Biscoito Estrelado - Capítulo III

Capítulo III A Preparação da Festa

Debruxa tirou o frango do forno, fez um gostoso suco de maçã e juntou-se aos amigos. Os 3 almoçaram juntos e conversaram durante a refeição, cada um contando um pouco de si, mas o assunto principal era a festa de Madréa. Assim que acabaram de comer, foram arrumar a casa.

Pequetita que era uma excelente bruxa de cozinha, ficou responsável pela comida. Debruxa que adorava inventar coisas para chamar a atenção, foi cuidar da ornamentação da festa. E Beringelo que era especialista em tecnologia, ficou com a parte dos efeitos especiais.

- Pequetita, não se esqueça do bolo de macarrão. - Lembrou Debruxa.

- Estou nele agora, Debruxa.

- Bolo de Macarrão? -

- Sim senhor Beringelo. É o preferido de nossa amiga Madréa. Se não tiver o bolo de macarrão em sua festa, a festa não será dela!

- Eu nunca comi esse bolo.

- Comerá hoje.

- Hum... E o bolo de macarrão da Pequetita é inesquecível. A Pequetita é a rainha da cozinha!

- Ora Debruxa, deixe disso, - respondeu Pequetita, ficando vermelha com o elogio da amiga.

E assim, as 3 criaturas passaram a tarde toda preparando a festa de Madréa. E quando tudo ficou pronto, o lindo chalé da profa Minerva Mc Gonagall, adquirira um ambiente pra lá de festivo, faltando apenas, é claro, os convidados. O Chalé, que tinha dois andares, estava todo circundado por Vaga-lumes acrobatas, convidados de Pequetita a pedido de Debruxa, para ajudar na ornamentação. Beringelo adaptou um sistema à cordinha da sineta de esqueleto, que assim que fosse puxada por Madréa, ao mesmo tempo que os Vaga-lumes acrobatas situados na sacada do andar de cima formassem a frase Bem vinda a sua festa de aniversário, Madréa, um coro de passarinhos localizados no jardim, entonariam um sonoro feliz aniversário. Na sala do chalé, havia uma enorme mesa com um gigantesco bolo de macarrão com molho laranja. A toalha da mesa foi delicadamente bordada por Pequetita com fios coloridos de cabelo de anjo.

Em cima do bolo, Debruxa encantou as letrinhas de uma sopinha de macarrão para que ficassem grandes e flutuantes, e escreveu: Viva a Madréa! Os docinhos foram colocados delicadamente por Pequetita em

forminhas de macarrão de lacinho, que flutuavam dentro de bandejinhas em forma de barquinhos que estavam cheios de geléias e molhos temperados. Todas as lâmpadas do chalé foram ornamentadas com espaguetes coloridos que se balançavam com o som da música, a medida que as luzes piscavam. Debruxa encantou alguns tatuis bolinha para que ficassem enormes e os coloriu, pendurando em seguida nas paredes. Colocou um outro encantamento dentro deles, que por mais que Pequetita e Beringelo insistissem para que ela contasse de que se tratava, ela alegou ser surpresa e manteve-se calada a cerca desse assunto. Haviam também, as talhatinas, que eram vários rolinhos de talharim que seriam distribuídos com a finalidade de serem lançados como serpentinas. A bebida seria servida em cubos de macarrão parafuso, que foram devidamente aumentados para o tamanho de copo.

Na parte de trás da casa, onde se estendia um grande terreno gramado, foram colocadas mesinhas no formato de barquetes debaixo de cada árvore, deixando o centro do quintal livre para a dança. Em cima de cada mesinha, haviam réplicas em miniatura da mesa principal da festa. As árvores, assim como toda a volta do chalé, estavam lotadas de vaga-lumes acrobatas que iluminava animadamente o ambiente.

- Uau! Isso ficou de mais! - Falou Debruxa, rodopiando pela sala.

- Pelas barbas de Merlin! - Gritou Pequetita.

- O que houve? - Perguntou um assustado Beringelo, que quase levou um tombo de cima da escada que colocara para dar a última conferida no sistema de som.

- A vela!

- Minha nossa Pequetita, esquecemos da vela!

- Sim, e agora?

