonas. – Continuou seguindo até ver marcas grandes pelo chão, indicando sinais de luta. Jorge parou e observou os rastros, tentando imaginar as cenas, sem muito sucesso. Na varanda de uma casa de detalho parcialmente caído, um gemido cortava medonhamente o silencio. Jorge foi seguindo devagar na direção, tomando cuidado.

- Jorge... Jorge... É você? – Dizia uma voz familiar meia atrapalhada.

- Arthur? O que você faz aí? Você se feriu? – Perguntava ele confuso com a situação.

- Venha para cá se esconder, tem um mercenário rodando pelas ruínas.

- O que?! Do que você está falado?!

- Pelo visto você seguiu meu sinal de socorro, estou salvo. – Riu Arthur tossindo, pressionando o tórax. – Tenho sorte de ter um irmão tão esperto.

- Foi você que me disse que três objetos alinhados é universalmente sinal de socorro, por isso vim correndo, você é o único que tem uma pontaria tão alta na vila, ninguém mais conseguiria acertar três flechas alinhadas de uma distância tão grande.

- Você entendeu direitinho Jorge.

- Onde está seu rádio?

- Estou sem, deixei no posto da torre norte na última vigília.

- Eu vou lá pegar então. Estamos mais pertos de lá do que da vila, com o rádio posso avisar todos de uma vez.

- Está ficando maluco? Esse mercenário é forte, ele pula sobre os prédios como se tivesse foguetes nos pés. Por que você acha que estou tão mal?! – Repreendeu Arthur seu irmão levantando um pouco o tronco do chão. – Esse cara não é normal!

- Esqueceu que eu sei andar pelos atalhos? – Sorriu Jorge armando a crossbow do irmão. – Consigo facilmente passar sem ser visto.

- Tudo bem, mas tome muito cuidado para não ser visto!

- Eu terei, vou pegar o rádio e chamar por socorro. – Disse saindo, deixando Arthur sozinho, deitado na varanda da casa com o telhado caído que o ocultava.

Do alto de um edifício largo revestido de vidros escuros, o Carcará flutuava firme à ventania. Admirava a extensão do deserto e as ruínas que pareciam emergir da superfície, como se fossem icebergs da areia. A noite era iluminada pelo clarão da lua cheia, que parecia atenta àquela figura tão enigmática.

- Alô, onde vocês já estão? – Perguntou o Carcará com a mão do lado do rosto, baixando levemente a cabeça.

- Estamos bem próximos da entrada, já terminou seu trabalho? – Perguntou a voz ainda se atrapalhando com a própria saliva, vindo do rádio.

- Sim, está tudo limpo. Estou em cima de um prédio escuro e largo, com janelas de vidros.

- Hmm, acho que estou vendo você, estamos na direção certa então.

- Ótimo. Todas as sentinelas foram neutralizadas, vocês podem passar pela entrada que estou indicando sem nenhum problema. Eles espalharam muitas armadilhas pelos outros caminhos, essa é a via segura.

- Tudo bem, aguarde nossa chegada.

A transmissão foi encerrada.

- Vocês não vão fazer nada! Renda-se. – Disse Jorge aparecendo milagrosamente armado com uma crossbow de arco longo e um rádio na orelha.

- Hã? Quem é agora? – Perguntou irritado o Mercenário se virando com a capa.

- Sou Jorge, irmão de Arthur, e não deixarei você sair daqui!

- Não vai é? Hahaha! Você realmente não possui noção do perigo mesmo, garoto.

O Estranho em apenas um pulo voou por cerca de cinco metros e parou bem em frente ao garoto, ainda em sua posição de ataque, apontando o dardo. O garoto foi recuando devagar até topar com o beiral do terraço. Eles estavam a uma altura de oito andares do chão. O Mercenário o acompanhava calmamente, sem relevar nenhuma intenção de atacar, apenas movido pela curiosidade de ver até onde o garoto iria com aquilo.

- Se der mais um passo, você cairá. – Advertiu o Carcará.

- É mesmo? – Riu Jorge se entregando a imensidão da queda, atirando dois dardos na direção do Carcará enquanto despencava.

Os dardos passaram muito perto do inimigo, mas ele desviou como se tivesse decorado suas trajetórias, sem derramar uma gota de adrenalina. O jovem arqueiro já tinha sido engolido totalmente pela escuridão. Por um instante tudo estava em silêncio novamente. O Carcará ficou confuso, olhava recurvado para baixo sem ver nada além da escuridão do chão. Jorge ainda em queda-livre, mantinha a atenção, era necessário habilidades cirúrgicas com aquela rota de fuga, qualquer erro significava morte certa. Olhando para a parede de vidro, observava as janelas quebradas. Assim que acabasse a trilha de janelas estilhaçadas, faltaria apenas dois andares para a rota de fuga, que permitia apenas uma tentativa de segurar a tiro-lesa presa a um cabo de aço em declive, que levaria a um prédio próximo.

O mercenário se desconcentrou ao ver as flechas se partir em ganchos, formando garras, que começaram a ser puxadas por um fino fio que só era perceptível apenas contra a luz. As flechas se agarraram no beiral do prédio, e seus fios tensionados para baixo. Jorge pôde amortecer a queda dando alguns pulos sobre as vidraças do prédio até alcançar a tiro-lesa.

Marcos Paulo Silva
Enviado por Marcos Paulo Silva em 21/10/2011
Código do texto: T3289215
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