"Anos Irresponsaveis" parte III.

Capítulo 3

“BRIGAS E ARAPUCAS”

- Você já fez o jantar? -Perguntou meu irmão Leonardo. -A mãe já vai chegar e ela quer o jantar pronto , ouviu? E eu estou com muita fome.

- Cale a boca panaca. – Retruquei sem me levantar do sofá.- Se você esta com fome vá comer uma fruta.

- Eu não quero frutas, quero comida!

- Eu escuto isso desde quando você nasceu: “quero comida!”

- E eu vejo esse cabelo duro desde quando eu nasci.

- Você fica olhando pro saco menino nojento?

- Não sua imbecil. Mas mesmo se olhasse eu ia ver um cabelo liso ao contrario do seu , ninho de pavão.

- Aahh cale a boca verme! Ou então eu acabo com você!

- Acabe comigo que a mãe acaba com você sua anta!

- Aaaahhhhh!!!!!!!!!

Avancei para cima dele e tampei-lhe a boca com uma mão enquanto a outra o esbofeteava .

- AI!

Ele desatou a me dar chutes e unhadas; eu também desatei a chuta-lo e acabamos caindo no chão e nos enroscamos em uma nuvem de socos e pontapés até que uma coisa nos separou.

- Que zona é essa?!? -Gritou minha mãe ao entrar pela porta da cozinha. -Que zona é essa? Vocês são meus filhos ou monstros? Seus animais! Doidos! Parem com essa baixaria agora ou então eu vou surrar os dois até vocês sangrarem. Porra meu, eu estou criando gente ou bicho? Nem bichos se comportam assim!

- foi ela quem começou. -Defendeu-se Leonardo imediatamente limpando o nariz que sangrava. -Eu estava quieto,ai ela...

- Leonardo chega! Eu não quero saber, eu estou farta de essas desculpinhas de sempre! - falou minha mãe irritada. – onde esta tudo que eu ensinei pra vocês? Quer saber, não me falem nada, vá cada um pro seu quarto. AGORA!!!E Anne penteie o cabelo!

- AH ! – exclamei indignada. -Até tu Brutus meu filho?!

Fui para meu quarto e bati a porta com força fazendo-a gritar comigo; não lhe dei atenção e fui para o espelho.

- Meu cabelo não esta tão ruim assim, só esta um pouco cheio e despenteado.

Olhei melhor meu cabelo no espelho e cheguei a conclusão de que talvez estive mesmo ruim: meu cabelo até que era grandinho, chegava até o começo das costas, mas estava muito cheio e os cachos tinham virado um verdadeiro emaranhado, parecia uma planta samambaia. Sem contar que esta muito quebrado e rebelde; eu já havia tentado abaixá-lo mas não deu certo e eu estava quase desistindo de penteá-lo, porque sempre que eu ia faze-lo o pente engancha e dói pra caramba. OH ZICA!

- Mas o que fazer para melhorar essa arapuca? Sem contar que se eu continuar assim, horrorosa, o gatinho ruivo não vai mais me olhar! Oh como eu sofro!

Fui dormi pensando como melhorar meu cabelo e de manhã realmente me esforcei para arruma-lo: enchi-o de creme, penteie bastante (apesar de ter doido a béça), e o amarrei em rabo-de-cavalo. Mas não deu certo o meu rabo, o de cavalo digo eu, ficou parecendo uma vassoura de palha, uma droga geral.

- Há, vamos assim mesmo!

Cheguei na escola desconfiada, esperava os primeiros insultos ao meu cabelo odioso.

Lara vinha vindo em minha direção com aquele sorriso de paty irritante.

- Ah hoje sim hanewy, hoje seu cabelo esta melhorsinho, mas dava pra melhorar mais.

“AI QUE RAIVA!”

- OLHA LARA, SUA PATY MISERAVEL, POUCO ME IMPORTA SE VOCÊ GOSTA OU NÃO DO MEU CABELO. EU GOSTO E ESTOU SATISFEITA COM ELE, E SE VOCÊ SOUBER COM0 DEIXA-LO MELHOR ENTAO VENHA FAZER!!! -Esbravejei para ela, atraindo olhares curiosos.

- Eu sei como deixa-lo melhor. - Disse ela melosa.- Se você me deixa-se mesmo cuidar dele, ele ia ficar ótimo.

