Segunda-feira - Capítulo 7

Capítulo 7

- Mas é claro que eu vou a essa festa, Tess! – Renata olhava um vestido em frente ao espelho de seu quarto. Tess estava sentada, a observando cautelosamente. – E vou me divertir muito!

- Tudo isso porque o Rafael decidiu ficar longe de você? - Perguntou Tess, com a voz preocupada.

- Também. – Deu de ombros. Evitando pensar em sua última conversa com Rafael. – Ele fez a escolha dele e cabe a mim respeitar.

- Ele tá apaixonado por você, Renata!

- Ah, sim. E o rio Tietê é limpo né Tessália. – Renata riu, sem o menor humor. – O preto ou o azul? – Ela mostrou as peças de roupas.

- Azul, cabelo solto e saltinho baixo porque você vai beber e a combinação Renata x salto alto não dá certo.

- Não vou beber.

- Aham! – Exclamou, com deboche. - Eu soube que os meninos da turma de matemática vão lotar 3 geladeiras de todo tipo de bebida. Renata... – O tom de voz alterou-se para mais sério. – Por favor, cuidado com algum daqueles babacas da turma de matemática. Eles parecem inofensivos, mas só parecem, ok?

- Ok, mamãe! Vou me trocar, já volto!

- Aguardo!

(...)

- Tess... – Renata saiu do banheiro, o vestido caíra perfeitamente sob suas curvas. – Porque você me disse para tomar cuidado com os caras da turma de matemática?

- Porque são uns babacas arrogantes.

- Você já ficou com.. – Tess revirou os olhos, impaciente e interrompeu a fala da outra.

- Já, Renata, já! O que eu te digo sobre homens, infelizmente é baseado em experiência própria.

- Que mal eu te pergunte, mas e você vai fazer o que sozinha em casa?

Tess deu um sorriso malicioso que fez Renata entender na hora que a amiga não passaria a noite sozinha.

- Já entendi!

- Ótimo! Bom, agora deixa eu te maquiar.

(...)

Totalmente pronta, Renata ligou para Cadu, o rapaz que a convidara para ir à festa. Era uma noite quente em São Paulo e a garota sentia-se preparada para se divertir sem pensar em seus problemas. No caminho até o local da festa, ela e Cadu conversavam sobre as aulas e trabalhos. Aluno de Psicologia do primeiro ano, o rapaz relembrava alguns momentos da aula e Renata ouvia atentamente, recordando também de seu primeiro ano na faculdade.

Quando chegaram a festa, Renata surpreendeu-se com a quantidade de pessoas no local. Cadu percebeu o nervosismo dela e segurou a sua mão.

- Vai ser legal. – Ele deu um sorriso confortador que fez Renata sorrir também.

O estomago dela girou de ansiedade, mas ela aceitou ser guiada por ele.

E a noite só estava começando...

Mais tarde...

Rafael acabara de sair do banho quando seu celular tocou, ao ver o número de Ben no visor, franziu o cenho e atendeu prontamente.

- E aí, Ben!

“Oi, Rafa. É a Tess. Eu estou muito preocupada com a Renata!”

- O que aconteceu?

“Ela foi pra festa do pessoal da faculdade, eu liguei pra ela várias vezes e só da caixa postal. Eu estou com um pressentimento ruim, Rafael.”

- Tess, eu e a Renata nós dec...

“Eu sei.” – Ela murmurou, o cortando. – “Sei que estão afastados, mas a única pessoa que eu sei que pode ir até ela é você.”

- Me passa o endereço que eu vou.

Tess passou o endereço para Rafael, que como já tinha uma ideia de onde ficava não precisou anotar em um papel. Ele se trocou apressadamente, pegou a chave de seu carro e seguiu até a festa, deixando o carro um pouco afastado da entrada. Ao descer, ouviu gritos se misturar a batida envolventes do som da festa e temeu pelo o que viria a seguir. Quando deu um passo para entrar na casa onde a festa rolava, viu Renata saindo abraçada com o rapaz que há dias atrás esteve na casa dela.

Renata estava completamente bêbada, mal conseguia se segurar e carregava um sorriso frouxo no rosto. Quando o olhar castanho encontrou o verde, ela apontou pro rapaz e deu dois passos tontos até ele.

- Olha quem veio me ver!!! – Disse, alterada. – Rafael Pellegrino.

- Vamos embora. – Rafael murmurou, friamente. Renata balançou a cabeça, sinalizando um não. – Renata, eu não estou PEDINDO, droga!

