Brigadeiro a Flores - Cap. 2: Erva Dana

Nascida e criada no interior de São Paulo, Erva Dana Vieira Silva é uma jovem determinada, que corre atrás dos seus sonhos e desde pequena luta por justiça quando a vê ocorrendo perto de si.

"Você é ridícula! Credo! Sai de perto de mim!" O menino novato disse para uma menina após ela lhe dar um papel, sorrindo, para ele se enxugar porque ele saiu do jogo de futebol da classe suando.

Todos riram da menina que saiu correndo envergonhada.

"Você não precisava tratar ela assim". Disse Erva, com 8 anos. "Ela só estava sendo legal com você".

"Ah, sai pra lá, jacaré! Não quero ela nem você, duas feias, me dando coisinhas". Disse o menino fazendo cara de nojo.

As pessoas ao redor se entreolharam. Todos já conheciam quem era Erva, mas o novato não sabia com quem estava mexendo. Sem esperar, levou um soco no rosto e caiu no chão. Erva já estava irritada por ele ter maltratado a sua colega de classe, mas perdeu a paciência quando ele as chamou de feias.

"A única coisa que você vai receber de mim é soco e tapa se continuar sendo mal educado assim, seu fedelho!!" Ela olhou feio para ele e todos ao redor riram, uns até gritaram.

A algazarra chamou a atenção do professor e mais uma vez Erva foi para diretoria.

"Mas ele pediu!! Foi totalmente errado com a..."

"Não quero saber, Erva", a mãe, Dona Amélia, interrompeu a filha. "É a terceira vez este mês que o diretor me chama. E nem é meio do mês ainda!"

"Desculpa, mãe, mas ele foi errado com ela. E todo mundo riu. Eu não podia deixar ele fazer isso e sair tranquilo."

"Aí, aí, menina. 8 anos e já quer cuidar dos outros. Ela nem é sua amiga, aposto!"

"Ela é da minha sala, não precisa ser minha amiga para eu ver que ele foi errado com ela.

Dona Amélia respirou fundo. "Tenho te ensinado bem, você só estava sendo justa", Erva sorriu sem mostrar os dentes, "mas isso não quer dizer que pode sair batendo nas pessoas. Existem outras formas de justiça, certo?"

"Mas mãe, ele..."

"Outras formas, Erva. Outras formas!"

"Tá!"

"Se preocupe com os estudos. Ele vai te levar a lugares que eu nunca poderei levá-la." Erva sorriu e abraçou sua mãe. "Claro que casar com um homem rico também", a garota parou de abraçar Dona Amélia e franziu a testa, a mãe riu. "Brincadeira, meu amor! Vem aqui". E abraçou a filha novamente. "Eu nunca vou querer que você se case sem amor, tudo bem? Você é forte. Igual seu nome! Erva Dana!" A mãe colocou a franja da filha para trás da orelha. "Você sabe o quanto foi difícil te ter, não é?"

"Você sempre me conta essa história."

"Eu sei. É para te lembrar que o mundo inteiro não te queria aqui. Meus pais, seu pai, até mesmo meu organismo. Sofri muito para te ter, mas não desisti de você. Mesmo parecendo que você era "indesejada" por todos, você era muito querida por mim e você sentiu isso, e lutou muito para nascer. Minha erva-daninha mais querido do mundo".

"Eu te amo, mãe".

"Eu também, meu amor. E eu fico muito orgulhosa de saber que você continua sendo forte e resistente em qualquer lugar que vá, sem se preocupar com as pessoas. E mesmo me deixando triste de ir para diretoria, eu sei que é por uma boa causa, pois você salvou mais alguém".

Erva sorriu.

Seu nome não era o mais incrível do mundo, até quem ouve e não entende o contexto de sua mãe, acha que foi uma péssima escolha. Com os anos, Erva aprendeu a não se importar, ser forte, resistente e persistente eram características suas, se isso fazia as pessoas a indesejarem, elas que se cuidassem, pois Erva não iria mudar.

Mas mudou.