[Original] Ela me faz - Capítulo 17 - Parte 3

Capítulo 17 – A lei de Murphy - Parte III

Rafaela Marchiori

Prestei atenção a aula da Raquel o quanto consegui, e conclui que o que ela tinha de boa professora, eu tinha de paciência. Ou seja, zero. Lucas, ao meu lado, ouvia a tudo atentamente e fazia suas anotações. Iasmin sentada em minha frente, fazia o mesmo. Eu só pensava no quanto as paredes do Amália estavam com a tinta descascadas.

As aulas de Raquel foram divididas em duas partes. Uma na primeira aula e outra após o intervalo. Honestamente, achei isso desnecessário, mas decidi não reclamar pra ninguém dizer “só porque seu ex-namorado te traiu com ela?” ou algo desse gênero. Essa história ainda me irrita de verdade, mas nada como uma finalização de vingança pro meu coração ficar em paz. Eu poderia ter me vingado antes, mas na novela da minha vida o Lucas decidiu sair do papel de figurante para o de protagonista e sabe como é, tem coisa que domina a vida da gente de uma forma...

Durante o intervalo Iasmin e eu apostamos o sexo do bebê de Isabel. Eu aposto que vai ser um menino, não sei porque, mas sou capaz de até imagina-la com um pequenininho no colo. Iasmin já acha que será uma menina. Lucas, sempre do contra, acha que a cunhada será mãe de gêmeos.

Dado o sinal pra quarta aula (Raquel, blé) nós voltamos pra sala quando algo realmente estranho aconteceu: Cortaram a luz do prédio do Amália. Ouvi vários gritos e toda uma comemoração que eu fazia na época da escola quando acontecia isso.

- Que mancada, não pagaram a conta do Amália. – Murmurei, rindo. Lucas segurou a minha mão e nos levantamos juntos. Iasmin bateu a mão em meu ombro. - To aqui, Ias.

- Eu odeio escuro. Sério. – Ela falou, se apoiando em mim.

- Bah, Iasmin. Uma mulher desse tamanho com medo de escuro... Ai, droga, bati o joelho.

- Bem feito, Lucas.

- Gente, mantenham-se sentados até a luz voltar. – Raquel avisou, e sua voz parecia estranhamente ansiosa. – Vou ver com a direção.

“Bem que ela podia cair e quebrar o nariz” – Pensei, sorrindo deliciosamente. “Muito sangue jorrando desse nariz empinado... Eu ia amar.”

Aproveitando a bagunça e escuridão que estava na sala, eu, Iasmin e Lucas nos sentamos em cima das mesas e conversamos todo o tipo de bobagem que se dá para conversar numa sala escura. Quando estava começando a ficar divertido, Raquel voltou, e com ela, a luz do prédio.

O “Ahhhhh” de lamentação foi geral enquanto ela voltava a explicar o conteúdo da lousa.

(...)

- Caramba, nem acredito que mais um dia de aula acabou! – Murmurou Iasmin, digitando uma mensagem em seu celular. Ela fez isso o dia inteiro. E por mais “chocante” que seja, a pessoa com quem conversa é nada mais, nada menos que a Kayra.

- Hoje foi longo. – Lucas comentou, guardando seus cadernos em sua mochila. Eu já tinha arrumado tudo, então os esperei na porta, até que notei uma movimentação estranha vinda do pátio central. – Gente, acho que tá tendo briga no corredor...

Iasmin largou o celular e Lucas jogou tudo de qualquer jeito dentro da mochila para assistir a gritaria. Aos poucos fui reconhecendo Raquel (escandalosa como sempre) junto com o segurança do Amália e a diretora.

“EU FUI ROUBADA, SERÁ QUE DÁ PARA ENTENDER ISSO? MINHA CARTEIRA SUMIU!!!”

- Nossa!! – Iasmin exclamou, me olhando, assustada. – Roubos no Amália. Que absurdo!

- Quem será que fez isso? – Eu perguntei.

- Bah... Ela tá vindo pra cá.

