A Cidade dos Corvos - Segredo

-O diretor fez isso mesmo? - falou Jenny surpresa.

Eu havia contado o episódio para todos na mesa da cozinha.

-Fez, vocês precisavam ver como minha mãe falou com ele, vocês teriam vibrado. - falei sorrindo.

-Cara….eu daria tudo para ver. - falou Bart com a boca toda suja de brownies.

-Cara tua cara tá suja. - falou Fábio apontando para a boca dele indicando ao Bart.

Que limpou rapidamente não resolvendo nada.

-E você está pensando em retornar logo para a escola Tom? - perguntou Jenny me olhando.

-Eu ainda não sei, eu entendo que eu preciso voltar, mas não sei, não sei de deveria. Quer dizer, se eu estou pronto. - falei abaixando a cabeça.

-Cara...se eu fosse você,eu voltaria. - falou Bart.

-O que? Porque? - perguntei curioso.

-Bem, porque você pode repetir de ano se não for, ninguém merece repetir de ano. - falou Bart comendo o Brownie ainda.

-Nisso você tem razão Bart, infelizmente, não posso ficar faltando tendo alta do hospital. - falei sorrindo fraco.

-Cara….. você sentiu a morte? - perguntou Fábio.

E Jenny o olhou com um olhar de repreensão.

-Não Jenny, está tudo bem. Eu respondo essa. - e olhei para Fábio e disse - eu senti como se eu estivesse dormindo, não me senti estando morto. Apenas dormindo. - mas a minha voz mudou ficou fria e Jenny percebeu e segurou a minha mão.

Mas a minha voz continuou assim, fria, amarga, e seca, como se eu estivesse em um mundo frio e medonho, e tudo ficou cinza e eu ouvi Anna do meu lado.

-Tom?! O que houve?! - perguntou Jenny tocando na minha mão e me trazendo de volta.

-Ahm…..nada. nadinha...ahn….foi…..como…..eu falei. - falei sorrindo fraco.

E a cor do ambiente voltou.

-O que vamos fazer? - perguntou Fábio.

-Bem, o que acha de jogarmos e vermos Netflix? - falei sorrindo para eles.

-Eu topo! Estou louco para jogar FIFA. - falou Fábio.

-Que mané FIFA! Quero jogar COD! - falou Bart retrucando.

-você jogou da outra vez! - falou Fábio.

-Mas foi há quase um 1 atrás! - retrucou Bart - sem ofensas amigo! - falou ele rapidamente percebendo o que ele havia dito.

-Sem problemas amigo. Porque cada um não joga separado, aqui na sala tem um console, e lá no meu quarto tem outro. - falei sorrindo.

-E vocês dois?! - falou Fábio olhando para mim e para Jenny.

-Ahm….a gente vê Netflix. - sorriu ela para mim e eu concordei.

-Cara vocês deveriam namorar. - falou Bart.

Fábio bateu no braço de Bart e ele fez um barulho do tipo:

"Quié." E ele disse:

-Ahm…..foi mal aí. - falou ele sorrindo.

-Vão indo que eu vou pedir uma pizza para nós - falei.

-Eu fico aqui ajudando o Tom. - falou Jenny.

-O que vão querer a pizza? - perguntei.

-Pode ser duas? - perguntou Bart.

-Pode. Pode sim. - falei sorrindo.

-Eu quero de 4 queijos. -falou Bart.

-Eu quero frango com catupiry - falou Fábio.

-Portuguesa - sorriu Jenny.

-Eu pego uma de Calabresa. - falei por fim.

Os meninos correram para o andar de cima, e eu liguei para a pizzaria, e Edgard atendeu:

-Tom? - falou ele parecendo que já tinha adivinhado.

-Sim? - falei gentilmente.

-O que vai me pedir? Sua mãe já me avisou dizendo que você iria ligar. - falou ele com voz tranquila e lenta.

-Sao duas pizzas, meio a meio. Metade 4 queijos, metade frango com catupiry. E na outra, metade Calabresa e metade Portuguesa, tudo na conta da minha mãe. - falei por fim.

-Ótimo…. ótimo. E pra beber? - Pergunto Edgard.

-Coca-Cola. 3 litros. - falei pensando em Bart que amava Coca-Cola.

-Ótimo….ótimo…. Vai levar uns 40 minutos. - falou Edgard no telefone.

-Ótimo. Não tem problema nao. - Falei por fim.

-Qualquer coisa liga viu?! - falou ele calmamente.

-Pode deixar. Tchau. - e desliguei o telefone.

-os pedidos foram feitos, vai levar 40 minutos. - falei para Jenny.

E de fundo, só ouvi um som de torcida e outro de tiroteio.

-Então, o que vamos assistir? - perguntei para Jenny.

-Eu estive pensando em Stranger Things, o que acha? - sugeriu Jenny.

-Eu acho ótimo. Falta assistir a 3 temporada. - falei sorrindo.

-Eu também. - falou Jenny e sentou no sofá e eu sentei do lado dela.

Peguei o controle, e apertei o botão de ligar,e depois o botão do símbolo da Netflix, e rapidamente a TV ligou, e logo após alguns minutos, apareceu o nome Netflix em vermelho.

-então…..eu vi como você ficou quando o Fábio perguntou da morte….. você me assustou. Parecia que tinha visto alguém ali. - falou ela meia tensa.

-Ahm…..sim. não vi ninguém não. Impressão sua. - falei disfarçando.

-mas você falou…..ahn….um nome. - falou ela tentando manter a calma - Algo parecido com….Anna. -falou ela. - quem é Anna? - perguntou ela curiosa.

-Hã? Anna? Não….não...não conheço nenhuma Anna não. Você deve ter ouvido coisa. Eu não falo com Anna nenhuma. - falei tremendo.

