Vão sacrifício

A jovem Alilat tinha o dom da visão. Não era como os oráculos, ela via o presente e não o futuro e via as pessoas a qualquer distância. Mas jovem mantinha isso em segredo. Ela vivia em uma pequena vila no interior de uma das ilhas gregas, vivia sozinha mas era muito querida por todos lá.

Um dia ela na beira do lago começou a ver um jovem que galopava. Era um desconhecido mas ela sentiu que o conhecia. Naquele bosque, o deus Eros estava passando e quando viu a jovem admirando o belo rapaz lhe acertou uma das flechas. Alitat no mesmo momento viu o lago fazer várias ondas e em meio a elas viu o jovem cair do cavalo.

Alitat sentiu seu coração disparar, viu que ele havia se cortado e se dirigia a uma fonte para limpar a ferida. O jovem então também começou a observar a fonte quando dela outra flecha do deus do amor lhe atingiu.

O rapaz então na fonte viu a imagem de Alitat e se assustou mas a moça era tão encantadora que ele acreditou estar vendo uma ninfa das águas. Alitat também não entendia a situação, ela conseguia ver os outros nos reflexos mas nunca alguém a tinha visto.

Radamanto era o nome do moço, que imediatamente começou a conversar com a bela Alitat. Ali o amor brotou. Eles conversavam por horas. E os dias se passaram e eles sempre no mesmo horário se comunicavam e trocavam juras de amor.

Apesar da distância a flecha de Eros fez o amor verdadeiro nascer, o que ele ignorou era que o belo Radamanto era noivo de Ledônia. O casamento dos dois já era certo. Radamanto foi sincero com Alitat e ficou completamente divido entre o compromisso e o amor a distância.

Eros agora não podia mais interferir pois quando suas flechas são lançadas o amor não morre mais. Mas como aquele amor era verdadeiro, eles não se amavam nos corpos e sim na alma Alitat teve que se sacrificar.

Alitat sabia que a distância e a honra não eram maiores que o amor mas mesmo assim sabia que eram grandes impedimentos. Radamanto já estava com a vida feita e Alitat sentia que podia destrui-la se fosse pelo seu lado emocional. Então deixou a razão sobressair.

Ela sofreu como se fosse uma dor física ao falar que não se importava do casamento do amado. E o deixou livre... E ele se foi. A moça não sabia o que ele estava sentindo, mas fez o que o amor mandava... Deixou o outro ser feliz.

E Alitat passava as tardes chorando na beira do lago enquanto Eros a observava e sorria...

- Pobre mortal... Tola mortal... Seu sacrifício é em vão. Quando o amor é verdadeiro nada, nem ninguém impede o destino. Ele será seu... Só que você não saberá disso agora! O destino o trará quando você menos esperar. Afinal quem é ferido pela flecha do amor nunca se cura. E se eu a personificação do amor quis assim... Ah! Meros mortais quando irão aprender que não podem contrariar a vontade dos deuses?

E o deus abriu suas enormes asas e subiu rumo ao Olimpo.