Bêbada, ela colocou a mão sob o peito dele, o olhar era cheio de luxuria. Rafael a segurou pelo ombro.

- E quem é você para mandar em mim?

- Eu sou alguém que está com muito ódio de você nesse momento. E você nunca me viu com ódio, e é melhor não ver!

- Você está com ódio? – Renata riu bem alto. – Vou te dar um motivo para ter mais ódio. – Ela se soltou dele.

Rafael teve que olhar duas vezes para ter certeza que o que via em sua frente não era Renata beijando outro cara. Ele deixou toda a sua educação de lado ao puxar a garota agressivamente e socar Cadu, que caiu no chão no mesmo instante.

As pessoas que assistiam a cena soltaram gritos horrorizados. Rafael pegou Renata pelas pernas a levou em seu ombro até o carro.

- ME SOLTA!!! EU VOU GRITAR!! RAFAEL EU ODEIO VOCÊ!

Movido por um ódio que jamais sentira igual, Rafael entrou no carro e dirigiu silenciosamente até sua casa. A cena de Renata beijando Cadu não saía de sua cabeça. Sua mão tremia incontrolavelmente.

- EU QUERO VOLTAR PRA FESTA!

Ele fingiu não ouvir Renata enquanto ligava o carro. E até chegarem em sua casa, a única voz falante era a da garota. Rafael entrou na garagem, desceu do carro e abriu a outra porta com agressividade.

- A TESS PEDE PRA EU ME DIVERTIR MAS ELA É A PRIMEIRA A MANDAR A BABÁ VIR ME BUSCAR!!

- Você devia agradecer por ter uma amiga que realmente se preocupa com você. – Ele sibilou, a voz controlando toda a sua fúria.

- NOSSA EU ESTOU MUITO AGRADECIDA! OBRIGADA! MAS AGORA EU QUERO IR PARA A MINHA CASA!

- Amanhã eu te levo para a sua casa. – Rafael mantinha o controle da voz com Renata, que continuava sentada desajeitadamente no banco do carro. – Não me obriga a te puxar daí!

Renata mal colocou o pé no chão e se desequilibrou, mas graças ao bom reflexo do rapaz, ela não caiu.

- Eu estou bem... – Murmurou, tentando evitar o contato físico com Rafael. – Não sei pra que tanta preocupação.

- É tão difícil assim agradecer ao que eu faço por você?

- Como você é chato quando eu estou bêbada, Rafael.

Ele revirou os olhos e abriu a porta de sua casa. Renata entrou, mas como estava bêbada demais para avaliar o lugar, rapidamente foi para o sofá se sentar, um sorriso torto no rosto rosado e suado, os olhos castanhos brilhavam.

- Nem senta, eu vou ligar pra Tess vir aqui!

- Pra que??? Não quero sermão. – Ela foi se deitando aos poucos e passou a mão no estofado macio do sofá escuro. Ignorou o enjoo que começara a sentir e se arrependeu de ter misturado tanta bebida.

- Para vir te dar banho.

- E você precisa da Tess para me dar banho?

Rafael piscou os olhos duas vezes, confuso. “Ela tem razão” – Pensou, ao segurar a mão dela e puxa-la do sofá. Renata passou a mão pela cintura dele e deu um beijo em seu pescoço.

- Renata...

- Eu sei que você quer.

- Você tá bêbada e quando acordar vai xingar até a quarta geração da minha família por isso.

- E daí? Quem liga pro depois? – Renata empurrou Rafael contra a parede e o beijou seu pescoço.

- Você liga. E eu também não vou fazer nada com você bêbada.

- Por que?

- Porque, como eu disse, você vai se arrepender amanhã e eu não quero. Simples. – Ele a afastou, gentilmente e sorriu. Renata bufou, com raiva. Os dois subiram as escadas rumo ao quarto de Rafael. Ao entrarem, mais uma vez a garota surpreendeu-se.

- Uau, eu achava que veria uma suíte com fotos de mulheres nuas ou qualquer coisa assim... – Comentou, dando uma risada longa. – Não sei, uma calcinha perdida no chão, um sutiã.

- Engraçadinha você.

Rafael sabia que por maior que fosse o seu desejo por Renata, esse não era o momento que devia pensar nele, mas sim, nela. Não sabia como agir e se sentiu ridículo por isso.

- Hã...