-Você está mentindo! Ande! Quem é Anna? - insistiu Jenny.

Eu respirei fundo…..e minhas mãos tremeram….eu não sabia se eu poderia dizer...se era seguro…..e o pior….será que ela iria acreditar em mim? Totalmente improvável nem eu acredito.

-Não é ninguém! - falei mas continuei tremendo.

-Tomas você treme quando mente! Agora está tremendo, e agora, está mentindo. Porque está mentindo? - questionou ela novamente.

-Você não vai desistir né?! - falei respirando fundo.

Eu iria entregar o jogo.

Jenny fez um barulho de negativo com a voz.

-Eu sei como é morrer…..não é nada parecido com dormir. - falei com a voz embargada. - eu fui para o outro lado…..o outro lado do lago….. eu mergulhei no lago….e me senti sendo puxado dentro dele….mas tudo era cinza….frio….tudo era sombrio. E lá estava a cabana, acesa, com movimentos. Eu só conseguia ouvir as batidas do meu coração, e o som das vozes dentro da cabana. Eu não estava dormindo. Eu sabia que eu estava morto. Ou pelo menos achava. - falei abaixando a cabeça.

Jenny ficou em silêncio, imóvel. E era melhor mesmo que ela ficasse assim.

-Dentro da Cabana, estava Berto, Roberto. Ele era um Senhor, que era guardião do lago. Ele me disse que eu estava morto. Ou então, disse que eu precisava sair dali e não me disse o porquê. Ele me levou para conhecer um cara, e esse cara disse que eu precisava falar com a Sra Laurent e ela me contou tudo. Minha missão. Minha vida. Meus antepassados. Ela me disse tudo. Mas não me disse como seria. Não me disse o mais essencial. Ela só disse que eu era porta-voz- respirei fundo revivendo as memórias de tudo o que me aconteceu - eu mergulhe no lago,e retornei pela primeira vez, eu achei que tudo tinha acabado, achei que, não iria mais voltar para aquele mundo maluco. Até que, eu tive uma visão, uma garota apareceu,ela apareceu no meu pé, e me pediu ajuda. Disse que ele precisava dizer a verdade. - e minha voz ficou séria - ela estava dizendo do seu pai, ele precisava dizer que ela precisava partir. Que era necessário, ele não queria dizer, não queria aceitar, queria que ela lutasse mas ela não iria conseguir. Ela não queria mais lutar, a dor era muita, ela só queria seguir em paz. O câncer, ela estava morrendo de câncer e precisava se despedir do pai. E ela precisava da minha ajuda. Ela não podia dizer ao pai tudo que ela sentia, ela precisava de mim. Eu era o porta-voz de Anna. - falei respirando fundo.

Jenny abaixou a cabeça e me olhou com um olhar profundo. Parecia confusa. E eu vendo o olhar dela falei:

-Eu sei que parece loucura, eu sei que parece maluquice. Mas é verdade, eu vi, eu vivi. - falei olhando para Jenny e os meus olhos se encheram de lágrimas.

-Meu Deus Tom! Quanta coisa! - falou ela surpresa meia rouca.

-Eu disse ao pai dela, e a partir dali, fico vendo espíritos e almas perdidas,e até fui na cidade delas. Tenho uma missão para seguir Jenny. Meu avô fazia, eu pai fazia, todos faziam. - falei surpreso - nunca iria imaginar. -, falei sorrindo para ela.

Ela sorriu de volta.

-Por favor, quero que você acredite em mim, é um peso das minhas costas que está saindo agora. - falei desesperado.

-Tom…..eu acredito em você. - falou Jenny. - quem diria, você no meio desse fogo cruzado, lutando contra Aliens e agora, contra almas. - falou ela sorrindo colocando os cabelos ruivos atrás da orelha.

-obrigada por acreditar em mim. - falei sorrindo.

-eu sou sua amiga, o máximo que posso fazer por você. - sorriu ela para mim e me deu um beijo na bochecha.

Eu corei.

A verdade precisava ser dita, e não confiava em alguém mais do que confiava em Jenny, era a mais sensata do grupo, e tenho certeza de que, ela vai manter o meu segredo a salvo. Mas, será que ela está a salva? Será que algo vai acontecer com ela?. Afastei os pensamentos negativos quando Jenny colocou Stranger Things na Tv,e eu distrai totalmente do assunto, mas eu estava leve, calmo, tranquilo, eu estava em paz,a campainha tocou e eu atendi,o motoboy trouxe as pizzas, e os garotos vieram e nós assistimos a série juntos e foi bem divertido.

Os meninos foram embora, 23:00 horas, e eu desliguei a TV, quando minha mãe chegou jogando os saltos para o lado e trancando a porta.

-Toooom?! - gritou ela me chamando.

-Aqui em cima mãe! - gritei de volta.

-Como foi a sua noite? - perguntou ela assim que chegou no meu quarto.

-tranquilo, eles foram embora logo logo. - falei sorrindo.

-Ótimo. Pelo menos não ficou sozinho. Quanta pizza! Foi na sua conta é?! - falou ela colocando a mão na cintura.

-Não, na da Senhora. - sorri e minhas covinhas apareceram.

-Mas que menino audacioso. - falou ela e me deu um beijo na testa.

-Boa noite filho. - falou ela.

-Boa noite mãe. - falei por fim.

E eu fechei os olhos, em paz, porque eu sabia que o meu segredo estava guardado.

Anna apareceu no meu pé, e eu levei um susto. Era 4:00 da manhã, será que não tinha relógio no calabouço?!

Thatty Santos
Enviado por Thatty Santos em 18/12/2019
Código do texto: T6822009
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