Segunda-feira - Capítulo 15

Capítulo 15

Recebi uma ligação de Tess no meu horário de almoço. Ela estava completamente ansiosa por informações de como fora o meu dia ao lado de Rafael. E como sempre eu encarava a aliança em meu dedo e ela parecia me encarar de volta também.

Relatei a Tess sobre meu reencontro com Rafael.

“Eu xinguei tanto o Ben, você não tem noção!”

- Posso imaginar. – Dei um meio sorriso. – Ele fez o que o amigo pediu, não esperava menos caso fosse você.

“É. Mas e aí? Como fica o seu jantar de noivado?”

- Alexandre está para voltar de viagem.

“Não foi o que eu te perguntei, Renata... Não se faz.”

- Eu não sei o que acontece comigo e com o Rafael, Tess. Eu sinceramente não sei. Eu disse um monte de coisas, sabe? Falei claramente que eu ainda o amava, mas que não podia largar tudo por ele.

“E então você vai firmar um compromisso com outro sem amor.”

- Ah, qual é! Você foi a que mais me incentivou a ficar com o Alexandre.

“Você vai casar com outro homem mesmo sabendo que ama o Rafael.”

- Tess.

“Renata, só você sabe o inferno que passou nesses 5 anos. Das crises de choro que teve, das noites de insônias e até das alucinações por causa dele. E agora que ele está ai você vai deixa-lo ir embora.”

- TESS!

“Renata!”

Balancei a cabeça, nervosa. Por um lado, ela está certa. Por outro, completamente errada. E eu pra variar estou completamente perdida.

“Eu não vou ficar te pressionando, mas acho importante você saber que Rafael, se não ficar contigo pretende ir embora do país.”

- O que?

“Bom, desligando... Te espero para jantar mais tarde. Beijinho.”

- TESSÁLIA!!

E ela desligou. Isso porque é a minha melhor amiga. Imagine se não fosse. Que droga, quando foi que o mundo girou desse jeito e ficou nas minhas mãos o meu destino com Rafael?

Algumas horas depois terminei meu expediente de trabalho e na hora de ir embora resolvi ligar para Rafael. Ele voltou com o antigo número, e sabe-se lá porque eu mantive o número salvo nos celulares que tive durante os anos. Combinamos de nos encontrar no apartamento dele.

Quando cheguei, ele estava na cozinha. E sim, cozinhando. E sim, era uma cena que eu preferia não ver.

“Deus do céu, ele precisa mesmo ser tão bonito?” – Pensei, o observando de costas.

Rafael usava uma calça moletom preta, camisa regata branca daquelas bem usadas que a gente só veste pra ficar em casa. Os músculos das costas pareciam mais fortes, e eu concluí que ele talvez seja o único homem que conheço que consegue ser bonito também de costas.

- Renata?

- Hum?

- O que foi? – Ele se virou, confuso enquanto observava minha expressão perdida. Fiquei ao lado dele.

- Nada, eu só estava te olhando...

Rafael parou na minha frente e deu um sorriso cálido, depois segurou meu rosto com suavidade. Eu respirei fundo, querendo ter algum controle pra falar tudo o que eu deveria, mas como sempre eu falhei. Puxei ele com força e o beijei.

- Você quer me perguntar alguma coisa, não quer? – Ele perguntou, em meio ao beijo.

- Quero.

- O que é?

- Você vai embora do Brasil? – Rafael deu um passo para trás. A resposta estava bem estampada em seu rosto. – Por que?

- Porque não tem mais sentido eu viver aqui. Não sem você.

- Rafael você sabe que não precisa disso!

- Tem certeza que não?

- Não!

- Renata.

- Que droga! – Eu dei um empurrão leve nele, mas acabei sendo abraçada a força. – Você não tem que ir embora.

- Shiu... – Ele me guiou até a mesa. - Vamos discutir depois, o que você acha?

- Não, Rafael... – Fechei os olhos quando senti os lábios dele em meu pescoço.

- Me deixa aproveitar os últimos momentos que tenho ao seu lado...

Fui sentada sob a mesa da cozinha. Olhei em seus olhos procurando toda a veracidade daquele pedido e não tive como recusar. Só que novamente traída por meus sentimentos tive um tipo de pânico interior em pensar na despedida de Rafael. E acabei dando outro surto, com raiva.

Empurrei ele novamente e desci da mesa.

