A Cidade dos Corvos - Jame's

Tudo ficou claro novamente, eu estava respirando, ainda estava vivo, porém, não estava mais na cidade cinzenta.

-Ele acordou. - falou uma voz Masculina.

-Doutor foram 5 horas de pane, ele simplesmente morreu e reviveu. - falou a enfermeira.

-Devemos fazer exames, ele não pode ter um novo colapso. - falou o doutor preocupado.

-Precisamos averiguar tudo, esse rapazinho está nos dando problemas. - falou a enfermeira.

-Por hora, deixamos ele descansar. - falou o doutor e a porta bateu.

Eu estava sozinho,entubado, trêmulo, será que alguém poderia me ajudar? Eu precisava manter a calma, precisava respirar fundo,eu precisava entender que eu iria ficar bem, que uma garota precisava ser salva, mesmo não sabendo exatamente quem ela era. Eu fechei os olhos, e tudo ficou cinza novamente, e eu sabia que eu estava retornando para a cidade dos Corvos.

-Garoto levanta! Chega de dormir. Vamos no James's ele certamente vai poder te ajudar. - falou Carlos. - céus! você está com uma cara péssima! Precisa comer alguma coisa. - falou ele preocupado.

-Eu estou faminto! Preciso comer. - falei e o meu estômago roncou.

-Certo….muito bem….vou te levar em uma lanchonete, mas não diga quem você é. - falou Carlos.

Saímos do beco e caminhamos sob um céu acinzentado, os corvos passavam e piavam por vezes, rondando os céus como verdadeiros caçadores, e realmente estavam caçando, mas não necessariamente algo morto. Carlos me levou para uma outra rua, uma rua mais movimentada, onde carros passavam e iam de um lado para o outro, e aquela cena me chamou atenção:

-Carlos, como pode ter uma cidade tão cheia e tão atual sendo que todos estão mortos? - perguntei muito curioso.

-Oras, cada alma aqui mesmo sendo morta, precisa de algo para movimentar. Para fingir que vive entende?. Medusa faz isso de propósito, ela não quer que ninguém fique parado. - falou ele.

-E vocês comem? E dormem e….. - Carlos deu risada e eu não entendi muito bem.

-Claro que não. Não comida como vocês comem, tomamos um elixir. Ele nos mantém sustentados. Ficamos entre os vivos, mas eles não podem chegar até nós, e não, não é purgatório também. Apenas aquelas almas que querem dizer algo antes de partir de vez para o seu destino, por isso que existe você o porta-voz, que ajuda essas pessoas a seguirem em frente - falou ele parado olhando para cada pessoa caminhando.

-Então é por isso que não posso dizer quem sou, todos vão enlouquecer. - falei por fim.

E Carlos assentiu.

-Vamos, você precisa comer. - e atravessamos a rua e chegamos em um mini restaurante, que estava lotado.

O garçom veio a nossa presença e nos levou para o fundo do restaurante, e ali fizemos um pedido, eu pedi um hambúrguer e o Carlos pediu o mesmo.

Enquanto ficamos ali esperando os lanches, eu fiz uma nova pergunta.

-Carlos, qual mensagem você quer mandar para algum vivo?! - Perguntei.

Carlos sorriu baixinho.

-Olha garoto no momento nenhuma, nas aviso quando tiver. - sorriu ele.

E eu não compreendi.

Algo ele estava escondendo,eu não sabia o que era, só sabia que era algo bem grave e diferente.

-Os lanches. - era o garçom me trazendo os lanches.

E eu agradeci, e olhei para a tv repórter estava falando sobre Medusa.

"- E hoje completa 10 dias após o desaparecimento da garota, os pais estão totalmente arrasados. A Sra Medusa informa que toda e completa ação de violência não será permitida e que os corvos estarão a disposição da justiça para prevenir qualquer e total ação oposta aquilo. Ela também diz, que não tem previsão de quando a garota será devolvida, mas que,o fator que importava era mostrar respeito para todos."

-Vadia! - falou Carlos revirando os olhos.

-Mostrar respeito? Sequestrando e prendendo alguém? Ela só pode estar de brincadeira. - falei indignado.

-Garoto….quando você pegar ela…..ela está ferrada! - falou Carlos rindo e dando uma mordida no seu hambúrguer.