- Calma, - tranqüilizou Beringelo. - Quando enviei o e-teiro para a profa Caviglione Gonagall, ela me avisou que traria a vela, pois é tradição de família.

- Ufa! - Suspirou Pequetita. - Que bom!

- E os garçons? - Perguntou Debruxa. - Você entrou em contato com eles, não é, Beringelo?

- Não.

- Não?

Gritaram apavoradas, Debruxa e Pequetita.

- Calma bruxinhas, vocês são muito afobadas! A profa Caviglione Gonagall também disse que trariam os elfos da cozinha de Hogwarts.

- Uau! Mas essa festa promete! - Gritou Debruxa, voltando a dar seus rodopios.

- Bem, - Continuou Pequetita. - Precisamos nos arrumar então, Debruxa.

- É verdade, Pequetita, em breve os convidados estarão chegando.

- Sim, e as mocinhas, como é bem típico de todas as raças femininas, precisam de um bom tempo para essa parte. - Concluiu Beringelo, descendo da escada para checar os ampplificadores.

E dessa forma, Pequetita e Debruxa subiram para o quarto para se arrumar, enquanto Beringelo, perfeccionista que só, continuou checando tudo.

Horas mais tarde, Pequetita e Debruxa desceram para, juntamente com Beringelo, esperar, os convidados.

Pequetita vestiu uma blusa branca cigana e uma saia vermelha, com a barra toda bordada com brilhantes pedrinhas prateadas. Calçou um tamanquinho vermelho com detalhes de pequeninos cometas prateados. Seu cabelo estava preso em um bonito rabo de cavalo, com um laço vermelho escrito com letrinhas de pedrinhas prateadas, para combinar com a barra da saia e o tamanquinho, Viva a Madréa! Sua pedra protetora, o rubi, pendia de seu pescoço, e usava várias pulseirinhas brancas e vermelhas de pedrinhas, que faziam barulho quando ela gesticulava.

Debruxa optara por usar um vestido preto. Este era de alcinha com um grande decote nas costas que mal aparecia, visto estar de cabelo solto. O vestido ia até um pouco abaixo do joelho, terminando na barra com vários garfinhos prateados, que Beringelo chamara de penduricalhos. Calçou um sapato preto com detalhes de minúsculos garfinhos prateados. Como detestava prender o cabelo, colocou uma tiara prateada com arames brilhantes formando a frase Viva a Madréa! Assim como Pequetita, usava seu amuleto, uma pedra de esmeralda pendurada no cordão em seu pescoço, e várias pulseirinhas com garfinhos pendurados para combinar com a barra da saia, e que também fazia barulhinho quando esta se movia.

As bruxas adoravam esse tipo de coisa, barulhinhos, brilhinhos e muitos mais inhos que pudessem colocar em suas roupas.

Beringelo, como não era acostumado a ir a muitas festas, e nem tão pouco usava os tais inhos em sua roupa, só vestira sua capa roxa de cetim. Pequetita se encarregou de escrever atrás da capa Viva a Madréa com brilhantes letras prateadas .

Assim que terminou, ouviram ao longe um som de trovão, que foi aumentando gradativamente, até que não conseguindo mais suportar o ruído infernal, cada um tratou de dar um jeito para proteger seus respectivos ouvidos. Pequetita enfiou sua linda cabecinha dentro de uma panela, enquanto Beringelo correu para o quintal, a fim de se esconder dentro do buraco de seu pé de beringela. Debruxa, atordoada do jeito que estava, só pôde pensar em enfiar seus dedos dentro do ouvido e ficar girando, produzindo um ruído, que misturado com o barulho lá de fora, atingiu Pequetita e Beringelo, que haviam conseguido até então, impedir que aquele som vindo do inferno os alcançasse.

E subitamente o barulho acabou. Pequetita e Debruxa correram para frente do chalé, enquanto Beringelo lutava com sua capa que havia se prendido num galho de árvore.

Mal as bruxinhas chegaram no jardim, abafaram um grito de surpresa. Parada, bem ali na frente do chalé de Debruxa, se encontrava uma gigantesca carruagem que era puxada por elefantes alados, provavelmente pertencentes a família do Dumbo.

- É a carruagem do corpo docente de Hogwarts!

