TERRA DO NEM

Futurando foi enviado para um lugar muito estranho tudo era sem sentido, nem mesmo o sol do dia, nem as estrelas da noite revelavam qualquer sentido de ser. Nada abaixo dos céus existia, tudo era um imenso deserto a perder de vista. Ele pensou: “estou num planeta vazio vindo do passado para o futuro.” Naquele gigantesco planeta nada existia nem árvores, nem rios, nem pássaros, nem borboletas, nem ovo, nem sementes, nem sonhos, nem vida alguma, nem nada. Ele ficou apavorado diante de uma terra tão vazia sem cores, sem brilho, nem ele entendia como havia chegado ali. Futurando trazia na mochila o desafio de viver no futuro.

Os olhos de futurando reviraram tudo ao redor. Nada encontrou nem natureza morta, nem casas, nem estradas, nem vasos, nem fósseis, nem nada e se foi fazendo estradas pelo deserto. Andou léguas e léguas a procura de um lugar que lhe amparasse, mas nem pedra encontrou porque nem cavernas existiam. Para esperança de futurando, de longe ele avistou um fio transparente e às pressas se aproximou, era apenas um pó fino e ralo incapaz de ficar preso entre os dedos, ao qual ele batizou de poeira do tempo.

O fim do dia enfadonho se aproximava e o alívio daquele sol escaldante, expressivamente chamado de braseiro reluzente, acariciava o cansaço do andarilho, pois a noite caia e nela a esperança de um refrigério. As horas da noite são passageiras voam como pássaros em revoadas a procura de chuvas; Futurando sente arder os ossos, por consequência de uma noite que começou fria tornou-se gelada e nada tinha para se aquecer, nem sonhos.

A Terra do Nem, nem para morrer servia, nem viver seria possível, nem Futurando sabia o que fazer. Durante o dia ardia em fogo, durante a noite ardia em gelo. Ar, dia. O sol renasce e sem fadigas Futurando pensou, “é tempo para recomeçar.” Os seus olhos mais uma vez reviraram tudo, mas dessa vez a reviravolta foi por dentro de si, ele bem entendeu ser a única vida existente na Terra do Nem, precisava fazer algo urgente. Pois durante toda a vida havia esperado o futuro chegar e chegou assim de mãos vazias, sem nem um pé de quê. Não podia ser. Antes mesmo de o braseiro reluzente agir com força e poder, Futurando traçou o plano sobre o plantio de uns pés de quê.

O braseiro reluzente em sua majestade fez Futurando derreter, este com bravura semeou sementes de vários pés de quê e com suor foi regando um a um. As sementes eram todas de Pé de letras, com os dias Futurando, fez pequenas mudas e dali nasceu tantos outros pés de quê. Pé de palavras, pé de poemas, pé de sentimentos, pé de lembranças, pé de cores só não plantou mesmo pé de gente, porque pé de gente é complicado para nascer, precisa ser especialista nesse tipo de plantio, pois gente quando nasce quer crescer para todos os lados sem medidas e sem limites. Futurando sabia mesmo era lidar com letras, isto sim fazia com habilidade, acreditava ser o futuro bem melhor usando letras para formar os detalhes da vida e assim, adocicar palavras a serem usadas no momento certo.

No futuro o tempo também passa para novos futuros nascerem. Futurando muito além do tempo, viu seus pés de quê frutificando e nem o menor dos pés deixou de frutificar. Ele viu sorrisos de crianças embaixo do pé de letreiras, ali florescia um mundo lúdico recheado de imaginação e alegria. Sob o pé de palavreiras mulheres bordavam sonhos e homens traçavam planos e projetos de famílias. No balanço pendurado na frondosa copa do pé de poemeira, os enamorados apresentavam num beijo suas almas e recebiam a brisa cativante do pé de sentimenteiros, numa toalha estendida na grama verde aos pés da lembraceira as avós tricotavam as saudades e boas lembranças da vida. Eram tantos pés de quê, que nem mesmo futurando pode mais dar conta e sinceramente, todos os pés de quê nasceram da iniciativa de Futurando de plantar um pé de letras.

O futuro chegou, é tempo de ser um Futurando. A terra do Nem, nem se preocupa, porque sabe que ganhará mais um bom pé de quê.

ielandia jacinto e Ielandia
Enviado por ielandia jacinto em 18/08/2016
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