O PICOLÉ DO SORVETEIRO FUGIU (CONTO)

 

O clima andava meio lusco fusco, a calça alaranjada com o moleton lilás arroxeado, dava conta no horário de trabalho, calça justinha com fecho-éclair na frente, carrocinha cheia de picolés de frutas simples ou cremosas, bora para um novo dia de trabalho. O pipoqueiro Poeta Olavo, seguia declamando poesias sensuais, a caminho da pracinha, mas, lá o tema precisava mudar para docinhos, gostosuras e travessuras, por causa das crianças.

 

Assim que o Poeta Olavo chegou na pracinha, pegou o seu banquinho e o megafone, foi logo anunciando os sabores dos picolés do dia, logo ficando ocupado em servir e dar trocos pras crianças e seus acompanhantes. 

 

Lá pelas onze horas da manhã, ficou mais calmo, ele tirou de dentro do carrinho, um potinho de plástico, que era a sua marmita, com uma bela maionese de camarão, seu almoço do dia. Comprou com o Moacir Rodrigues da banca de jornal, um guaraná geladinho, mandou pra dentro a bóia gostosa, que a esposa havia feito, depois embrulhou o pote e o talher, num saco plástico reciclável e, pendurou no guarda Sol da carrocinha.

 

Estava bem tranquilo e, ainda não havia dado meio dia, quando o movimento aumentava, aí Norminha Aparecida, passa pela sua frente e, o danadinho se encanta com o sorriso dela, não era uma paquera, só um lance de não se sentir morto ou velho demais rrrsss... só que ela olha pra ele da cintura pra baixo e segue rindo, ele não entendeu, mas, outras moças conhecidas da praça, como Sandra Rosa e Madalena, Maria Augusta da farmácia e até Lucimar uma escritora que é doce, mas, pouco sorri, todas passaram rindo e até gargalhando. O sorveteiro Poeta Olavo, não conseguia saber o que estava acontecendo.

 

Eis que chega o guarda municipal e amigo Barrett que olhando para as calças dele diz

- Cuidado com o picolé... ri...e sai andando...

 

Só aí o sorveteiro dá conta, que o 'seu picolé' fugiu espontaneamente pela janela da calça de moleton e, ele perdeu uns dez anos e pulou o gradinha atrás da carrocinha, só para poder se ajeitar. Voltou lavando a mão na água do chafariz da praça e, não teve jeito, passando álcool gel nas mãos, sentou-se no seu banquinho e gargalhou até soluçar...ai ai ai...no dia seguinte ele seria o assunto principal naquela pracinha...rrrsss...

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 21/11/2023
Código do texto: T7937017
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