"Anos Irresponsaveis" cap. 6

capitulo 6

“CONVITE DE SORTE”

Não queria ficar pensando no ruivo então entrei na internet e fui para o bate papo. Lá eu encontrei um cara que eu já “conhecia”, Asdac e fui falar com ele é claro, eu é que não ia ficar parada esperando ate quando o ruivão quisesse. (e eu conseguia falar melhor com os garotos se eles não estivessem vendo meu rosto e visse e versa).

- Oi. – cumprimentei.

- ola.- respondeu ele.

- como vai?

- bem. E você?

- bem, obrigada.

- o que tem feito de bom? Tem saído muito?- perguntou ele.

- que nada, não tenho para onde e nem com quem.

- Hum... sexta-feira eu vou para a tribe house. Quer ir comigo? Pode levar amigos se quiser.

- ah, sexta feira?... eu acho que não vai dar.

- Por que?

- Assunto de família.

Eu é que não ia dizer que mamãe não ia deixar eu sair com ele: um desconhecido, ainda mais para ir a tribe sexta anoite (tribe house é uma danceteria de rock n’ roll, dizem que lá é ótimo)

- mas eu vou averiguar melhor a situação.- falei só pra não ficar de fora. – talvez de para eu ir. (mentira)

- Que bom,então averigúe e me mande uma resposta, ok?

- Ok.

Conversamos sobre coisas fúteis até tarde da noite e quando eu acordei de manhã nem parecia que eu havia dormido.

Cheguei na escola e me dirigi direto para Aline, precisava muito falar com ela. (enquanto eu escovava os dentes tive uma idéia brilhante, se funcionar é claro. Talvez desse para eu ir a tribe na sexta).

- ola como va...- começou ela.

- bem, bem...- interrompi querendo contar logo a novidade.- Escuta-me, eu preciso que você diga para minha mãe que eu vou dormi na sua casa na sexta-feira.

- o quê?!- perguntou ela com cara de interrogação.

- É, e se você quiser ir para a tribe house na sexta-feira, é só tentar convencer sua mãe a deixar você ir dormi lá em casa.- respondi afoita.

- o quê?!- repetiu ela entendendo menos ainda.

Eu contei melhor toda a conversa com o Asdac e meu brilhante plano:

- você diz que vai dormi na minha casa e eu vice e versa, ai nos encontramos em algum lugar e vamos para a tribe house; e nossa mães vão pensar que estamos uma na casa da outra. Sacas?

- olha Anne,- começou ela naquele tom de voz que dizia claramente “NÃO”.-se você quiser eu te ajudo, mas com certeza eu não vou.

- por que?!-perguntei decepcionada.

- Porque minha mãe nunca me deixaria dormi na sua casa; e eu não tenho dinheiro e acima de tudo:EU NÃO TENHO ROUPA PARA IR A UM LUGAR DESSES!!

- O que ?! quem não tem roupas?- era a Lara que acabava de chegar.

- Ah ninguém Lara, ninguém. Da licença.- respondi impaciente arrastando Aline para um canto.- paty miserável! Bem, não precisa se preocupar com a roupa, nós vemos alguma coisa lá em casa. E quanto a sua mãe, bem quem se importa se a veia deixa ou não, saia do mesmo jeito. Como já dizia Alister Crowley: “faça o que quiseres, a de ser tudo da lei”. Ah Mauricio eu queria te ver!

- o que é?

Eu ia falar sobre a tribe mas o Odair já nos empurrava para a sala e não pudemos mais conversar durante duas horas, pois as duas primeiras aulas foram de matemática e hoje a japa anã estava com a chita, quero dizer, com a macaca.

Mas nem a aula de matemática foi tão chata quanto à de biologia em que o “bendito” professor Ademir resolveu implicar comigo.

- bem pessoal, - começou ele.- nós vamos fazer uma experiência.

- ah, não!- lamentou a sala.

- é, é sim e vamos precisar de pilhas e fita crepe,- continuou ele sem dar atenção aos nossos lamentos. As experiências de ciências eram sempre um grande saco.- para grudar as pilhas umas as outras e deixa-las bem duras.

- Iiiiiihhhh!!!

Ao pronunciamento dessas palavras explodimos em risadinhas.

- ei pessoal vamos parar, não a motivo pra risos.- ele olhou para mim, que agora não me preocupava mais em ouvi-lo e conversava com o David que dava risinhos.- ei Anne, você não está me vendo aqui? Será que você poderia deixar de ser tão rebelde ao menos uma vez e prestar atenção, ou você sente prazer em ficar se comportando como esses loucos que você usa nas camisetas?