- VOCÊ SABE QUE NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO, DROGA! VOCÊ NÃO PODE DEIXAR NA MINHA MÃO O NOSSO DESTINO! EU FIQUEI 5 ANOS LONGE DE VOCÊ, PENSANDO, DESEJANDO E REVIVENDO VOCÊ A CADA DIA! – Rafael apenas me ouvia, sem esboçar uma reação que eu pudesse julgar. - VOCÊ NÃO ESTEVE NA APRESENTAÇÃO DO TRABALHO QUE ME AJUDOU, NEM NA MINHA FORMATURA, VOCÊ PERDEU TANTA COISA DA MINHA VIDA E AGORA VENDO NÓS DOIS AQUI SABE O QUE EU SINTO?

- O que?

- Como se tivesse que ser desse jeito... – Baixei o tom da voz. – Assim, você me fazendo inesgotavelmente feliz. E o pior é que... – Pisquei várias vezes tentando controlar as lágrimas que queriam descer. – Você não faz esforço para isso. E eu fico com raiva tentando lembrar de coisas ruins que passei por sua casa, mas... – Limpei as lágrimas que começavam a dificultar minha visão. – Eu não consigo. Ai meu Deus, eu prometo a mim mesma que não vou dar mais crise e não consigo.

Rafael desligou as panelas que estavam no fogão e tranquilamente pegou uma taça de vinho e me deu.

- Eu quero que você seja feliz, Renata. Independente da sua escolha.

- Como você é nobre! – Provoquei, rindo de canto. Ele me abraçou devagarinho, quase que perguntando com o corpo se podia ou não. Eu o olhei, de baixa guarda.

- É claro que por mim eu fugiria daqui com você, mas sigo sendo um homem nobre que respeita a escolha da mulher amada.

- Parece que o jogo virou, não é?

- Parece que sim...

E voltamos ao ponto inicial, a mesa. Fui deitada aos beijos na fria mesa de mármore.

- Fecha os olhos. – Ele pediu, a voz tão sensual que automaticamente me subiu um calor. Obedeci.

Primeiro ele abriu os botões da minha camisa, passou o dedo indicador pelo meio dos meus seios e depois desceu até minha barriga. Eu soltei uma exclamação quando senti um líquido deslizar entre meus seios, o que me fez gemer alto quando Rafael chupou o vinho. O que parecia uma tortura deliciosamente ruim, só piorou quando ele foi descendo os “beijos” (será que eu devo chamar mesmo de beijo?) por um caminho perigoso demais.

- Se você soubesse o quanto eu te acho linda, Renata... – E então ele me puxou com pressa e rasgou no sentido mais literal possível a minha camisa. Eu normalmente o xingaria, mas achei a cena tão sexualmente selvagem que acabei gostando mais do que deveria. Esse é um dos problemas de amar alguém que tem um poder irreversível sob você.

- Você quer mesmo fazer sexo em cima dessa mesa?

- Quero. Aqui e agora.

E por um tempo eu experimentei um tipo de prazer já conhecido, mas muito mais intenso, muito mais quente, preciso. Rafael que já me conhecia bem, parecia saber cada vez mais como me enlouquecer com suas formas de explorar em mim a mulher que só existia única e exclusivamente para ele. Começamos na mesa e paramos no quarto dele. Eu não conseguia nem respirar direito, mas Rafael permanecia ali tranquilo, os olhos ardendo de desejo.

- Você não cansa?

- Eu não e você?

- Eu estou cansada, nem vem. – Virei de lado, para fugir do olhar predador dele. – E outra, eu tenho que ir embora.

- Ah, mas não vai mesmo... – Ele encostou o queixo no meu ombro e depois deu uma mordidinha de leve. Eu o olhei, séria. – Sei que você tem uma decisão a tomar, mas vamos fingir que isso não nos afetara para sempre. – Rafael me deu um selinho rápido. – Por favor?

- Ok! Só mais um pouquinho então.

E esse pouquinho acabou se tornando mais uma noite ao lado dele. E eu só conseguir ir embora de manhã depois de muito esforço para tirar seu corpo preguiçoso de cima do meu.

Enquanto me trocava o observei dormir relaxadamente. Era tão bonito vê-lo ali. Estava de costas com todos os músculos perfeitamente torneados a mostra, as pernas jogadas desleixadamente. Meu coração disparou, mas de um jeito bom.

- Eu podia ficar o dia todinho vendo essa cena. – Balancei a cabeça, tentando afastar a plenitude que me invadira. Saí do quarto em silêncio, peguei minha bolsa e meu casaco e fui embora num silêncio esmagador que não escondeu a angustia da decisão que eu precisarei tomar.

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Oi gente!! Desculpa a demora nas postagens. Estou finalizando S.F e já organizando pra iniciar "Um Dia" minha nova história.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 22/07/2015
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T5319409
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