Exclamou Pequetita.

- Nossa, mas que evoluída Hogwarts teve! Adquirir uma carruagem dessa magnitude!

- Até parece que você não conhece a tia Caviglione, Debruxa. Depois que ela passou a ser a coordenadora de Hogwarts, a escola melhorou bastante!

Nesse momento, desceram da carruagem de uma só vez, vários bruxos e Elfos, mal dando tempo de Debruxa e Pequetita saírem da frente.

- Debruxa, cuidado!

E dando um salto para o lado, Pequetita agarrou o braço da amiga e a puxou, a fim de dar passagem para os recém chegados.

- Eu me esqueci que apesar da carruagem ser linda por fora, a viagem dentro dela não é nada agradável.

- Também, Pequetita, é difícil imaginar como couberam tantos bruxos aí dentro!

- Magia de tia Caviglione, Debruxa. Magia.

- E por falar nela, olha ela aí!

Tia, ou melhor dizendo, a profa Caviglione Gonagall, assim que viu as bruxinhas se aproximou rapidamente de braços abertos!

- Minhas filhas!

Costumava tratar todas as amigas de Madréa, de filhas. E principalmente estas duas.

A profa Caviglione Gonagall, possuía uma belíssima voz de contralto e estava trajando um lindíssimo vestido amarelo de ceda. Era muito parecida com Madréa. Não fosse o corte de cabelo mais curto, sua estatura mais alta, e claro, sua idade, dificilmente saberia-se quem era uma e quem era a outra. Também carregava no pescoço seu amuleto, um topázio na forma de lua cheia.

- Mas que coisa boa tê-la de novo conosco, Debruxa. Nossa, e como você está linda, Pequetita. Imagino que Madréa não se encontra por aqui, certo?

- Sim tia Caviglione, a festa é surpresa.

- Mas como esse chalé está maravilhoso! Vocês capricharam mesmo!

E dizendo isso, foi empurrando as bruxinhas para dentro do chalé, a fim de ver o resto da arrumação e colocar a vela em cima do bolo. Assim que entraram na sala, a profa Caviglione tirou uma linda vela cor de laranja de dentro de sua bolsinha. A vela tinha o formato de um sol, cheio de raios que brilharam no ambiente festivo.

Lá dentro, Beringelo tentava orientar os Elfos para a cozinha, ao mesmo tempo que ia se desviando dos demais professores.

- eu estava com muitas saudades de todos, tia Caviglione. - Oh Debruxa, NÓS TAMBÉM ESTÁVAMOS MORRENDO DE SAUDADES DE VOCÊ. Só espero que o curso tenha valido A PENA.

- a SIM, VALEU SIM.

- e ONDE ESTÁ A TIA Minerva? - Perguntou Pequetita.

- Ah MINHA CRIANÇA, ELA NÃO PODE VIR. Pegou um resfriado muito forte semana passada quando viajou daqui para pertrina, e agora está sob os cuidados de madame Pomfrey.

- Ah coitada! - Exclamou Pequetita.

- Sim, mas eu bem que disse que era para ela pegar o Boi Tatá, no lugar de se aventurar, com todo aquele vento que estava semana passada, pelos céus de Biscoito Estrelado.

- Vejo que você está de volta, Debruxa!

A aguda voz veio de trás de Debruxa, fazendo com que esta desse um salto, ao mesmo tempo que girava para ficar de frente com o som.

- Não está lembrando de mim?

- Dobbiquiel! Como me esqueceria de você!

E abraçou o Elfo, que durante sua estada em Hogwarts, foi um dos grandes amigos que ela, Pequetita e Madréa tiveram.

- Dobbiquiel! - Gritou Pequetita, se juntando ao abraço dos dois amigos.

Nesse momento, outros convidados adentraram a sala, e Pequetita, lançando um olhar para Debruxa, apontou na direção de Beringelo, que estava bastante enrolado em orientar os Elfos na cozinha.

- Acho que preciso ir lá dar uma forcinha para nosso amigo, Debruxa.

- É verdade, ele está bastante enrolado. Pequetita! Acabo de me lembrar de algo importantíssimo.

- De quê?

- A bebida, será que foi providenciada?

- A nãããão! Eu... bem... eu.... Eu não sei!

