Segunda-feira - Capítulo 10

Capítulo 10

Rafael num desespero silencioso tentou se afastar do abraço de Adriana. Ele sabia que em algum momento Renata o veria e sabia, que como sempre ela não reagiria bem a chegada de sua noiva.

- Amor!! Que saudades! – Adriana o beijava repetidamente pelo rosto. Ele ainda viu quando Tess o olhou, confusa. – Ai, Rafa! Como você não me conta que está fazendo uma festa pro aniversário?

Pensando rapidamente o rapaz abraçou a noiva e sibilou um “vai atrás da Renata” para Tess, que entendeu e fez o que ele pediu.

- Oi, Adriana. – Ele a olhou, forçando um sorriso. – Como soube da festa? – Perguntou, tentando ser o mais natural possível.

- Sua mãe que me contou! Eu até fiquei surpresa, pensei que você não gostasse mais de comemorar aniversário!

Naquele momento Rafael teve certeza de que não podia odiar Adriana pelo compromisso forçado. Ela não tinha culpa. Os dois eram vítimas da loucura dos pais dele.

- Ah sim! – Ele beijou a testa dela. – E onde está minha mãe?

- Eu não sei. Ela disse que ia pegar uma água e sumiu! Acho que já foi embora. Porque?

- Adri... – Murmurou, sabendo que as palavras carinhosas eram a forma mais correta de não deixar a situação sair do controle com a noiva. – Vamos fazer o seguinte. Eu já estou indo embora da festa, que tal você ir na frente e me esperar no seu apartamento?

- Ah! Por mim tudo bem, eu estou super cansada da viagem.

- Então nos vemos lá, tudo bem? – Ela assentiu, dando um selinho no rapaz. E foi embora, tão inocente quanto chegou.

- Primeiro: corre. E segundo: se prepara. – Ao ouvir a voz de Ben, Rafael deu um suspiro, tenso. – Elas estão no banheiro.

- Você viu a minha mãe? – Perguntou Rafael, a voz curiosamente muito controlada.

- Não, mas a Renata viu. Como sua mãe soube da festa?

- Creio que ela seguiu a Renata ou mandou alguém seguir.

Ben deu dois tapinhas amistosos nas costas do amigo. Rafael respirou fundo e seguiu até o banheiro feminino. Quando abriu a porta encontrou Renata sentada no chão com Tess ao seu lado, segurando sua mão.

Renata não chorava, mas o olhar estava distante, perdido. Tess ao ver Rafael se levantou e saiu, em silêncio. Ele encostou na pia, e respirou fundo procurando palavras para falar com a garota.

- Era por isso que você estava tão tenso naquele dia que eu fui até seu escritório e vi sua mãe, não é? – Ela perguntou, sem esconder a tristeza em sua voz.

- Sim. Eu sabia da volta de Adriana.

- E você não ia me falar, suponho.

- Não, da mesma forma que você se viu no direito de não falar que minha mãe foi até a sua casa.

- Uau, Rafael! – Ela exclamou, se erguendo, numa força que não sabia de onde viera. – Você é realmente um cara impressionante. Agora vai me dizer o que? Que não vai ficar comigo por conta da sua noiva.

- Não, Renata. Eu diferente de você sei bem o que quero da minha vida!

- E o que você quer, Rafael Pellegrino?

- EU QUERO VOCÊ, RENATA!

A declaração furiosa fez Renata se encolher. Havia uma sinceridade agressiva nas palavras dele. Rafael colocou a mão no rosto, estava cansado das brigas, do temperamento complicado da garota e de todas as suas dúvidas.

- Eu já disse isso e voltei atrás. Primeiro porque eu sou um idiota, segundo porque você também é uma idiota. E... Além do que eu preciso de você. – Ele tirou a mão do rosto por um momento, e a garota pode ver que seus olhos verdes brilhavam. – Só que eu não aguento mais, Renata. Eu simplesmente não aguento mais ficar com dúvidas.

- Rafael...

O rapaz deu um longo e tremulo respiro. Diferente das outras situações, ele sentia-se pronto para acabar com tudo, se fosse necessário.

- O que você sente por mim, Renata?

Os dois trocaram um longo olhar. A boca de Renata abriu e fechou várias vezes, procurando o que falar, mas as palavras não saíram. “É só falar, vamos lá! Você o ama! Ele precisa saber.” – Uma voz dizia em sua cabeça. A respiração de Rafael tornou-se ainda mais tensa, aguardando as palavras dela que não pareciam sair nunca. Ele balançou a cabeça por um tempo, até que saiu em passos lentos do banheiro. Quando o viu fechar a porta, Renata se levantou, desesperada. Seu coração batia dolorosamente e as mãos tremiam muito. Iria perder Rafael. Ela correu pelo pub, mas perdera Rafael de vista. Só conseguiu avista-lo já a caminho de seu carro. Ela correu mas acabou tropeçando, ficando de joelhos na grama que dava entrada ao pub. Mal conseguia enxergar por conta das lágrimas que caiam sob seu rosto, sentia frio e uma dor inigualável, mas iria falar. Precisava falar.

- RAFAEL! – Gritou, fazendo-o parar. Ele não se virou. Renata mordeu o lábio, nervosamente.

- O que é? – Perguntou, olhando-a com raiva.

- Eu te amo! – Ela limpou as lágrimas com a mão direita. E levantou-se do chão, lentamente, pois seu corpo inteiro tremia.

Foram necessários alguns minutos para Rafael processar a declaração que ouvira. Ele viu Renata vir em sua direção e não soube como reagir. Sentia-se idiota por isso, mas o choque não o deixava falar todas as coisas que queria. Ela tocou seu rosto suavemente e o abraçou.

- Eu te amo muito, Rafael Pellegrino. Eu amo você mais do que já pensei ser capaz de amar alguém.

- Renata... – Rafael segurou seu rosto, para olha-la. As íris castanhas tinham um brilho de alívio. O rapaz sorriu, sentindo o seu próprio alivio levar todas as suas dúvidas embora. – Casa comigo? Vamos ter 2 filhos e eles serão lindos! Nós podemos fazer uma garagem bem grande pra você consultar lá! Eu compro um carro maior para colocarmos cadeirinha para as crianças! – Renata riu quando ele a apertou em seus braços e continuou falando sobre o futuro deles de forma que parecia tudo ser possível. “E porque não poderia ser?” - Perguntou-se a garota, beijando o rosto de Rafael, que não parava de falar, emocionado. – Você não está me ouvindo.

- Estou sim.

- Ah é? E o que eu disse então, espertalhona?

Renata o encostou no carro e deu um selinho nele.

- Eu ouvi você me perguntando se eu quero sair daqui...

O rapaz deu um sorriso de canto entendendo a mensagem por trás das palavras dita.

- Foi exatamente o que eu disse...

Os dois entraram no carro e partiram em direção a uma noite que antecedia um verdadeiro divisor de águas na vida deles.

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Prévia do próximo capítulo

" - Dois dias! – Exclamou ele, a voz sem vida. Olga quis abraçar o filho, mas sabia que não era a hora. - Dois dias para acabar com a melhor história que vivi em 23 anos. Isso só pode ser um pesadelo. "

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 27/06/2015
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T5291189
Classificação de conteúdo: seguro
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