A Cidade dos Corvos - Alguem Está Atrás de Mim

O Senhor foi até a porta da loja, e colocou a plaquinha que dizia que estava "fechada.",ele foi caminhando até algumas prateleiras que ficavam atrás do balcão, e assobiando alguma canção, ele foi mexendo em cada vidro e em cada potinho procurando aquilo que ele queria. Aos poucos, foi formando duas fileiras de líquidos, e quando ele não encontrava, ele ia para o depósito e voltava com uma caixa cheia de vidros, e depois de algum tempo, ele finalmente havia terminado.

-Bom meu rapaz, aqui estão as que eu posso te dar, não são milagrosas, e não vão te transformar em um super herói, apenas, vão te ajudar para cada dificuldade que você tiver, por exemplo, uma perna quebrada- ele ergueu um frasco que dizia:

"quebrado Revitallus."

-E também, se estiver zonzo você pode usar isso aqui - ele ergueu outro frasco verde com uns dizeres vermelho.

"Sanidade."

-Lembrando também, que se tomar demais um desses frascos, você pode acabar tendo o efeito ao contrário, então por isso,meia tampinha basta para você. O efeito dura até 00:00 então tem que ficar esperto. - falou o Sr me olhando.

-Então, o Sr não vende armas e escudos? - Perguntei erguendo a sobrancelha.

-Não tolo, não vendo. Esses são as armas e os escudos, coisas que ninguém pode destruir, porque está dentro de você. Ninguém pode destruir a força que você tem, e tão pouco, destruir aquilo que você consumiu. Toda a magia está aí dentro Tom,assim como você vê os mortos e os ajuda e é a voz deles. - falou o Velho.

-Mas como vou fazer isso? Ninguém nunca me explicou. - falei confuso.

-Você consegue Tom, só precisa puxar daí de dentro. - falou o velho e depois ele respirou fundo e disse: olha, eu vou te ajudar está bem? Mas você precisa de um lugar para ficar. Pode ser na minha casa, mas não pode ir junto comigo, os corvos se retiram a partir das 18:00 horas e rondam de 3 em 3 horas, por isso, fica esperto. Vou marcar no mapa onde fica, é do seguir os nomes das ruas, tudo fica escuro, por isso precisa prestar atenção. - falou ele dando as costas para mim e abrindo a gaveta do balcão e tirando um papel dobrado com umas linhas.

-Então,eu posso ficar com o Senhor?- falei animado.

-Pode,mas ficará no porão. Infelizmente, se Medusa suspeitar que você está em casa, é condenação eterna. - falou ele coçando a careca.

-Certo, então, eu apareço por lá. Mas, o que vou fazer enquanto isso?! Vou ficar aqui?! - falei confuso.

-Bem, é o jeito não é?! Pelo menos por enquanto, fica aí, vou fechar a loja no horário certo. E então, vai para minha casa, sai pelas porta dos fundos está bem? - falou ele.

Eu concordei.

Saber que eu tenho um lugar para ficar era muito bom, e reconfortante, eu não havia pensado na probabilidade disso, até agora, o fato de Medusa não poder saber da minha existência, e de uma alma precisar do meu socorro, infelizmente, eu não podia simplesmente sair correndo no meio da rua e declarando morte e guerra, até porque, nem soldado eu era,e nem lutar não consegui.

Lutar….

Me fez lembrar da época quando eu estava praticando Jiu-jitsu Brasileiro, e acabei quebrando o braço do meu rival por causa de uma provocação.

-Tom! Faça o movimento Tom! - gritou o treinador.

Meu coração acelerado,batendo na minha garganta,eu não tinha coragem…..eu não iria conseguir fazer…..

-Tom! Faça o movimento Tom! Você treinou para isso! - gritou o treinador do lado de fora do tatame.

Respira Tom…..respira….. não se desespere….. não haja por impulso…..respira…..

-TOM! AGORA! -Gritou o treinador.

Eu bati as mãos, e eu senti um calor saindo do meu corpo, e como o flash, eu acabei fazendo o golpe, mas muito brutal. Muito forte. Muito intenso.

Ouvi ele gritando de dor,e gemendo e se grunhindo de dor, ele não parava de chorar de dor.

-TOM! LARGUE ELE! LARGUE ELE! -Gritou o treinador desesperado vindo na minha direção.

E vindo juntamente com o juiz, que me baniu totalmente da competição e ainda levei uma multa por maus hábitos.

Eu não descobri o motivo daquela onda de calor, talvez o nervosismo, talvez a pressão, minha professora de Ciências sempre me falou que algumas pessoas reagem de uma forma inesperada quando são pressionadas, lembro do meu tio Ronaldo, quando ele foi fazer churrasco em casa e acabou cortando o dedo sem querer, lembro que pressionando por ver o sangue no dedo, desmaiou feito uma velha, foi zuado até hoje no grupo da família no WhatsApp.

Sabe, eu acredito que muitas pessoas não sabem da força que tem, veja só, eu tenho apenas 12 anos, e para minha mãe eu morri,e quando eu retorno, volto com problemas de saúde e com uma missão maluca de salvar as almas do fogo eterno, nesse exato momento,eu estou em uma cidade maluca e sombria que tem um monte de corvos voando e supervisionando, e uma super madame que "Mata" quem já está morto, se alguém me contasse uma coisa dessas eu não acreditaria. E olha que eu acredito em vida extraterrestre!

É insano!

Nem eu sei como cheguei até aqui, nem eu sei como estou sendo forte e não largando mão de tudo isso, mas não tem problema,as pessoas precisam de ajuda,as almas precisam disso, e eu não vou parar até eu conseguir.

-Garoto!vou sair e fechar a loja está bem. Não se esqueça de levar os vidros. - falou o Velho.

-Claro….mas como vou levar esse um monte de vidros?! - falei tenso olhando para os vidros.

-Oras garoto! Usa aquela mochila ali, mas não faça barulho tá me entendendo?! Agora, eu preciso ir, estão de olho em mim - falou ele pegando a chave e indo apagar as luzes do lugar.

Concordei.

E então, ele saiu e fechou a porta, e eu estava ali sozinho, e tudo ficou calmo, e tudo ficou sereno, eu estava só. Coloquei os vidros na mochila, e então me lembrei que e estava com uma roupa da minha atualidade, e não podia sair daquela forma se não eu seria descoberto, comecei a procurar em diversos lugares alguma coisa para disfarçar a minha roupa, então, olhando atrás da porta, eu finalmente encontrei: Um casaco preto. E eu achei perfeito. Vesti o casaco, e então, peguei a mochila e sai pela porta, a brisa fria veio ao meu encontro,e eu agradeci por eu ter encontrado um casaco porque se eu não tivesse ele, eu passaria frio certamente.

Peguei o mapa, e fui caminhando olhando para o mapa e para a rua, sempre em alerta, e cada barulho feito, fui vendo exatamente se alguma coisa havia de errado. Eu estava começando a ficar preocupada, infelizmente não sabia se eu conseguiria chegar na casa do Senhor James, até porque, não conhecia nada sobre o lugar, então fui seguindo, quando percebi, eu estava bem longe do Jame's e notei que havia alguém me observando, com medo, apressei o passo, mas eu não estava confortável, quem estava atrás de mim? Medusa? Um corvo?

Não seja ridículo Tom, Corvos não andam!

Mas havia alguém caminhando atrás de mim, eu não estava gostando nada disso.

Thatty Santos
Enviado por Thatty Santos em 11/12/2019
Código do texto: T6816655
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