............... !

“Que besteirada era aquela? Ah, era o cumulo!”

- você só pode estar me tirando, não é? Que imbecilidade é essa que esta dizendo? Por acaso eu não estou prestando atenção nessa idiotice que você esta dizendo? E não venha me chamar de rebelde e dizer que me comporto feito louca se é você que não consegue controlar a porra dessa sala.

- Anne olha o palavriado.

- Não professor, olha você. Eu não fiz nada ok? Todo mundo deu risada, não foi só eu, e agora o senhor vem dizer que eu estou sendo rebelde? Você é um belo de um preconceituoso e um cara sem voz de comando, isso sim, você fica ai com a sua onda de pastorzinho e vem me incomodar por causa do meu estilo quando a sala não obedece você.

- não.- respondeu ele sem graça.-isso não tem nada a ver .

- então qual o problema? Eu sou uma boa aluna e me comporto bem,(às vezes) e se o sr. quer saber eu acho que você esta implicando comigo exatamente por eu ser o que sou; mas pouco me importa o que o sr. pensa de mim, e não fale mais comigo se não for caso de extrema necessidade ok! Palerma.- murmurei baixinho.

Ele me encarou por uns minutos, eu mantive o olhar até que ele disse:

- ok, desculpe, eu não queria te ofender. Vamos continuar com nossa aula.

Ele não falou quase nada no restante da aula e me encarou quando nós saímos para o intervalo.

- nossa Anne, que coragem heim?!- disse o Danilo, um dos vândalos.- eu sempre quis falar isso para ele.

- eu também, palerma imbecil, quem ele pensa que é para falar comigo daquele jeito?! Hum, falei mesmo e repito com muito gosto!

- Rsrs, parabéns!

Ouvi muitos comentários do tipo até o final do dia.

Depois que todos foram embora e ficamos só eu, o Mauricio e a Aline voltamos ao assunto da tribe house.

- e ai Anne, o que você queria me dizer? – perguntou Mauricio.

Eu contei a ele toda a historia e ele considerou muito bem a coisa.

- é, ai eu falava para minha mãe que ia dormi na sua casa e dávamos no pé!- disse ele gostando da idéia.

- cara por isso que eu gosto de você, é feio, mas é inteligente.- exclamei feliz.

- é e já que estamos sempre juntos ninguém vai desconfiar se eu dormi na sua casa.- disse ele com a mão no queixo.

- é isso ai malandro, então ta tudo bolado!- exclamei cada vez mais empolgada.

- mas e você Aline, não vai?- perguntou ele a gordinha.

Aline parou e pensou por um minuto, ela parecia esta fazendo um grande esforço para se decidir.

- olha, - falou ela pro fim.- eu vou tentar, mas não prometo nada. E Anne se eu for eu vou aceitar uma roupa sua.

- Ok, então já vou para casa procurar roupas maneiras porque hoje já é quinta. Tchau!

- Tchau!

- Tchau!

- Você ainda esta aqui paspalho?

- Eu moro aqui sua anta!

- Cale a boca e não se atrase, não quero você embaçando por aqui.

- Hum.

Fui para meu quarto e tirei todas as roupas do guarda roupa, estava tão empolgada que ate me esqueci da fome que me corroia o estomago .

- vamos ver com que eu vou.

Espalhei todas as roupas pela cama e dei uma de Lara: “a não, isso não combina com a blusa”, “essa calça não é fashion”, “esse vestido não combina com meus olhos.”

Depois de muita troca de blusa porque não combina com a calça; troca de calça porque não combina com a blusa e não tenho sapato para esse vestido, finalmente encontrei algo que acho que ficou bom: um top vermelho, uma bermudinha preta, um suspensório preto com laços no ombro pra juntar os dois, meia arrastão e um sapatinho vermelho de bico fino.

- é acho que vai ficar bom! -pensei. - agora a segunda parte: arrumar a casa para agradar a mami, afinal, ainda tenho que conseguir permissão para “dormi” na casa da Aline. Assim ! também vou mandar uma mensagem ao Asdac dizendo que vou e irei levar dois amigos.

Arrumei tudo: lavei a louca, limpei o chão, passei a roupa e fiz o jantar.

Quando minha mãe chegou foi à hora do tudo ou nada.

- Nossa, como a casa esta arrumada!- disse ela impressionada quando entrou.- E olhe, você ate passou a roupa, eu tinha perdido as esperanças de que você fosse fazer isso a uns dois meses. Incrível! - mas ai ela olhou para mim daquele jeito que só as mães sabem olhar, quando sabem que os filhos querem algo.- ta legal, o que você quer? Fale.

