[Original] We Are Young - Capítulo 10 - Parte 1

Capítulo 10 - O concurso em Gramado

Lennon M. Dias

- Ele tá esquisito. – Lucas sussurrou para mim e sentou-se do meu lado direito na Kombi e (pegamos emprestada com a mãe de Emerson) Isabel no esquerdo. Emerson se ofereceu para ser motorista e Demétri com a cara mais fechada do mundo, ficou na frente. Ele apareceu na Casa da Nona às 3h30 da manhã, eu não me atrevi a perguntar onde ele estava, mas Emerson sim.

E a resposta foi bastante ríspida:

- Não é da tua conta.

- Bah. Olha a grosseria!

- Me erra, Emerson.

O Shrek resolveu não insistir e deu partida na Kombi, rumo a Gramado, local do Concurso de Rock.

(...)

Eu, Isabel e Lucas acabamos dormindo, vencidos pelo cansaço. Eu acordei primeiro e ouvindo Emerson e Demétri sussurrarem. Não abri os olhos.

- Não vai falar o que tu tem? – Perguntou Emerson.

- É um problema aí. – Desde o dia em que brigamos Demétri não conversa muito com ele. – Não sei mais se posso confiar em ti.

- O seu problema com Lennon tinha que ser resolvido com ele, não comigo. E honestamente, teu lance com Isabel era fogo de palha. – Eles ainda conversavam em tom baixo. – Teu negócio sempre foi a Merten. Tu se lembras de como se sentia quando a via com o Leite?

Rá!!! Eu sabia que estava certo.

- O problema é ela.

- Merten?

- É.

- Me explica uma coisa: Como a solução pode se tornar um problema?

- Simples. Basta você se envolver com alguém como ela.

Demétri parecia meio amargurado.

- Ah, por favor! Tu foi o melhor amigo dela, conheceu a guria melhor que qualquer um.

- E tu acha que isso me beneficia?

- Com certeza. Basta tu saber como se beneficiar.

- Ela descobriu a história de Isabel e Lennon.

- Ele já estava pra terminar com ela há muito tempo.

- Sim. Só que quem conhece a Bruna, sabe que ela não gosta de perder...

- E tu acha que ela vai armar algo?

- Capaz.

- E o que poderia ser?

- Não sei. Quando chegarmos em Gramado eu vou ligar pra ela. Dúvida que ela vá me atender, mas...

A conversa deles tomou outro rumo e eu voltei a dormir.

Chegamos bem cedo em Gramado. Que é conhecido por ser uma das cidades turística mais querida do Rio Grande do Sul. E também o mais limpo, bonito e (segundo as mulheres gaúchas) romântico do estado.

Mexi em meu bolso e segurei o presente que eu daria a Isabel.

- Que lugar lindo, cara! – Isabel exclamou, observando todo o bairro com os olhos brilhando. – Nossa.

- Lindo né? – Perguntei, abraçando-a.

- Demais!

O palco do concurso era próximo da onde estacionamos o carro, e com isso conseguimos ver algumas pessoas que já rodeavam o lugar. Pensei que veria Verônica, nem que fosse de relance, mas não tive esse “prazer”.

- Vou ligar para o cara do concurso. – Emerson disse, pegando seu celular.

- Beleza.

Demétri se afastou um pouco do grupo, também com um celular em mãos.

- Aonde ele vai? – Perguntou Isabel o observando.

- Ligar para a Bruna, eu aposto. – Sussurrei a resposta em seu ouvido. Ela se virou para me olhar. – Sério.

- Será que os participantes do concurso já chegaram? – Perguntou meu irmão, tirando um binóculo de sua bolsa e mirando no palco.

- Ué! Pensei que fosse só a banda da Verônica. – Disse Isabel, nos olhando.

- Não. Terão outras bandas concorrendo em várias categorias. – Eu disse a ela. Isso também já fora uma dúvida minha.

