A MÁQUINA DO TEMPO - PÁG. 7

"Sou Beatriz". Sua voz doce e cristalina é como uma melodia aos ouvidos de Josef. Seria uma cantora lírica? Talvez...

Ela percebera a inquietude quase tímida de seu admirador e, em seu íntimo achava tudo isso muito divertido.

Josef ajudou-a a sair do cilindro de metal, que foi responsável, em parte, pela preservação do seu corpo e metabolismo. Sua alma manteve-se intacta graças à preservação da moradia. Ao sair do porão e passar pelos cômodos percebera que estava só e que se passara quase trezentos anos. Seus pais não estavam ao seu lado, não havia mais carroagens, as roupas e a moda mudaram.

O jovem tomou coragem e disse à musa:

- Permita-me dizer, quando vi pela primeira vez sua imagem estampada num quadro, senti meu coração bater mais forte. E ele bate por ti.

- Você aparece em meus sonhos... Enquanto dormia naquele cilindro, sonhava com um homem jovem que beijava um retrato.

- Quando cochilava costumava sentir seu perfume, sua temperatura, sua presença. Parecia real. É indescritível. Procurei uma cigana, um antiquário e um alquimista a fim de encontrar uma luz para esse mistério.

A moça olhou pela janela e percebeu que os tempos eram outros. As mulheres vestiam-se como se fossem montar à cavalos. Máquinas de metal transportavam as pessoas. O vilarejo crescera e havia mais casas comerciais e mais pessoas nas ruas. Voltou-se para a sala de estar e percebeu num canto uma engenhoca: a máquina do tempo. Finalmente disse ao rapaz:

- Se tens amor por mim, então venha comigo rumo ao passado, para que possamos pedir autorização aos meus pais. Venha, voltemos ao passado, para viver nosso amor em sua plenitude.

Precisava pensar... A cigana não lhe disse nada a esse respeito... O alquimista tinha o elixir da juventude eterna (provavelmente, Beatriz bebera dele)... O antiquário ajustara a máquina... Talvez pudesse trazer os pais e os criados da moça para a época atual.

- Você não me respondeu. O que me diz de voltarmos para o ano de 1730?

- Preciso pensar... Mas você também pode considerar a hipótese de trazermos seus pais e seus criados para nossa época. Podemos viver em 2012.

Agora era Beatriz quem precisava pensar. Ninguém queria ceder, mas, se fora preservada e mantida viva por quase trezentos anos, isso não se dera por acaso ou em vão. Talvez devesse mesmo se manter no século XXI. Poderia aprender muito com as modernidades.

Enquanto decidiam quem iria ceder, resolveram conversar um pouco para se conhecerem melhor.