Brigadeiro a Flores - Cap. 30: “Não irei te deixar!”

"Ele não está aqui." Uma garota disse se aproximando de Erva no prédio de Economia.

"Mas vai ser melhor para a gente, já que vimos do que você é capaz. Podemos fazer você pagar." Uma outra garota disse. Erva olhou ao redor e mais duas se aproximavam.

"Vocês não têm que se meter. Eu nunca fiz nada para vocês."

"Não? Você fica andando por aí com eles, figindo ser da mesma classe que a gente...".

"Ah, vai à merda! Se enxerga!" Erva disse sem paciência e saiu correndo dali.

Estou cansada dessas pessoas. Como pode existir gente tão sem noção assim no mundo? Ela encontrou um sala vazia e entrou. Preciso falar com o Bernardo. Por que eu estou me preocupando tanto com ele? Eu sou idiota. Bi tinha razão, eu devia ter sido sincera desde o início. Mas... mas... Eu não sei por quê, eu só não quero que ele acredite em mentiras sobre mim. Eu não fiz nada de errado. Eu odeio quando pensam mentiras sobre mim. Erva pensava enquanto procurava o número de Bernardo no celular que já estava demorando para carregar os contatos. Não morre, por favor? Eu não tenho o número dele, ele disse que me ligou aquele dia, mas não registrou. Huum... Instagram? Eu não tenho ele também. Bernardo Assumpção. Huum, tem vários perfis, podem ter falsos também. Pera... Bianca. Ela deve ter o Fagundes... Isso. Ele deve ter o Bernar... Pronto. Ainda bem que ele tem o perfil aberto. Nossa, não tinha visto o perfil dele. Enfim, foco Erva. 2% de bateria. Mensagem, carrega, carrega. Pronto. "Acredite em mim!" Enviado. "Bernardo, por favor, não acredit..." Low battery. Tela preta. Merda! Não consegui explicar.

"Aqui! Ninguém está na sala".

Erva ouviu vozes e se encondeu embaixo da mesa. Droga!

"Nós não devíamos nos esconder aqui."

"Se eu não te beijar hoje, eu vou ficar louco".

"Mas se a Maria nos ver, ela vai te matar."

"Ela não vai nos ver".

E ainda estão traindo. Babac... nhec! Erva esbarrou em uma cadeira e fez barulho.

"Tem alguém aqui!"

"Quem está aí? Eu vou te pegar seu moleque!" O garoto acendeu a luz e Erva levantou rapidamente, correndo para a porta.

"Hey! É a menina do post!"

"Volta aqui!"

Erva correu. Que inferno! O que está acontecendo?

"Bernardo?" A empregada chamou o garoto enquanto ele tomava café da manhã.

"Sim?"

"Tem uma garota no portão dizendo que quer falar contigo. O nome dela é Gabriela Mendes".

"Diga que já fui para faculdade."

"Ela disse que é muito importante, que tem a ver com uma tal de Erva Dana."

Bernardo parou de comer e respirou fundo. O que será que houve? "Certo, mande ela esperar na sala de estar, já irei para lá."

"Beee!" Gabriela disse sorrindo assim que Bernardo apareceu na sala.

"O que você quer?"

"Ah, então você ainda não viu?" Bernardo não respondeu, apenas a olhou sério. "Huum, acho que não, não é? Postaram algo no perfil do spotted faz alguns minutos. Eu vim correndo para cá, pois achei que estaria mal, e queria dizer que estou ao seu lado."

"Me fale logo o que é."

"Eu estou tão decepcionada com a Erva, não acredito que ela foi capaz disso." Gabriela continuou falando enquanto procurava o post no celular. "Olhe!". Ela deu o celular a Bernardo. O garoto viu o post e paralisou, deixando o celular de Gabriela cair no chão. "Minha nossa! Bernardo."

Ele então se sentou no sofá infinito. E Gabriela foi para perto dele.

"Be, como você está se sentindo? Por favor, fale comigo. Eu sei que é um choque, Erva enganou todos nós. Eu não tinha noção de que ela era capaz assim de mentir para a gente. Disse para todos que estava namorando contigo, aposto que para ser aceita por todos na universidade. Que ridículo." Gabriela não parava de falar, mas Bernardo não a ouvia.

Por que ela fez isso? Foi o que eu pedi para ela não fazer. Eu só pedi isso para ela. Por que ela não me disse?

"Não se preocupe, Be. Eu estou aqui com você. Do seu lado." Gabriela disse colocando a mão na mão do garoto de cabelo enrolado, que ainda chocado nem percebera, sua mente estava na conversa com Erva, nos momentos que dividiram até então. Ela levou a mão dele até seu rosto e o sentiu. "Você não precisa dela, Be. Você pode ter tudo o que quiser. Qualquer pessoa que quiser. Você pode ter a mim. Eu sei que sou muito melhor do que ela. Mais bonita, sexy. Você não precisa de alguém que te trai".

"Trair!" Bernardo balbuciou.

"Sim, foi o que ela fez. No fim, ela só queria usar você. Já eu, só quero conversar contigo, sair, ser sua."

