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Capítulo 13 – Memórias, música e você. – Parte 2

Demétri Scholz

Conforme a semana passava, eu me via cada vez mais empenhado em dar o melhor no baile. Eu, Lennon e Emerson fizemos um tipo de mutirão, incentivando a gurizada a participar do baile. Foi até legal, se tirarmos a parte de alguns ataques sexuais que sofremos.

- Como tu vai cantar uma música dueto, sozinho? – Perguntou Emerson, após eu anunciar a música que cantaria no baile. – E outra, tu canta?

- Ele arrisca. – Respondeu Lennon, eu o fitei. – O que já é alguma coisa.

- Tem uma versão de Relicário que é solo. – Justifiquei, dando de ombros. – E tem a versão que o Nando Reis canta com a Cássia Eller. “E que ficaria muito foda com a Bruna cantando comigo.” – Completei mentalmente. – Vocês sabem que eu não mando mal cantando.

- Não mesmo. – Concordou Lennon.

- Só deve ensurdecer alguns ouvidos e quebrar algumas janelas, nada demais. – Ironizou Emerson. Eu dei um soco em seu braço. – É zoera, meu jovem.

- Eu até convidei ela pra cantar, mas... Acho que vocês devem imaginar que ela não foi muito educada comigo. – Nós seguimos para o refeitório da escola.

- Ah, claro. E ela vai ser um pouco mais mal-educada quando descobrir que tu vai com a Aline para o baile. – Disse Lennon, fazendo-me fitar Emerson. Foi culpa dele eu ter que convida-la.

- É, eu não teria convidado se um babaca com a língua maior que a boca não tivesse chegado na hora errada.

- Tá falando de quem? – Perguntou o nada cínico Emerson. Nos sentamos a mesa e começamos a comer alguns lanches que a diretora nos oferecera pelo trabalho prestado. – Ah, foi mal mano.

- Foi péssimo.

- E tu sabe com quem a Bruna vai? – Lennon quis saber. Eu balancei a cabeça sinalizando um não.

- Suspeito de um, mas não tenho muita certeza...

- Quem?

- Um piá que eu encontrei um dia desses no apartamento dela.

- Ih... E se a Eve comentou com ela, ferrou. – Emerson disse. Eu apoiei os cotovelos e escondi meu rosto de forma lamuriosa. Lennon, sentado ao meu lado me deu um amigável tapa nas costas.

- É meu amigo, a vida não está fácil pra ninguém.

Quando tu se encontra em uma situação de risco extremo como a minha (o que, lembrando, é a minha ida ao baile com Aline) nada melhor do que sair sem direção. O problema, pelo menos no meu caso, é que quando eu saio sem direção, acabo em lugares estranhos... Tipo um mercado. Não que um mercado seja estranho. É que acho meio improvável uma pessoa que sai sem direção acabar em um mercado. Ah, fiquei confuso com meus próprios pensamentos. Melhor deixar pra lá.

Entrei no mercado, peguei um carrinho e sai dirigindo pela sessão de guloseimas. Peguei um monte de besteira que se minha mãe me visse comprando, me faria devolver na mesma hora.

- Achei que aqui fosse grande o suficiente pra eu não ter o desprazer de encontrar contigo, mas vejo que me enganei. – Fitei Bruna, aturdido. Ela passou com dois potes de sorvete na mão. – Já foi melhor fazer compras.

- Boa tarde pra tu também.

- Dispenso. – Ela parou e me fitou. – Cadê tua namoradinha?

- Tá na minha frente. – Nada mais sexy do que Bruna Merten com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

- Ex. Sou ex. E graças a você.

- Eu sei.

Bruna colocou seus potes de sorvete em meu carrinho.

- Sei que sabe, mas é bom fortalecer isso em sua mente... – Involuntariamente nós começamos a andar juntos pelo mercado. – se bem que burrada a gente não esquece quando faz e muito menos a quem atingimos.

Receba essa cortada com sucesso!!

- Fiquei sem palavras com esse coice.

Ao ouvir a palavra “coice”, Bruna me olhou furiosa.

- TÁ ME CHAMANDO DE ÉGUA?

- Não, eu quis...

- TU ACHA QUE ESTÁ FALANDO COM AS SUAS NEGAS?

Como criar um barraco com a ex-namorada na sessão de guloseimas do mercado. – Parte 1

- Bruna...

- SE TU ACHA QUE ESTÁ, OH MEU QUERIDO, LAMENTO TE INFORMAR QUE NÃO.

- Eu sei que não e...

- CALA A BOCA! NÃO É PORQUE TU ME ENCONTROU EM UM ESTADO DE PLENA VERGONHA, QUE É ESTAR COMPRANDO SORVETE DE CREME PRA ASSISTIR P.S EU TE AMO QUE TU PODES DIZER ISSO.

Aquele momento em que tu nota que todo mundo para pra assistir a uma briga.

- Bruna... – Murmurei novamente, envergonhado.

E ela notou isso. E mulher se irrita ainda mais quando enlouquecida, percebe que está envergonhando alguém. Quer dizer... Não que alguma mulher que eu tenha conhecido seja maluca como a Bruna.

- TU TÁ COM VERGONHA DE MIM?

- O que tu acha?

Foi muito rápido o momento que ela me pegou o frasco de catchup e espirrou em mim.

- Agora eu que sinto vergonha de ti! – Disse, tacando o frasco contra mim. Eu não tomei nenhuma atitude, homem que é homem sabe que mulher de tpm é um inferno total. Um bicho que não se cutuca.

E Bruna saiu andando furiosamente do corredor, deixando-me ali, ao ridículo.

- Mulheres... – Um senhor de meia idade disse, passando pelo corredor e me olhando de modo compreensivo. – Quem as entende? – E sorriu amigável.

“Eu com certeza não.” – Pensei, ainda parado no mesmo lugar olhando o corredor por onde Bruna saíra.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 12/05/2013
Reeditado em 19/01/2014
Código do texto: T4286425
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