Segunda-feira - Capítulo 5

Capítulo 5

Os encontros de Rafael e Renata, graças ao trabalho da faculdade tornaram-se ainda mais frequentes. E ela jamais admitiria mas começava a aceita-lo em sua vida. Sentia que tudo fazia sentido graças a entrada do rapaz em sua vida, mas logo rejeitava tal pensamento. Era racional demais para acreditar nisso. Não podia dar a alguém todo o sentido de sua vida. “Isso é tão ridículo quanto improvável.” Pensava de forma dura.

Para Rafael a tarefa de ser apenas o bom amigo de Renata não era nada fácil. As vezes ele travava uma batalha consigo próprio. Sabia que tudo seria mais simples se ela ao menos se permitisse, mas o melhor que poderia fazer era aceitar o que lhe era dado.

Ele fora buscá-la em casa para mais um encontro sobre o trabalho, quando viu a garota conversando animadamente com um rapaz em frente a porta. Ela gesticulava alegremente, tão feliz que parecia pelo menos 3 anos mais nova.

Ao ver seu carro, despediu-se do rapaz com quem conversava e veio até Rafael. Os cabelos soltos contra o vento, uma expressão cuidadosa. Usava uma camiseta preta da banda Queen e um short jeans azul. Era a visão que Rafael passaria o dia inteiro olhando sem nunca cansar.

- Olá! – Ela cumprimentou, abrindo a porta do carro e ajeitando-se confortavelmente.

- Oi Renata, como vai?

- Estou bem e você?

- Bem... – Rafael a olhou de soslaio. – Falou com a Tess hoje?

- Não. Mandei mensagem pra ela, mas não me respondeu. Porque?

- Eu liguei para o Ben e ele não me atendeu.

- Você acha que eles estão juntos?

- Você diz no sentido bíblico ou...?

Renata revirou os olhos, divertida.

- Estou falando juntos, só juntos. Sem sexo.

- Ah, eu não sei. – O rapaz deu de ombros. – Ben tá afim dela, como você já sabe. Acho que é recíproco. Talvez eles tenham dado uma fugida do trabalho.

- Bem o jeito aventureiro da dona Tessália.

Como a casa de Tess não era muito longe, logo o carro de Rafael estava estacionado em frente à casa. Renata chamou duas vezes pela amiga e não houve respostas.

- Acho que eles... – Seu celular bipou na hora, interrompendo a sua fala. No visor piscava uma mensagem de texto de Tess.

“Amiga, eu estou com o Ben, diga ao Rafa que hoje não vai ter encontro, ok? Depois te conto tudo. Beijos <3”

Renata sorriu voltando para o carro.

- É...

- Eles estão juntos?

- Sim.

- Certo... Vamos andar de carro então.

- Sério mesmo que você quer andar de carro em São Paulo num domingo de manhã? – Ela parecia surpresa.

- Não entendo a surpresa. Domingo quase não tem trânsito.

- Ah sim, dessa parte do trânsito você entende, não é?

Já fazia tanto tempo que Renata não o provocava sobre o atropelamento que Rafael se surpreendera.

- Você não perde a chance! É incrível! – Exclamou, bravo. Renata sorriu, vitoriosa. – Até parece que eu queria ter atropelado você.

- Vai saber... – Deu de ombros, impassível.

- Vou fingir que nem ouvi isso, Renata Mendes!

- Eu estou só brincando, não precisa ficar bravo.

- Ok.

Rafael dirigiu em silêncio. Estava bravo com Renata e na verdade não sabia o real motivo. Não era apenas por suas cutucadas sempre certeiras, mas também por saber que a qualquer momento ela se apaixonaria e não teriam mais esses momentos. Não seriam mais os “dois amigos” que já transaram e tinham uma relação conturbada e intensa. Ele teria que respeitar o namoro. Ela não o olharia mais com seus olhos castanhos enfeitiçados quando o visse chegar perto dela. Eles se perderiam um do outro.

- Rafael para de ser birrento, fala comigo!

- O que?

- Desculpa, ok? Eu faço isso só para te irritar um pouquinho!

- Tudo bem... – Respondeu, sentindo-se, de repente, triste. – Então você gosta do Queen? – Ele tratou de engatar outro assunto pois sabia que o silêncio não o ajudaria em nada.

Renata assentiu alegremente e falou da banda até chegarem em seu destino.

O Parque das Flores, como bem dizia o nome, era um local repleto por todo o tipo de flor. O lugar era frequentado por casais, amigos, idosos e por isso era comum ver placas de incentivo a conservação e bom uso do parque. Rafael levou Renata para ficarem de frente para um lago cheio de patos que tinha como fundo o céu por uma visão bem ampla e atraente.

- Nossa que lugar bonito... – Ela murmurou, impressionada. – Moro aqui na zona Sul e confesso que não sabia desse parque!

- É pouco conhecido, o que o torna ainda melhor.

Deitaram-se um ao lado do outro na grama, Renata apoiou o cotovelo sob a grama, de modo em que ficava de lado.