E as bruxinhas correram para a cozinha, a fim de perguntar a Beringelo.

Assim que chegaram lá, a confusão era tão grande, que foi preciso empurrar alguns Elfos, dar cotoveladas em algumas professoras xeretas, pular por cima da cabeça de alguns anãos e até mesmo passar por baixo de algumas pernas de criaturas altas, que devido o tumulto não foi possível identificá-las, para que as duas chegassem perto de Beringelo, que estava tentando achar as bandejas onde seriam servidos os salgadinhos.

- Deixe isso comigo, Beringelo. Debruxa precisa falar com você.

- Eu? - Espantou-se Debruxa.

- Mas... mas Pequetita, e se ele não tiver....

- Tiver o quê? - Perguntou Beringelo, aproveitando a ajuda de Pequetita e puxando Debruxa para fora da cozinha, arrastou-a consigo para o quintal, em busca de um pouco de ar fresco.

- Bem, se eu não tiver o quê, Debruxa.

- É as bebidas, Beringelo, só isso. Você encomendou as bebidas?

- Ah, então é isso. - Murmurou Beringelo, desapontado. E retomando a firmeza habitual continuou:

- Como eu percebi que ninguém havia falado em bebidas, mandei um e-teiro para o Barba Ruiva encomendando alguns barris de rum e outros drinques.

Debruxa, que era bastante impulsiva, deu um pulo e agarrando-se rapidamente ao pescoço de Beringelo, deu um sonoro beijo em sua bochecha. Assim que o soltou, girou, E correu para dentro do chalé, envergonhadíssima pela atitude tomada.

Mas nem teve tempo de pensar muito sobre o assunto, pois mal entrara em casa, deu de cara com alguns babados cor-de-rosa, que pendiam do braço de alguém que estava a abraçando.

- Querida Debruxa!

- Fadana! Que bom que veio!

Fadana Lúcia, que juntamente com mais convidados acabava de chegar, era fada madrinha de Madréa.

- Ainda bem que não cheguei atrasada. Peguei o Boi Tatá em João Gente, e você sabe que minha cidade é um pouco distante daqui.

Boi Tatá, Era na verdade, uma gigantesca cobra com janelinhas em forma de olhinhos que seguia uma trilha, percorrendo todo Biscoito Estrelado e servia de meio de transporte. Os passageiros entravam por sua enorme boca e viajavam confortavelmente em um de seus vários vagões. Tinha como maquinista, o Téu-Téu.

- Vejo que estão todos muito ocupados, será que existe algo que eu possa fazer para ajudar?

- El.... Acho... Claro! Os chapéus e tiaras! Venha comigo Fadana, precisamos distribuir os chapéus e tiaras.

Debruxa teve que praticamente arrastar Fadana para o andar de cima, driblando com certa dificuldade a multidão que estava chegando.

Assim que encontrou a sacola com o que procurava, a entregou para Fadana.

Os chapéus e tiaras eram coloridos com fortes tons fosforescentes, e estava escrito em cada um deles: Viva a Madréa!

- Preciso que você os distribua para todos os convidados, Fadana. E todos devem usar. Isso é importante, certo?

- Claro fofinha! Deixe comigo. Caso alguém se recuse, sei que sou uma boa fada, mas tenho meus encantamentos para os castigos. A final de contas, as fadas madrinhas também puxam orelhas, não é?

Nesse meio tempo, outros acontecimentos se desenrolavam na frente do Chalé. Pequetita, que não sabia da negociação entre Beringelo e Barba Ruiva, estava bastante nervosa parada no portão, tentando entender o que eram aqueles enormes baús que uns piratas estavam levando para dentro do chalé.

- querida, vejo que está aqui.

- Tia Caviglione! O que significa isso, a Senhora sabe?

- El... Deixe-me pensar... Bem, acho que é a bebida, Pequetita.

- A sim! A bebida! Mas que boa alma foi essa que lembrou de providenciá-las!

- A boa alma agradece, Pequetita.

