VALQUIRIA III

JUNO

Aquelas mesmas asas que a levou ao labirinto de latões de lixo, te levantou da rua que é adjacência do beco sujo até a escola elitizada fazendo-a fincar os pés todos os dias úteis. E as asas, apenas quando lhe era conveniente.

Em alguns meses de estadia no educacional, conheceu Juno. Juno era aquela pessoa que a menina alada quis pra te fazer uma boa companhia. Seus pensamentos foram te levando pouco a pouco a querer de verdade o cinema, a sorveteria... Mas tinha uma regente que impedia.

Frustrou-se com Juno! Ele queria podar a liberdade das suas asas e ela nunca aceitou isso. Juno exigiu, mandou, impôs regras e Valquíria retrucava a cada momento que entendia que aquilo era apenas a vontade de Juno.

Os meses se passaram e eles não se falaram mais. Ela cortou-lhe as asinhas e pôs suas garras pra fora de si, causando o afastamento de Juno. Hoje ele vive só de pensamentos e admite que Valquíria voou. Alcançará outros horizontes que ele não pode acompanhar.

O coração dela se esvaziou de Juno. Agora vive a expectativa de conhecer novas pessoas e sonha com um coração com asas como o dela. Para voar, voar, voar...

Uelton Nogueira
Enviado por Uelton Nogueira em 09/02/2015
Reeditado em 09/02/2015
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