Renata balançava a cabeça, totalmente sem noção do quanto estava sensual aos olhos do rapaz. Ela ficou de costas para ele e apontou para o zíper do vestido.

- Abre pra mim? – Ele se aproximou dela, mas manteve uma curta distância que foi cortada pela garota. Com os corpos colados, Rafael sentiu um fogo inexplicável o invadir quando ela deitou a cabeça em seu ombro.

- Renata...

- Oi...

Ele a ajeitou para terminar de tirar o vestido, que deslizou por seu ombro, caindo sob os pés. Antes que pudesse evitar, Renata se virou, pressionando seus lábios aos dele, que não teve como rejeitar. O desejo o traía.

- Para... – Ele murmurou, entre os lábios dela, que tentava a todo custo erguer a camisa dele. – Renata, você tá bêbada, cara! Tudo bem que você fica muito sexy e provocante quando tá bêbada, mas não... – Ele a afastou com delicadeza, guiando-a até a porta onde ficava o banheiro de seu quarto.

- Por que quando eu estou bêbada você fica tão chato? – Perguntou, jogando o vestido no pé para o outro lado do quarto. Rafael engoliu seco ao vê-la seminua.

- Porque acredite você, eu me importo com o que você pensa de mim.

- Blá, blá, blá! – Renata se apoiou na parede, apesar da bebedeira estar diminuindo ela ainda se sentia tonta. Rafael ligou o chuveiro, e não teve como evitar quando foi puxado para dentro. – Opa!

- Puta que pariu, Renata! – Renata o puxou para o lado da parede, o impedindo de sair. – Renata!! – Ela mordeu o lábio de Rafael, que jogou as mãos pra trás quando viu o que a garota pretendia fazer. – Amanhã você vai se arrepender e me odiar.

- Cala a boca. – Renata foi se abaixando aos poucos e abrindo o cinto da calça dele.

- Você sabe que é verdade. – Rafael a segurou pelo ombro, tentando levanta-la, e quando conseguiu, ela o beijou novamente, e não desistiu até vê-lo corresponder a sua insistência.

Era um jogo comandado por Renata, que surpreendentemente sabia o que estava fazendo. Ela tirou a camisa do rapaz, e passou a unha por seu peito nu, e tentou não fixar no olhar de Rafael, que a encarava com suas intensas e provocantes íris verdes, como se perguntasse com os olhos até onde a ousadia dela iria.

Renata deslizou a mão até a calça dele e fez movimentos de vai e vem. Rafael jogou a cabeça pra trás e se esqueceu por alguns minutos de seus receios. A garota sorriu maliciosa ao ver a boca dele meio aberta e os olhos fechados, vivenciando uma onda de prazer única. Logo Rafael estava completamente excitado com as carícias de Renata, que estava possuída por um desejo de fazer o rapaz delirar com ela.

Ele ficou somente de cueca, deixando-a novamente impressionada com o tamanho de sua excitação. Foi então que Rafael a puxou para ele, mas de costas e foi a vez dele comandar o momento.

- Eu sei o que você tá pretendendo, Renata... – Murmurou, ao pé do ouvido dela e mordeu o lóbulo de sua orelha. Ela novamente deitou a cabeça no ombro dele e guiou as mãos masculinas a sua costela. – Não faz isso...

- Faço...

Rafael massageou os seios dela lentamente, beijando o seu pescoço e controlando seus próprios instintos, girou o corpo da garota, deixando-a cara a cara.

- Para de resistir... – Renata murmurou, beijando-o com carinho. Ela segurou seu rosto e viu a expressão de Rafael se tornar atordoada.

Ele a afastou, saindo do chuveiro em silêncio. Renata respirou fundo e sentiu os olhos piscarem várias vezes em seguida veio uma vontade inexplicável de chorar que nem ela mesma sabia de onde nascera.

Renata saiu do chuveiro alguns minutos depois, Rafael deu uma toalha a ela, que se trocou com as roupas dele. Nenhuma palavra foi dita sobre o acontecido no banheiro. Ele sabia que sua ação poderia ser interpretada de duas formas, mas não se arrependeu.

- Renata. – Murmurou, vendo-a terminar de se vestir. Ela só respondeu depois de um longo tempo.

- O que é? – A bebedeira passara mas o mau humor veio em troca. – Quer bancar o correto em mais alguma coisa ou eu posso dormir e acordar te odiando novamente?