- bem. -comecei fingindo acanhamento. - eu não ia pedir nada né, mas já que você insiste: eu posso dormi na casa da Aline amanhã anoite?

- e o que vocês duas vão fazer exatamente?-perguntou ela desconfiada.- porque da para notar de longe que vocês não querem só dormi.

- Bom, nós pretendemos alugar uns dvds e assistir filmes ate de madrugada.- respondi tentando parecer displicente e verdadeira.

- E por que vocês não fazem isso aqui?- perguntou ela avaliando a roupa passada.

- A mãe dela não a deixou dormi aqui, sabe como a mãe dela é meio implicante, né?- respondi fazendo figa.

- Não, não sei, eu não a conheço. E o que vocês vão ver? Pornografia pesada?

- Ah não, a mãe dela chega as sete do serviço, e é sete horas que eu vou para lá, ou seja a mãe dela vai ir com nós alugar os filmes justamente para não pegarmos nada de errado.

- E o Leo?

- Ele pode ir dormi na casa da vó, quando eu sair eu deixo ele lá.

- É mãe, deixa?- pediu Leo gostando da idéia.- até que fim você pensou estrupício.

- Ah, cale a boca sua mula manca!

- Se vocês começarem com isso não deixarei ninguém sair!- advertiu a mãe. -ta legal eu deixo vocês irem dormi fora, mas a casa vai ter que estar como hoje, heim?

- Falo!- concordamos.

Ah...naquele dia eu dormi feliz e torcendo para que a Aline também conseguisse convencer a mãe dela.

(Em outra casa, não tão longe assim)

- ah, mãe? – Aline se aproximou da mãe que estava vendo novela no sofá e tentou falar com uma voz agradável e displicente.- temos alguma coisa importante pra fazer amanhã?

- Hum...não, por que?- perguntou dona Dalva.

- Ah, é que eu queria saber se eu posso dormir na casa da Anne.- respondeu a Aline com a voz suave e inocente que conseguiu.- posso?

- E você quer ir dormir lá pra que, se tem um ótimo quarto aqui?- perguntou Dalva fazendo uma careta.

- Ah mãe, só pra variar um pouco. Deixa vai?- insistiu a Aline com cara de cachorro.

- Você não precisa dormir na casa dessa garota Aline, pode ficar aqui na sua casa que vai ser bem melhor.- retrucou Dalva, rabugenta.

- Poxa, mas por que você nunca me deixa fazer nada?- perguntou Aline indignada.- eu não estou indo para uma festa á meia-noite nem para nenhum baile funck. Eu só quero dormir na casa da minha amiga, só pra variar. Qual é?!

- Não adianta fazer drama Aline, eu já disse não!- falou Dalva com um tom de ponto final.

Aline se levantou de supetão, estava a caminho do quarto quando se voltou e disse, tentando ao máximo não começar a berrar, mas com a raiva estampada na voz:

- se fosse o meu irmão Anderson você deixava não é? Por que comigo tem que ser diferente? Não venha com essa história de que ele é mais velho e que é homem, que a situação é diferente, não é nada diferente. Ele sai para lugares que nós só podemos imaginar desde que tinha quartoze anos e eu não posso ir dormir na casa de uma amiga, que é aqui do lado, onde a senhora pode ir a hora que quiser e tudo. Você é a pessoa mais injusta desse mundo!

- Eu só estou protegendo você Aline.

- Protegendo? Protegendo de que? De aprender a viver? De aproveitar minha vida? Me protegendo de fazer amigos ou me divertir de vez em quando? Fala sério, você esta mais é me aprisionando e me fazendo ficar com raiva da senhora do que me protegendo. Proteção demais é perigosa!

E batendo o pé Aline foi para o quarto.

No dia seguinte voei para a escola para falar logo com a Aline, e graças a deus ela já estava lá.

- E ai, como foi?- não me dei ao trabalho de dizer oi.

- Bom. -começou ela. – primeiro eu pedi normal e ela disse não, é claro. Ai comecei a falar um monte pra ela, ela disse que só estava me protegendo e eu disse que desse modo ela só ia me deixar com raiva dela e tal. Ai fui pro meu quarto.

- Eu estava lá deitada xingando ela em pensamentos, quando ela chegou e perguntou o que iríamos fazer na sua casa, eu disse que só íamos alugar uns filmes para assistir. Ai ela perguntou: e se vocês alugarem o que não deve? Eu conheço as meninas viu? E eu respondei: a mãe dela chega do serviço sete horas, que é a hora que eu vou para lá, e ela vai com nós na locadora justamente para não alugarmos nada errado.