Ela me traiu? Mas eu disse a ela. Ela devia ter me contado. Eu... Eu.."Eu não sou esse tipo de garota. Reveja seus conceitos!" Ela... "Eu sou Erva Dana, eu não estou à venda, muito menos me interesso por esse tipo de coisa fútil que você diz ser uma proposta"... "Foi tudo mentira o que disse?" Bernardo pensava alto.

"Sim". Gabriela abriu os botões de sua camisa, revelando seu sutiã. Ela então se levantou e ficou na frente de Bernardo. "Não se preocupe com ela. Eu estou aqui."

Bernardo se levantou e, ao contrário do que Gabriela pensou, ele se desviou dela, saindo da sala de estar.

"Hey, espera! Bernardo..." Gabriela foi atrás dele. "Espera, onde você vai?" Ela o alcançou e o puxou com força, fazendo o garoto percebê-la e olhá-la. "O que você está fazendo? Para onde vai?"

"Não te interessa."

"Interessa sim! Eu vim até aqui, precisava te ver."

"Ok, mas eu preciso resolver..."

"Não! Você não vai atrás dela! Ela te traiu!" Gabriela gritou e Bernardo desacelerou. "Olhe para mim! Eu estou aqui, não ela." Ela percebeu que o garoto a olhava, mesmo que sem interesse, ela aproveitou-se e pegou a mão dele, colocando-a em seu seio sobre o sutiã. "Eu sou sua e muito melhor que ela."

Bernardo tirou sua mão de Gabriela, seu olhar não mudou. "Você não é minha, nunca será. Obrigado, mas eu não quero você." Ele falou sério e Gabriela arregalou os olhos. "Melhor se vestir e ir embora." Ele deu às costas para ela.

Os olhos de Gabriela encheram-se de lágrimas. "Por quê? Por que ela? Ela é feia, sem graça, nada sexy, por que ela?". Gritou revoltada.

Bernardo parou. "Erva não é o tipo de garota que você disse. Eu acredito nas palavras que ela me disse uma vez. Eu preciso falar com ela sozinho sobre isso tudo. Não vou acreditar em um perfil anônimo fajuto!".

Bernardo foi até o seu quarto, pegou o celular e foi até a garagem. Antes de ligar o porsche vermelho, abriu o celular e viu que tinha uma notificação do instagram de 15 min atrás: "dana_erva deseja te enviar uma mensagem". Bernardo clicou e sorriu:"Acredite em mim!". Eu acredito.

Erva tinha sido encontrada por alguns meninos no terraço de artes. Como eles me acharam aqui?

Diferente de quando recebera a tarja vermelha, não pareciam ser todos da universidade contra ela, mas a violência estava pior do que antes.

Os 4 que a acharam, após brigarem fisicamente com ela, a levaram para a área de estudos de abelhas de biologia, então a amarraram em uma coluna de madeira.

"Vamos filmar isso, e que se dane a regra de não publicação, vamos ver como você fica quando quebrarmos essas colmeias".

"Aposto que ficará inchada, mais feia ainda".

"Me soltem, seus merdas!" Ela chutou o mais próximo, que já estava sangrando no supercilio por causa de uma cadeirada que Erva lhe deu, agora estava com a boca cortada também.

"E ainda tem força para bater e xingar?! Você devia estar implorando misericódia." Ele se levantou e foi para cima dela, lhe dando um soco.

"Nunca, seus fedelhos filhos da put*". Gritou.

"Acaba logo com isso, vamos quebrar essas colmeias de uma vez. Quero ver essa piranh* xingando assim depois de várias ferroa...". Pow! Soc!

Erva arregalou os olhos ao ver Bernardo chegando e batendo em dois garotos próximos.

"Merda". O que estava mais próximo de Erva tremeu. "Bernardo eu..."

"Desgraçad*!" Soc!. Ele então desamarrou Erva e a segurou pelos braços. "Desculpa a demora."

"Ela te traiu, ela..."

"Calado!" Gritou, e ternamente disse para a garota: "Se você me diz para a acreditar em você, eu acredito!" Ele a abraçou e Erva deixou algumas lágrimas caírem de seus olhos. "Vou te levar para casa."

Erva só balançou a cabeça. Seu corpo estava todo dolorido. Ela tentou se levantar, mas sentiu seus pés saindo do chão. Bernardo a pegou no colo.

"Não, pera. Eu não estou tão cansada assim, eu posso ir andando."

"Não! Eu te levo."

"Não precisa, me solte, eu estou bem!"

"Não vou soltar você!" Ele falou firme. "Agora que finalmente te peguei, não irei te deixar". Ele então olhou para frente, andando com Erva no braços até o estacionamento ali perto.

Aquele olhar. Ele parecia estar mesmo preocupado. E sério de uma forma diferente. Droga, por que estou sentindo um quentinho aqui dentro? Minha respiração também está um pouco acelerada. Deve ser a adrenalina. Mas... suas mãos... Eu sinto um leve tremor nelas.