A agressividade dela não o assustou. Rafael apenas sentou-se sob a cama e deu um longo suspiro. Renata foi para o outro lado e se deitou em silêncio. Ele só conseguia ouvir a respiração tensa da garota.

Renata esperava que Rafael deitasse ao seu lado, mas quando o viu se levantar e sair do quarto foi semelhante a levar um soco no estomago. A luz foi desligada e novamente só a respiração tensa dela era ouvida, até transformar-se num choro baixo e ela chorou até adormecer.

Pela manhã Rafael entrou em seu quarto e encontro Renata dormindo toda encolhida na cama, os cabelos tampavam os olhos e ele mal conseguia ver os lábios dela. Queria acorda-la, mas não sabia se estava preparado para o momento, então se despiu em silêncio e entrou no chuveiro.

Quando saiu algum tempo depois, Renata estava sentada na cama, os olhos sonolentos, os cabelos desgrenhados e parecia confusa. Seu olhar encontrou o do rapaz, depois ela olhou a toalha que o cobria.

- Como você está? – Rafael perguntou, indo em direção ao seu guarda-roupa.

- Acho que bem. – Respondeu, honesta. Ela observou Rafael se trocar e nudez dele a fez lembrar de cenas da noite passada. – Eu quero ir embora se não for abusar muito da sua adorável paciência.

Rafael já de cueca, a encarou com a sobrancelha arqueada. Renata teve que desviar o olhar.

- Eu a levarei pra casa depois que você comer alguma coisa.

- Isso faz parte do pacote Rafael correto que quer mostrar isso pra Renata? – Ele vestiu a camiseta com raiva, mas tentou não demonstrar. Sabia que a reação dela ao acordar não seria das melhores, mas não sabia que seria desse jeito. – Porque era isso que você queria me provar ontem, não era?

- Claro que era! – Rafael concordou, irônico. E forçou um sorriso ao colocar a calça jeans. – Eu não transei com você bêbada pra você achar que eu tenho algum caráter e admitir que está apaixonada por mim.

Renata abriu a boca duas vezes, mas não conseguiu dizer nada. Ela balançou a cabeça, atordoada. Rafael se aproximou dela.

- Sim, Renata você está apaixonada por esse canalha aqui que você mesma criou na sua cabeça.

- Eu não estou apaixonada por você. – Ela tentou ser firme em suas palavras, mas acabou falando quase num fio de voz. Rafael riu, amargurado. – Eu quero ir embora, Rafael.

- Você quer ir embora? Então vai! Quem está te impedindo? – Descontrolado, Rafael chutou seu guarda-roupa, depois a olhou. – Qual é a droga do seu problema garota? Você é incapaz de aceitar que está apaixonada por mim por orgulho?

- EU NÃO ESTOU APAIXONADA POR VOCÊ!

Foi nesse momento que Rafael a puxou da cama sem se importar se a machucaria ou não. Ele a segurou pela cintura, tentando se desviar dos tapas e da resistência feminina, até que cansado, a jogou na cama e segurou seus braços. O beijo foi retribuído depois da garota saber que seus esforços seriam inúteis. Para Rafael, a maior surpresa foi Renata chorar enquanto retribuía ao beijo.

- Continue mentindo então. – Ele se jogou pro lado, mas a puxou, deixando-a em cima dele. – Olha pra mim. – Renata escondeu o rosto com a mão. – Eu estou falando pra você olhar pra mim!

Quando as íris castanhas fixaram-se aos olhos verdes, Renata chorou ainda mais.

- E eu vou falar algo que você não quer ouvir.

- Rafael não!! – Ela exclamou, tentando se soltar da prisão física dele. – Por favor...

- Eu estou apaixonado por você, Renata Mendes. Eu estou completamente na sua. Ou seja lá como se diz esse tipo de coisa. – O rapaz sentou-se com Renata em seu colo, a garota automaticamente deitou a cabeça em seu ombro. – Eu não quero fazer você chorar.

Rafael segurou seu rosto carinhosamente e sorriu, secando as lágrimas dela. Dessa vez ela o beijou por vontade própria, pressionando-se a ele como se pudesse transforma-los em uma coisa só. O beijo esquentou num ponto tão perigoso que nenhum dos dois conseguiam parar. E nem queriam. Ela se permitiu por algum tempo esquecer seus medos, mágoas e traumas. Precisava de Rafael. Só não sabia como lidar com a combustão que era os seus sentimentos por ele.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 19/06/2015
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T5282053
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