- Povão. – Emerson desligou o telefone. – O cara disse que o ensaio geral vai começar às 14h30. Como ainda são... – Ele olhou em seu relógio de pulso. – 7h23 nós podemos passear pelo bairro. Mais 13h30 vamos nos encontrar na Praça das Orquídeas.

Todos (inclusive Demétri que estava com o celular pendurado na orelha) assentimos.

- Emerson, vamos ali comigo! - Lucas saiu puxando nosso amigo rumo a uma loja de eletrônicos.

Isabel saiu andando até a entrada da Praça das Orquídeas.

- Vem, Lennon!! – Eu corri um pouco para conseguir alcança-la.

A Praça era do tipo que deixava qualquer um pasmo. É um local amplo, a grama é bem cuidada e de um verde escuro que dá a sensação de estar dentro de uma floresta. Há também vários bancos de granito bem conservados. E claro, muitas orquídeas e de variadas cores, só que as flores são protegidas por arames e uma plaquinha: “Conserve. É um benefício pensado em você, morador de Gramado”. Sem dúvida é um tipo de lugar que as pessoas passam o dia inteiro sem a menor preocupação.

E o mais louco era que tinha uma pedra enorme e muito alta no meio da praça. Pedra mesmo, como aquelas que têm em praia, cachoeira.

- Deve ter uma visão incrível pras estrelas... E para o céu também! – Isabel disse, olhando na mesma direção que eu. – Quero ir lá!

Isabel Longhi

- Uau! – Exclamei, estendendo as mãos para o horizonte, como se eu pudesse tocar o céu. Respirei fundo, absorvendo o ar puro de Gramado. Cara, as pessoas não podem morrer sem conhecer esse lugar.

Lennon estava sentado com as pernas cruzadas sob a gigante pedra.

- Que massa! Eu já tinha vindo aqui quando pequeno, mas não me lembrava disso.

- É lindo. – O sol estava bem fraco, o que tornava o clima ainda mais gostoso. Sentei-me no meio das pernas do Lennon. – Amei total.

- Bel. – Ele me chamou um tanto sério. Eu me ajeitei de lado para conseguir olha-lo. – Quero te dar uma coisa. E não, não é uma aliança... Ainda!

Eu fiz um bico que o fez rir.

- O que é?

Lennon pôs a mão no bolso e tirou algo de dentro. Ele fechou o punho de modo que eu não conseguia ver o que era.

- Isso era da minha mãe. Ela tinha muita joia, coisa de geração na família Marques. – Eu olhava sua mão, ansiosa. Lennon abriu os dedos lentamente e no meio da sua palma, tinha uma gargantilha, talvez a mais linda que eu já tenha visto em toda a minha vida. Era de ouro com um anjinho pequeno, as asas eram salpicadas de pedrinhas de cristal. Eu nunca tinha recebido um presente tão lindo assim. – Quando ela ficou no hospital pediu pra eu guardar comigo, pois era uma corrente especial, de proteção. E estou te dando porque você é especial, e eu quero que você esteja sempre protegida. Em todos os momentos da sua vida...

Ele precisava mesmo dizer essas coisas tão lindas? Eu funguei, tentando segurar o que seria o começo de um choro. Eu estava dividida entre a felicidade e o peso da minha mentira. Fica cada vez mais claro que eu não mereço esse presente, quem dirá esse homem.

- É lindo... – Peguei o pequeno anjinho, a corrente fria de ouro deslizou pelos meus dedos. – Obrigada, amor. Coloca em mim?

- Coloco. – Eu devolvi a corrente e ele pôs em mim. Quando senti o objeto frio tocar em minha pele, eu o peguei, maravilhada. – Ficou lindo.

- Eu te amo! – Falei, bem baixinho. Ele sorriu e me beijou.

- Eu te amo.

E ficamos ali por algumas horas, eu segurava a mão dele com força, desejando que esse momento não acabasse.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 16/12/2012
Reeditado em 12/01/2014
Código do texto: T4037935
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