Um indio na minha rua.

Um índio na minha rua.

Era final dos anos 60. Dia 19 de abril.

Um índio apareceu na nossa rua. Sentou-se numa esquina da Rua 1° de maio com a Monego.

Era índio mesmo. Até nos trajes. Ficou horas e horas de cabeça baixa. Eu sei porque da janela nós o avistávanos.

Os pais diziam a todos os meninos pálidos. Não saiam na rua.

O índio mata!

O índio mata!

De onde veio aquele índio triste?

Até hoje eu não sei.

Será que foi da minha imaginação juvenil?

Só sei que nunca mais foi visto na nossa rua.

Hoje já adulto. Reflito.

Nós caras pálidas.

O matamos!