- Ah, tenha a santa paciência viu!!! -Exclamei e sai andando ao encontro da Aline que acabava de chegar.

- Discutindo com a Lara de novo? – perguntou ela.

- Sim. -Respondi seca. -Eu a odeio!

- Você a ama.-retrucou Aline.

- Ah cale a boca!

A primeira aula foi no laboratório de química, até que era muito legal ver aqueles líquidos estranhos borbulharem e soltarem pequenas nuvens de fumaça, mas era odioso ter que ficar ouvindo aquelas formulas e fazendo cálculos sabe Deus para que.

Como sempre o Rafael era o que se dava melhor, mas infelizmente não sentávamos juntos na aula de química. Por questões de melhor comportamento a professora Cássia havia nos colocado bem longe uns dos outros, e infelizmente o Rafael ficou na mesa dos valentões. (péssima combinação: nerd com valentão).

- ai ô panaca, como que é pra fazer essa merda aqui?- perguntou um brutamontes apelidado de Paredão, devido aos ombros e braços anormalmente largos, logo após a explicação da professora.

- Você tem que explicar como acontece a combustão desses combustíveis, apresentar os reagentes, produto, energia liberada e...

- ai palerma cala a boca, eu não sei de nada disso, faz logo essa porra e eu copio !- rosnou Paredão dando um soco na mesa.

- não, não vou deixar você copiar minha lição.- defendeu-se Rafael, embora as mãos tremessem um pouco.- tenta fazer a sua.

- Se eu quisesse fazer não estaria mandando você fazer.- rosnou Paredão ficando com um olhar ainda mais ameaçador.

- Você não manda em mim.-retrucou Rafael já pensando em chamar a professora.

- Não mando, mas posso quebrar o seu nariz se você não obedecer do mesmo jeito.- ameaçou o outro.- faça, agora!

Rafael engoliu em seco, pensou em chamar a professora e mudar de lugar, mas mesmo que fizesse isso Paredão iria socar seu nariz na saída do mesmo jeito.

Depois da odiosa aula de química tivemos artes com a doida da professora Dulcivéia, opa! Dulcinéia; inglês e matemática.

Na hora da saída o de sempre:

- E ai o que vamos fazer hoje? – perguntou o David.

- Eu pretendo ir ao parque novamente para ver se o ruivinho esta lá.-respondi pensando esperançosa em ver o ruivinho novamente.

- uh, olha só, a rabo-de-vassoura tem um admirador no parque!

Risadas agudas e aquela voz de pu## que eu odiava profundamente entraram pelos meus ouvidos, virei-me de costas e dei de cara com as vacas da torcida ouvindo nossa conversa.

- por acaso esse tal ruivinho não é drogado, é?- perguntou Monique enrolando os cabelos.- para se interessar por você só pode ser drogado. Ou louco.

- Escuta aqui...!

- Anne não!

Eu já havia levantado minha mão, mas a Aline me segurou pela cintura e me puxou um pouco para trás.

O olhar de Monique brilhou de maldade quando ela veio na minha direção e falou bem baixinho, a cara quase grudada na minha.

- levanta a mão de novo pra mim e eu faço você relembrar aquela velha sensação. Você se lembra? Eu acho que sim. Não quer experimentar de novo quer?

- Sua vagabunda!- murmurei na cara dela.

Ela riu alto e jogou os cabelos para trás.

- obrigada, mas não se preocupe, quem sabe um dia você não consegue ser tão vagaba quanto eu. Eu sei que é seu sonho!

E saiu rebolando com as outras garotas que davam risadinhas.

- ahh! Essa vaca!! Por que você me segurou?- perguntei irritadíssima pra Aline.

- Eu já disse, não vou deixar você se arruinar por causa dessa imbecil! Ela não vale a pena. E você sabe, ela não joga limpo, depois ela ia chamar uma tropa inteira pra te pegar.

- Eu não me importo de apanhar se conseguir descer ao menos um tapa na cara dela.- falei ainda zangada.

- Mesmo assim não vou deixar você fazer isso.- retrucou Aline.

- Certo então, mas vamos comigo lá em casa agora, eu preciso da sua ajuda numa coisa.

- Ah, não tenho escolha né? Vamos . tchau pessoal.

- Tchau!

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 29/01/2008
Reeditado em 06/04/2009
Código do texto: T838458