-Falando nisso, como que vou pegar ela? - falei ansiosamente.

-Oras, você é um porta-voz - falou ele cochichando. - sei que tem magia dentro de você. - falou ele.

-Magia? Tipo Harry Potter? - falei erguendo a sobrancelha.

-Não menino burro! Mas magia parecida. Sem varinhas - falou ele - apenas, a verdade que está dentro de você. A magia está dentro de você basta você exercer. - falou Carlos me olhando fixamente.

-Certo….vou acreditar então - eu ergui os ombros.

Após eles comerem, Carlos pagou e saímos caminhando pela avenida, um corvo piou em cima de nós, e pousou em um poste, e ficou ali piando e piando por um bom tempo. Carlos apressou os passos, e então, ele virou bruscamente e sem esperar por isso, eu acabei passando e me dando conta de que, ele não estava mais ali.

-O que…….- eu olhei para a rua e lá estava Carlos, correndo, correndo muito.

E sem entender nada, eu apenas o segui.

Carlos dobrou a esquina, e depois, outra, e eu seguindo e um corvo seguindo ele,eu fiquei confuso porém em alerta, alguma coisa estava de errado, e porque Carlos mudou totalmente o percurso? O que havia de errado? Continuei seguindo ele até que outro corvo apareceu, e se posicionou bem em sua frente e se transformou em dois homens, altos e bem gordos, eu levei um susto e então, me escondi atrás de uma lixeira e fiquei observando.

-O-oque vocês querem? - falou Carlos suspirando nas falas.

-O garoto. - falou o homem careca e musculoso.

-q-que garoto?! Estou sozinho. - falou Carlos firme.

-Ta achando a gente com cara de idiota?!- falou o outro que usava boné.

-Não. De forma alguma. Mas eu realmente não sei de que garoto vocês estão falando e se puderem me dar licença! - falou Carlos e deu as costas.

-Ninguém vira as costas para nós! Ninguém! - falou o careca que pegou Carlos pelo colarinho e o ergueu.

-É! Você vem conosco! - falou o outro musculoso grande.

E de repente, o musculoso virou e fez um gesto na parede, e se abriu um enorme buraco, e os três passaram por ele e a parede voltou ao normal novamente.

-Caraca…..e….e agora?! O que vou fazer?! - eu escutei as batidas do meu coração na minha orelha, pulsando de nervoso, bem forte.

Eu estava sozinho…..

Saí pela rua, caminhando lentamente, e os corvos voando, até que, eu olhei para a outra rua, e vi que havia a loja James's e eu sorri, pelo menos, por hora,sabia o que fazer.

Olhei a loja, era uma loja antiga, e bem rústica, haviam molduras na vitrines de palavras desconhecidas, alguns deuses antigos, e outros da Grécia antiga, achei estranho, mas não me importei, e então,o sino que ficava em cima da porta tocou logo quando entrei, e um homem que estava atrás de um balcão olhou diretamente para mim e semicerrou os olhos,e ergueu a sobrancelha.

-É um garoto Senhor! - ouvi uma voz de um papagaio vindo da mesma direção do homem e achei curioso.

-Eu sei o que é Tonho. - falou o homem.

-Ele não é daqui Senhor. -falou o papagaio.

-eu sei…..eu sei Tonho. Mas o que ele quer?- falou o homem.

-O-la…. O Senhor poderia me ajudar? - falei meio receoso.

-Senhor…..ele está falando com você ….- falou o papagaio.

-Eu sei …..eu sei!....-cochichou o homem para o bicho que voou para a sua gaiola e ficou a observar. - sim filho, o que precisa? - falou ele firme.

-Eu preciso de umas armas e escudos. O Senhor tem? - falei firme olhando para ele.

Era exatamente disso que eu precisava, um pouco mais de determinação.

O Senhor ficou me olhando desconfiado e então sorriu para mim, e eu vi os seus dentes podres na boca.

-O que o Jovenzinho está querendo hein?! - falou o senhor me olhando desconfiado.

-Bem, eu preciso, de armamento e um escuro - falei meio receoso se ele entenderia exatamente o que eu estava dizendo.

-Armas é? Escudo? O que você é meu rapaz? Hã?! - falou ele se aproximando de mim.

-O garoto quer armas! O garoto é guerreiro! - falou o papagaio.

