a gente não foi feito pra dar certo.

a gente não foi feito pra dar certo.

era isso que eu pensava toda vez que ficava feliz demais por estar contigo.

eu sempre tive medo do carma que eu achava que perseguia minha família quando se tratava de amor e deixei isso me afetar.

em agosto do ano passado eu não queria ser exclusivamente sua. eu queria aproveitar o momento, mas sem deixar de conhecer outros caras e sair com eles.

eu me diverti saindo de madrugada da sua casa sem que sua família soubesse que eu passei por ali.

me diverti chegando na universidade cansada pela noite que tivemos e quando dava de cara com você nos corredores, fingindo que eramos meros conhecidos, pra ninguém desconfiar.

em setembro, eu me diverti comendo lasanha com coca zero com você na sala da minha casa, enquanto minha cachorra implorava sua atenção e eu fingia ter ciúmes dela.

me diverti escolhendo filmes de ação que eu nunca me interessaria pra assistir, mas que acabei cedendo só pra te agradar.

me diverti com nossas conversas no meio da noite, com sua posição ao dormir e com seu costume de pegar na minha cintura discretamente sempre que queria mais as três da manhã.

em outubro, eu me aborreci porque descobri que você ainda conversava com sua ex e foi à uma festa em que ela estava. tentei descontar te contando que beijei quatro caras numa festa da faculdade, mas me aborreci por você não dar a minima e ser bem claro sobre nossa (não) relação.

me aborreci porque eu queria te ver todas as noites, mas você precisava dormir cedo por que ia estagiar no dia seguinte.

me diverti pouco nesse mês. e senti alguma coisa mudar em mim. eu só não sabia o que era.

em novembro eu entendi. entendi e não quis aceitar, mas minha personalidade já não conseguia fingir um sentimento tão forte e eu acabei cedendo, te contando sobre tudo o que eu queria pra nós dois.

cedi minha vida, meus sentimentos, meus desejos, minhas metas e meus medos.

mas você não soube lidar com meu excesso.

em dezembro eu chorei de saudades.

passamos muito tempo sem nem nos esbarrar na faculdade e quando eu te questionava sobre o que - já não - eramos, você dizia que estava sem tempo pra falar disso.

ignorei meus amigos, ignorei os avisos e ativei o pensamento de que tudo aquilo era carma.

passei a acreditar que meu destino já estava escrito e que ele dizia que eu ia morrer sozinha. sem amor, sem companhia.

o ano acabou e eu achei que meu sentimento não ia demorar a acabar também. você sumiu de verdade. me afastou, me bloqueou, me desconectou da sua vida.

em janeiro passei a acreditar que tudo o que vivemos foi bom pra você também. e que talvez a gente se encontrasse de novo mais pra frente e dessemos continuidade de onde paramos.

mas me enganei.

você seguiu a vida mais rápido do que consegui imaginar.

e me destruiu mais uma vez.

em fevereiro, eu não tinha mais vontade de conhecer ninguém. as pessoas que eu mantinha contato não eram suficientes pra mim. eu me desprendi do que eu achei que era e me senti perdida.

me fragmentei por você e não soube juntar os pedaços.

o tempo passou e sua ausência ainda dói. mais fraca, é claro, mas ainda sinto.

eu sei que se eu o tivesse de volta, você não preencheria o buraco que deixou.

ontem lembrei de você numa conversa com algumas amigas e antes de dormir, sentada na varanda olhando pro céu, eu desejei, pela primeira vez, que meus sentimentos fossem levados embora.

hoje eu acordei entendendo um pouco mais de mim e acreditando que a vida não é escrita pelo destino.

não sei ao certo se carmas existem, mas eu não quero mais deixar essa história me consumir por dentro.

hoje quem vai escrever o futuro sou eu. mesmo que eu não saiba muito bem as palavras que precisarei usar.

só preciso de um pouco de… tempo.

Eryka Taynna
Enviado por Eryka Taynna em 24/11/2019
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