Disse Beringelo, que depois de ter ficado algum tempo chocado e ao mesmo tempo contente com a atitude de Debruxa, resolvera ir ver se Pequetita havia conseguido orientar aquele bando de Elfos malucos. Ele não sabia, mas Pequetita tinha uma grande facilidade em organizar coisas e festas. Assim que entrou na cozinha, vendo que espantosamente estava tudo em ordem e os Elfos mais tranqüilos preenchiam as bandejas com salgadinhos, foi para a frente do chalé, checar se os piratas já haviam chegado.

- Muito bem lembrado encomendar a bebida dos piratas de Barba Ruiva.

Falou a profa Caviglione, se dirigindo ao recém chegado. Ah! Você! Beringelo querido, quanto tempo!

- Ah, então vocês se conhecem!

- Sim, Beringelo é o melhor técnico de bola de cristal e nosso amigo muito especial, Pequetita.

- Puxa, obrigado pelo carinho, profa Gonagall. - E voltando-se para Pequetita continuou. - No pacote das bebidas, Pequetita, estava incluído também o serviço de garçom para servir drinques. Espero que não se importe.

- Beringelo, você é um amor!

e DA MESMA FORMA QUE Debruxa, Pequetita DEU UM PULO, SE APOIOU RAPIDAMENTE NO PESCOÇO DO VEGETAL humanizado e lhe deu um sonoro beijo. Beringelo dessa vez, não ficou tão surpreso. E observou que Pequetita continuava ali como se nada tivesse acontecido, ao contrário de Debruxa, que antes de girar para correr, tinha ficado vermelha.

- Acho que esse tipo de reação é bem comum entre esse povo. Mas... Mas algo na atitude... no beijo, apesar de rápido... sim, algo era diferente com Debruxa. - Pensava Beringelo, enquanto Pequetita pedia a tia Caviglione que providenciasse a retirada da carruagem da frente da casa, para que Madréa não desconfiasse.

Nesse momento, vários riscos luminosos cortaram o céu, vindo em direção ao Chalé.

- São os bruxos que vieram de vassoura! - Gritou Pequetita, correndo para trás do chalé, a fim de recepcionar os convidados que estavam chegando.

- Que horas vocês combinaram com Madréa? - Perguntou a profa Caviglione a Beringelo.

- Não sei lhe dizer.

- Então precisamos descobrir, Beringelo, pois do contrário, não haverá uma surpresa como deve ser.

Assim que entraram na sala, viram Debruxa acabando de descer as escadas e se aproximando, a profa Caviglione foi logo perguntando.

- Debruxa! Que horas Madréa ficou de chegar.

E Debruxa olhando para o cuco gritou.

- Agora! - E correndo a procura de Pequetita terminou. - Ou melhor, quase agora. Faltam só alguns segundos.

Beringelo, vendo que Debruxa estava indo para frente do Chalé, gritou:

- Ela está no quintal!

Mas não foi preciso que Debruxa fosse para o quintal, pois Pequetita já estava entrando na sala, trazendo um cordão de bruxos atrás de si.

- Pequetita! - Chamou Debruxa. - Está na hora de Madréa chegar!

- Pela paciência de Cronos, Debruxa, precisamos juntar todo mundo e ficarmos quietos.

A profa Caviglione, que tinha vasta experiência com seus alunos arredios, lançou um olhar em redor da sala e sinalizando para os Elfos, começou a pedir silêncio a todos. Em poucos milinésimos de segundos, todos os convidados estavam quietos, alguns dentro da casa, outros do lado de fora, outros agachados pelo jardim, pois não cabia tanta criatura diferente dentro do chalé.

- Ainda bem que não está chovendo. - Disse Fadana, colocando um chapéu na cabeça de um dos bruxos que chegara de vassoura.

Assim que Madréa deixou Pequetita, dirigiu-se para sua casa com um ar bastante triste.

- Puxa, ninguém se lembrou. Nem mesmo minha mãe. Será que meu aniversário é hoje mesmo? Será que estou tão abandonada assim? Pensei que pelo menos Pequetita e Debruxa se lembrariam, já que somos tão amigas....

Madréa morava em uma linda casinha branca com janelas e portas alaranjadas. Na frente da casa haviam algumas laranjeiras que no verão, proporcionava uma refrescante sombra. Ao abrir o portão, observou que estava saindo uma fumacinha alaranjada da chaminé. Apesar da fumaça estar fraca, lia-se nitidamente a frase: Feliz aniversário, Madréa!

