A PARTIDA - PÁGINA 1

A PARTIDA GUSTAVO BRANDENTE

FOLHAS QUENTES COMO VERÃO.

Era fim de tarde, o céu glorioso já se dispunha em despedida.

Os dois irmãos Henzel se alocavam agora no lado de trás da casa,

onde existia uma pequena elevação de terra que possibilitava aos dois jovens,

sentar-se ligeiramente acomodados. E como costumeiramente faziam todos os dias à tardinha,

ligaram o rádio e começaram a ouvir as notícias.

Johnnatan era um adolescente campônio com sotaque característico de sua cidade,

se abordava em uma estatura mediana, sempre aparentando uma palidez pouco sadia

para a sua idade, com feições lusitanas no rosto e olhos com cores vivas porém profundas.

Seus lábios eram desprovidos de toda sorte de cores vermelhas, e simpatizavam a um rosa

cerúleo. Ele mantinha um olhar fixo e uniforme apontando para a paisagem que resplandecia a sua destra, Johnnatan passou anos olhando a mesma e penumbre paisagem todos os dias.

Os campos pobremente floridos e as árvores de grande porte disputavam lugar com casas de madeira precária e velha, mas que davam um ar de soberania singela para as construções.

E que por algum motivo, brincavam com a jovem mente de Johnnatan.

Em sua maioria, os habitantes se dividiam em imigrantes de outros países e parte da população mais simples da região. Era uma vila, se por minha conjetura talvez a chama-la de uma cidade fosse mais apropriado. Mas que em todo caso se tornaria com o passar do tempo.

Isso pois o seu dedicado prefeito, mantinha posições políticas guinadas ao Movimento Capitalista Revolucionário, aquele que por prática elevou a pequena vilinha a um patamar mais alto. As indústrias metalúrgicas começavam a se instaurar dentro da vilinha, gerando assim muitos empregos. Parte da população que trabalhava nos campos começou a trabalhar nas indústrias de base. Isso atraiu muitas pessoas de diferentes localidades para a vilinha de nome Braga. Mesmo com os gracejos do MCR, muitos moradores temiam espantosamente que algo de ruim acontecesse a cidade de Braga. Os empenhos da governança começavam a trazer enfim resultados diversos a Braga, que estavam-na adornando com um grande lençol florido.

O Irmão de Johnnatan Henzel, chamado Petter Henzel. Sendo irmão mais velho de rosto franzino quase aparentando velhice, ocupava seu tempo trabalhando como comerciante em uma loja de sapatos. Seu rosto era bem largo com sobrancelhas altas e grossas, era um homem com verdadeira vocação a vendas no comércio, desde sua entrada na empresa

Darly&Son (Artigos de couro), começou um aumento repentino nas vendas. O senhor Guibber, relatava sobre Petter como um homem abençoado pelos santos. E de grande perícia nas palavras. Sim, formidavelmente era um homem de empenho rústico e aparentava sempre estar sério. Por tal forma de agir, era mal-encarado por uma parcela de pessoas envoltas dele.

Enfim, agora relatadas as diferenças entre os irmãos, devemos nos dobrar a atenção de volta aos pensamentos torpes de Johnnatan, que ainda iludido pela vasta e não muito densa paisagem a sua frente. O céu azul escuro tomava forma na frente dos dois irmãos, fato ainda não percebido por Johnnatan que observava as cores praticamente estáticas no horizonte.

Porém, apenas um bom observador dos campos celestes conseguiria ver com os olhos a transição que o dia faz para a noite. Não muito escuro ficava, e já era possível notar que algumas casas já haviam ligado as luzes, assim como se estivessem se preparando para uma longa noite pela frente.