-Shhhhhh Passado idiota! - falou o velho olhando para o papagaio e depois me olhando novamente: -Quem você é? - falou ele cerrando os olhos.

-Sou Tom,Tom Rivers. Eu sou um porta-voz! - falei firme apesar de estar todo tremendo por baixo.

-Tom?! - falou o velho voltando para a posição normal.

-Isso…..Tom Rivers. - repeti sem mover nenhum músculo do rosto.

- ele disse que é um porta-voz! - falou o papagaio.

O velho ignorou totalmente o bicho e falou:

-Venha meu rapaz, aqui não é lugar certo para falarmos disso. - e o Senhor abriu a portinha do balcão, permitindo que eu passasse por ela.

E depois, ele abriu a porta que tinha um círculo de vidro bem no centro, e a porta rangeu como se estivesse sofrendo por alguma coisa. Eu passei, e por fim, o velho passou logo em seguida,era um lugar escuro, mal cheiroso, típico de um armazém, havia vários produtos de estoque, uns mais bizarros do que os outros,havia orelha, havia dedos, olhos,tudo mergulhados em um líquido colorido, mas além dessas coisas estranhas,havia também frascos e mais frascos, de bebidas que não dava para ver a cor, e em cada frasco havia um nome:

"Geleia del Mismo."

"Forctus totallus."

"Sathurnos Sabrius."

E outros nomes que eram totalmente impossíveis de serem compreendidos.

Havia também, objetos pendurados por todo o estoque, plastificados, como se alguém realmente quisesse comprar aquilo e faltasse teria outro estocado, não dava para reconhecer exatamente o que era,mas parecia que eram peles, peles de todos os tipos. E quando eu ia chegar perto de uma prateleira, o Senhor pigarreou me trazendo de volta na realidade.

-Então, você rapazinho, é um porta-voz?! - falou o Senhor fechando a porta.

-Sim…..eu sou. - falei confirmando.

-E quem receitou a minha loja hein?! - falou o senhor bruscamente - E quem disse que eu poderia te ajudar? - falou ele todo ignorante.

-C-carlos…..Senhor. -falei rapidamente para não dar tempo dele me estrangular.

-Carlos?! - falou ele parando um pouco.

-Sim. Ele disse que o senhor tinha tudo aquilo que eu precisava para lutar contra a Medusa e então ele me diss…- o Senhor fez um barulho de silêncio.

-Shhhhhh! Alguém entrou na minha loja. - falou o velho que saiu às pressas passando pela porta.

Eu rapidamente me escondi atrás de algumas prateleiras,eu não sabia como seria, mas eu sabia que eu não era bem vindo aqui nessa cidade, eu sabia que a Medusa me pegasse ela tudo estaria acabado. Então eu me escondi, e permaneci em silêncio, mas pude ouvir o que se passava lá fora.

-Sra Medusa! Que prazer vê-la aqui. - falou o velho.

-A Sra Medusa! - repetiu o papagaio.

-O que A Sra gostaria de comprar? Alguma essência? Alguma coisa?- falou o Senhor.

Ouvi passos de salto alto.

-Eu gostaria de saber uma informação: Ouvi um cochicho que um menininho vivo passou por aqui. É verdade?! - falou a Medusa.

-Menino?! Vivo?! Não senhora, nem sabia que seria isso possível. É verdade?! Ouvi boatos também. - falou o Senhor.

-Então o senhor ouviu boatos de que ele está solto por ai? - falou a Medusa erguendo a sobrancelha.

-Sim Senhora, ouvi sim. Mas não o vi. - falou o Senhor.

-Saiba que ele é totalmente tóxico, e contagioso. Quando ver por favor, não hesite em chamar. - falou ela séria.

-a Sra pode ficar tranquila que eu vou te avisar Sra Medusa. - falou o velho.

-Ótimo...Ótimo. - e ouvi passos ficando mais silenciosos até sumirem.

E a porta se abriu novamente.

-Uffa! essa foi por pouco garoto. Olhe, tenho algumas bebidas que podem te ajudar a lutar contra essa madame aí, mas torno a dizer que será uma batalha complicada. Tem que prestar muito atenção. - falou o senhor e então ele saiu e foi para uma prateleira, e eu saí de trás da que eu estava escondido.

Thatty Santos
Enviado por Thatty Santos em 11/12/2019
Código do texto: T6816653
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