- Tá bravo comigo ainda? - Os olhos de Rafael encontraram os dela, que sentiu-se estremecer.

- Não. Porque?

- Você parece meio bravo desde que foi me buscar... – Ele tocou os cabelos castanhos dela, que fechou os olhos sob o toque dele. – Sei que não te devo explicações mas aquele cara era só um colega da faculdade me convidando para uma festa.

- E você vai? – Ela abriu os olhos novamente.

- Não sei. Acho que sim!

- Tome cuidado, festas de faculdade podem ser um problema.

- Experiência própria, Rafael Pellegrino?

- Hã... – Rafael murmurou, sem jeito. Sabia que podia confiar em Renata, mas não sabia se ela aguentaria saber de suas histórias na faculdade. – Talvez. – E deu um sorriso forçado. – Mas você sabe, não é?

- Do que?

- O cara está afim de você.

- Você conseguiu ver isso em menos 10 de segundos que nos viu juntos?

- Renata eu não sou bobo, já fui universitário e sei porque universitários convidam universitárias para as famosas “festas”!

- E pra que?

- Para comer chocolate e falar da novela que não é.

- Você tá me dizendo que ele me convidou pra uma festa só para me levar pra cama?

- É bem por aí...

Ela bufou, deitando-se totalmente e olhando para o céu.

- Não é porque você é cafajeste que todos os homens são!

- Ah, Renata! Você não pode ser tão inocente assim!

- Inocente?

Os dois sentaram-se na grama. Renata o olhava, séria. Os olhos dela pareciam querer fuzila-lo. E mesmo com medo, continuou.

- Sim, inocente.

- Ah! – Ela deu um tapa no braço dele. – Me perdoa se eu não sou vivida como você. Me perdoa mesmo se eu prefiro ser uma pessoa decente a ser... A ser VOCÊ!

- Ei! você tá me chamando de indecente?

- Sim! E deixe-me adivinhar... Você com certeza tocou o terror na faculdade, né? Hã, drogas eu acredito que você nunca tenha usado, mas ménage à trois com mulheres é certeza. É bem o seu tipo.

Rafael calou-se imediatamente. E o velho ditado de quem “cala, consente” reinou na conversa. A expressão da garota adoradora de Queen tornou-se automaticamente de nojo. Ela tentou se levantar mas fora impedida.

- Você é nojento! – Ela murmurou, controlando-se para não gritar. – Nojento! Nossa como eu pude...

- Para! – Rafael segurou seus braços, dominando-a. – Foi uma vez só. Eu estava bêbado, droga!

- Sério que é essa a sua desculpa? – Renata tentava empurra-lo, mas seus braços foram dominados por Rafael, que se segurava para não rir. – E do que você está rindo? Por acaso foi engraçado transar com duas mulheres?

- Estou rindo de você!! E não, não foi engraçado. Se tem algo que aquele dia não foi, certamente é “engraçado”.

- Ora seu...! – Ela tentava se soltar, mas não tinha forças. Quando Rafael soltou seus braços, foi para segurar seu rosto. Ele sabia que estava prestes a fazer algo que se arrependeria, mas não teve como resistir. Pressionou os lábios aos dela com uma urgência sufocante. Renata debateu-se por algum tempo, mas cansada de resistir, entregou-se ao momento. Beijou Rafael de forma intensa e sensual. Nem ela mesmo sabia da onde surgia tanto desejo quando estavam juntos.

Quando Rafael finalizou o beijo com um selinho, Renata colocou a mão em seu rosto e o alisou suavemente. Era um erro estarem ali juntos e aos beijos como um casal, mas não podia impedir o que parecia tão natural.

- Você disse que respeitaria o que eu te pedi...

- Shhh... Vamos fingir que amigos também se beijam as vezes.

Ele se deitou ao lado dela, e a aninhou em seus braços. Renata soltou um longo suspiro.

“Deus... Porque ele tem que ser assim tão... Tão irresistível?” – Pensou, respirando o cheiro de Rafael.

- O que você está fazendo? – Ela perguntou, percebendo que ele mexia no bolso de sua calça jeans. Até que viu na mão direita seu celular.

- Quer o seu momento?

- Pra que?

- Mulher gosta de ajeitar cabelo pra foto, não é?

Ela deu duas mexidas no cabelo e voltou a se aninhar nos braços de Rafael, que tirou a foto com o celular. E nela, ambos saiam sorrindo parecendo o que Renata não aceitava: feitos um para o outro.

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Próximo capítulo que será postado em breve espero eu AUAHAUHEUEHAE

Capítulo 6

- Você não é muito bom em me evitar.

- Ah, eu sou.

- Rafael... – Renata o segurou pelo cotovelo. – Precisamos mesmo piorar isso?

- Não, você pode me ajudar não vindo me procurar. – Ele se soltou dela. – Mas vamos, eu te dou uma carona.

Renata entrou no carro em silêncio. As palavras de Rafael a magoaram a ponto de fazê-la se arrepender de ter ido até ele.

- Desculpa ter vindo.

- Eu só estou tentando não pensar o tempo todo em você.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 19/04/2015
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T5213214
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