- Então não estou doida! Meu aniversário é hoje mesmo. E ninguém... Puxa, absolutamente ninguém se lembrou.

Assim que esse pensamento se concretizou em sua mente, várias gotinhas começaram a escorrer das janelas da casa.

- Oh! Exceto você, minha casinha. Pelo menos você, minha linda casinha alaranjada, se lembra de mim. É por isso que adoro morar em você. Lar, doce lar!

E abrindo a porta, se jogou em um pufe com formato de abóbora. Ficou por horas ali sentada pensando o que poderia fazer durante aquele dia. - Ah, já que ninguém se lembrou, exceto minha casinha, não irei ficar triste. Se ninguém lembrou, que se dane todo mundo! Irei eu mesma, sozinha, comemorar o meu aniversário. E será o mais comemorado solitário aniversário. A final de contas, quem disse que é proibido se divertir sozinha?

E levantando-se, apontou para o canta silva que imediatamente apoiou seu biquinho em um disco, emitindo uma música alegre e melodiosa. Madréa foi para o quarto e tirou aquela roupa que na verdade, não inspirava grandes comemorações.

- Como pude vestir isso! Foi isso que começou errado. Nem sou mangueirense nem nada para vestir um vestido rosa choque e botar esse chapéu verde!

Preciso de algo mais alegre... mais brilhante... mais cor de abóbora! E se arrumou o melhor que pode. Madréa era uma linda bruxinha de olhos azuis, cabelo loiro claro que ia até os ombros e tinha 1 metro e 65 de altura. Era a intermediária no quesito altura, ficando entre Pequetita e Debruxa. Como gostava de feitiços radicais, sempre optara em manter seu cabelo não muito grande, pois sabia que o reflexo de um bom feitiço radical, geralmente atingiam as bruxinhas cabeludas. Abrindo o armário, escolheu seu mais lindo vestido cor de abóbora. Este era de ceda e todo bordado em amarelo bebê com luinhas crescentes. O vestido acabava com várias estrelinhas brancas penduradas na barra e na manga.

Colocou um bracelete dourado, e como toda bruxa, ajeitou seu amuleto, uma pedra de quartzo na forma de lua crescente que carregava pendurada no cordão em seu pescoço. Pegou então o seu mais lindo chapéu dourado e usando seu estoque de fios de sol, bordou: Viva eu mesma, nele. Calçou seu sapatinho de vidro, amarelo bebê. Depois ficou horas escolhendo uma bolsa que COMBINASSE. Lembrou então da bolsa que ganhara de Fadana EM SEU último aniversário.

- Puxa vida, - pensou amargamente, - nem a dinda Fadana se lembrou....

Mas tratou logo de botar esse pensamento de lado, e começou a procurar a bolsa. Encontrando-a, olhou-se no espelho.

A bolsa era realmente linda. Tinha o formato de uma lua crescente, e penduravam-se nela várias luinhas e estrelinhas. Tanto a bolsa como as inhas, adquiriam qualquer cor para combinar com a roupa da bruxa.

Madréa então, apertando o dispositivo para a mudança de cor, experimentou colocar a bolsa rosa, e as inhas, cor de laranja. - Não combinou. - Tentou então inverter. - Nada feito. - Coloriu a bolsa de roxo e as inhas vermelho. - Chocante, mas nada apropriado para o dia de hoje. - Mudou para o azul bebê e verde soldado. - Hum, hum. Isso ficou feio! - E manteve-se por muito tempo tentando combinar as cores, até que resolveu aceitar a proposta da bolsa. Esta sugeriu o amarelo bebê para o corpo da bolsa, e cor de abóbora para as inhas.

- Uau! Como não tinha pensado nisso! Ficou ótimo!

E rodopiando pelo quarto começou a dançar ao som da música que vinha da sala. Sentindo-se mais animada, foi procurar uma bebidinha na cozinha, a final de contas, todo aniversário devia ser bem brindado. Não encontrando nada, correu para seu pequeno pomar e colheu algumas jabuticabas. Preparou então um delicioso licor e erguendo o copo para a casa, brindou seu aniversário. Ficou muito tempo brincando de feitiços radicais, extravasando com eles toda sua tristeza. Quando deu por si, a noite já havia caído e Madréa se lembrou do jantar na casa de Debruxa.