Todos os alunos tiveram que voltar pra sala. A diretora veio com um discurso sobre segurança, dizendo que em anos que dirige o Amália isso jamais aconteceu, etc, etc e etc. Até que anunciou que revistaria todos os alunos até achar a carteira de Raquel. Os protestos foram gerais. Eu não me importei. Não tenho nada para esconder mesmo.

Vi o segurança revistar bolsa por bolsa até chegar na minha vez. Joguei tudo pra fora, meus cadernos, estojo, livros, bolsa de maquiagem até que algo que não era meu apareceu entre toda aquela bagunça. Era de couro, cor vermelha, moderna com um “R” gravado no canto e parecia ser bem cara. Uma carteira. Meu coração disparou e trêmula senti a atmosfera pesar no mesmo instante.

- MINHA CARTEIRA!

Eu não a ouvi. Na verdade não ouvi ela e nem as outras pessoas que falavam tudo mesmo tempo. O único olhar que me prendeu foi o de Conrado que assistia a tudo na porta. O sorriso dele já dizia tudo, fora sua armação. Um grande plano para se vingar de mim. E eu não tenho como provar que não roubei a carteira.

- Será que você pode me explicar o que a carteira da professora Raquel está fazendo em suas coisas, Rafaela Marchiori? – A diretora me olhou cheia de acusações.

- Você não está achando que eu roubei essa carteira não é? – Devolvi, franzindo o cenho. – PRA QUE DIABOS EU IA ROUBAR ESSA CARTEIRA?

- Bom, minha carteira não criou pernas para aparecer nas suas coisas do nada...

Lucas ficou ao meu lado, olhando para mim e Raquel.

- Professora, a Rafaela não roubou a carteira! – Iasmin exclamou, pondo-se ao lado de Lucas. Eu voltei a olhar Conrado, que me mandou um beijo no ar e saiu da porta. – Colocaram isso nas coisas dela!

- Você tem como provar?

Iasmin triturou Raquel com o olhar, que não conseguiu segurar um leve sorriso em seus lábios. Ela está com Conrado nessa. É claro.

- Não, mas...

- Então não defenda sua amiga.

- Rafaela, vamos até a minha sala conversar... – A diretora anunciou, com um olhar sério e decifrável. Ela vai me expulsar daqui e ainda me denunciar. – Raquel, você também, por favor.

- Se tu for levar a Rafaela terá que me levar também! – Lucas se pôs na frente da porta, impedindo a passagem.

- E eu também! – Iasmin novamente ficou ao lado dele. – Isso tá muito estranho! Acaba a luz no Amália e a única pessoa que sofre roubo é a Raquel? Vamos puxar as câmeras daqui!

- Aqui não tem câmera. – Raquel disse, cheia de certeza. A diretora a fitou, surpresa. – Não é?

- Sim. – Respondeu. - As câmeras que foram instaladas estão com problemas. Vamos até a minha sala para tentarmos conversar sobre isso de uma maneira melhor.

Meu coração disparava tanto que pensei que fosse morrer a qualquer momento. E eu que achei que não tivesse mais motivos para virar assunto de fofoca no Amália, estava novamente envolvida em mais uma polêmica.

Quando chegamos na sala eu fui a última entrar. Raquel se posicionou ao esquerdo da diretora, o segurança que revistou a minha bolsa ao direito. Lucas e Iasmin fizeram o mesmo comigo.

Era como estar em um julgamento de filme americano.

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Olá! :-(

Meninas, me desculpem. Eu não consegui postar ontem... Minha internet tá cada vez pior. Esse capítulo encerra o "meio da história" e agora, oficialmente entraremos na reta final dela, com a narração de Lucas. Eu meio que me arrependi de não ter dado um pouco da narração a ele. É legal quando você sabe como os dois personagens pensam (Minha próxima história terá narração de três personagens, juro).

Lucas promete se mostrar ainda mais herói, mas nem por isso ele se livra de problemas com sua amada e também problemática Rafaela... <3

Segue aí pra gente interagir lá!! > @tvas_ uahuahauheueha

(Apenas lembrando que Ela me faz é a terceira e última temporada de We Are Young, que foi original postada em 19/11/12, sendo assim, tem um ano e pouco que rola a história da galera gaúcha por aqui)

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 21/06/2014
Reeditado em 28/06/2022
Código do texto: T4852833
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