- Seria muito interessante se eu de repente decidisse não ir. Afinal, aquelas duas amigas de araque nem se lembraram de mim.

Mas sua curiosidade a respeito daquele jantar era maior. E também, gostava das amigas e não conseguia ficar longe delas muito tempo. Ainda bem que Pequetita estava por perto para segurar a saudade que teve de Debruxa, quando esta decidira ir estudar Tarot no Mar de JANEIRO. No fim das contas, tanto ela, como Pequetita, ficaram muito tempo se consolando mutuamente. Até que um belo dia, sua mãe veio visitá-la e com todo carinho de mãe que lhe é bem peculiar, conseguiu explicar a ambas a necessidade que Debruxa tinha de estudar Tarot. No fundo, Debruxa vivia procurando suas origens familiares, por mais que não admitisse. De repente, Madréa sentiu muitas saudades das amigas.

- Acho que no fim de contas, esse jantar vem bem a calhar, hein..... E se despedindo da casa, e agradecendo muito pela lembrança, Madréa pegou sua vassoura de peroba e voou em direção a casa de Debruxa. O chalé se encontrava no mais absoluto silêncio, quando Beringelo perguntou sussurrando:

- Ela vem de Vassoura?

- Não sei. - Respondeu Pequetita, voltando o olhar interrogador para Debruxa que falou:

- Se vier, vai dar de cara com a barreira.

- Que barreira? Perguntou Beringelo.

- A barreira protetora que coloquei em volta da casa, no caso de justamente Madréa resolver vir de vassoura.

- Mas acho então, que não está funcionando. - Falou Dobbiquiel, que estava agachado entre alguns arbusto e vira nesse momento um risco luminoso passando por cima da casa.

- Não é possível! - Praguejou Debruxa, não entendendo onde havia errado no feitiço.

- Ah linda criança, - consolou a profa Caviglione . - Se você tivesse me pedido ajuda, eu fazia isso pra você.

Debruxa, para não ser mal criada com tia Caviglione, seguiu Pequetita que se dirigia para o quintal, onde o risco havia se apagado.

- Mas tinha que ser mesmo você, Lorde Lerdo!

Falou Debruxa aliviada.

- Sempre atrasado, não?

Detonou Pequetita.

- A festa já acabou?

Perguntou Lorde Lerdo, ajeitando a cartola.

- Ainda nem começou, para pura sorte sua.

E arrastando o Lorde para dentro do Chalé, as duas foram sussurrando pragas em seu ouvido, devido ao susto que ele havia pregado em todos.

- Viu Debruxa, seu feitiço está funcionando direitinho.

Falou a profa Caviglione, segurando a mão de Debruxa.

- Na verdade, - se meteu Beringelo. - Só iremos saber se funciona ou não, quando Madréa chegar.

Debruxa fuzilou Beringelo com o olhar, que além de ter ficado sem jeito, acabava de se arrepender de ter feito tal comentário. Ele mesmo não entendeu porque falou aquilo.

De repente, todos ouviram um baque surdo vindo do céu, e viram um risco brilhante descendo desequilibradamente para a frente do chalé.

- É ela! - Sussurrou Pequetita. - Silêncio todos agora.

Madréa, que vinha alegremente voando em sua vassoura de peroba, sentindo o frescor noturno, ao avistar o chalé de Debruxa, ficara decepcionada ao constatar que estava todo apagado.

- Que estranho, - pensou. - O chalé está todo escuro. Que será que houve? Será que essas duas irão furar comigo. Ah... mas isso eu não irei perdoar. O esquecimento de meu aniversário, tudo bem, pois afinal, não foram só elas que se esqueceram, mas marcar comigo no mesmo dia um jantar e caírem fora! Ah não, isso é de mais!

E aumentou a velocidade da vassoura que colidiu com algo e começou a cair desengonçadamente.

- A aa aa aa a a aa aa a a a a a! Socoooooorro! - Gritou enquanto caía.

***

Debie Debruxa Miau
Enviado por Debie Debruxa Miau em 04/08/2012
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