- Ai ela me olhou por uns minutos, eu fiz cara de cão arrependido ate que ela disse: ah, ta legal, eu deixo. Mas eu vou querer o número de telefone dela e o endereço. Eu disse: telefone ela não tem, mas eu pego o endereço amanha.

- E foi isso!- finalizou Aline com um sorrisão.

- UUUUUUUHHHHHHHHUUUUUUUU!!!!

Nos agarramos e começamos a pular pelo meio do pátio.

- Ah que maravilha! Puxa eu nem acredito, tramamos muito bem a mentira heim?! Haha, que bom! Espero que o Mauricio também tenha conseguido.

A essa altura da conversa a escola já estava cheia e o Mauricio vinha entrando.

- CONSEGUI! - gritou ele levantando o braço como um campeão de box.

- aaahh!- gritamos eu e a Aline de felicidade.- legal agora vamos todos nós! Uhu!

- nossa, que felicidade. Posso saber o motivo?- perguntou o William que acabava de chegar com o David e o Rafael.

- vamos para sala que contamos.

Quando chegamos na sala a Aline contou tudo aos meninos a as patys.

A Eduarda, a Rafaela e a Lara ficaram de queixo caído; a Regina não estava nem ai, corre o boato de que ela já fez coisas piores.

- Aline, você vai mesmo?! -perguntou a Eduarda boquiaberta.

- Vou.- respondeu Aline displicente.

- Mas vocês nem conhecem o cara direito.- disse Eduarda falando pela primeira vez algo em que ainda não tínhamos pensado.

- Ah, eu falo com ele quase todo dia, ele é de confiança.- falei confiante em minha própria palavra.

- Mas e se ele não for?- insistiu a Eduarda.- e se você estiver enganada Anne?

- Ai é um risco a correr não é?- respondei sem me importar muito.- afinal, a vida é feita de aventuras, batalhas e riscos.

- Mas pode ser um risco alto de mais não acha?- continuou a garota.

- Ah Eduarda, agradeço a preocupação, mas tenho certeza que não é pra tanto.- falei num tom aborrecida, pondo fim no assunto.

- E se sua mãe descobri?- perguntou a Rafaela horrorizada a Aline.

- Ela não vai descobri,- respondeu Aline. – a não ser que você conte, você vai contar?

- É claro que não!-respondeu a Rafaela imediatamente.- eu até iria se podesse.

- Ai Rafaela não fala besteira.- mandou Lara terrivelmente fresca e indignada com nós e com as palavras da “amiga”. - você nunca ia conseguir fazer isso e não ia se dar bem em um lugar como esse. Cale a boca e não fale bobagem!

- Não Lara, - aquela paty me subiu na cabeça.- cale a boca você. Você esta sempre agourando as coisas que suas amigas querem fazer, por pura inveja, porque você não teve a capacidade ou a coragem de fazer a mesma coisa antes. E você se lembra da vez que pagamos o play center para Aline e você ficou agourando dizendo que a mãe dela não ia deixar, e o no final acabou querendo ir também? Sabe, se eu fosse você parava logo de fingir que é uma coisa que você não é e mostrava logo que você é uma doida assanhada; isso deixaria você um milhão de vezes mais legal!

- E virar uma horrorosa?!- perguntou nela com ar de quem tem nojo.

- Não. Ser legal não é ser feia, pode-se ser muito legal e ainda ser muito bonita. Só você que não vê isso. Sirigaita!

Ela saiu andando de cabeça baixa e com uma tromba de elefante, mas é claro que essas palavras mexeram com ela. Um dia descobriríamos o quanto.

- E você Rafaela,- Continuei me voltando para a loira. -Na próxima te chamamos.

- Valeu!- agradeceu a loira sorrindo.

No intervalo combinamos os últimos toques para a fugida de hoje à noite.

- bem,- comecei. – eu combinei com o asdac de estar na tribe as oito, o que quer dizer que devemos sair de casa as seis e meia.ok?

- ok. Mas e a minha roupa?- quis saber Aline.

- você vai lá em casa na saída e pega a roupa.

- não, você esta louca? Se eu sair com trajes desse tipo de casa meu irmão nunca vai me deixar sair e vai contar para minha mãe.

- mande ele para a baixa da égua; e vá lá para casa ás cinco para se arrumar.

- E você Mauricio, como vai fazer? -perguntou Aline.

- Ih menina, -respondeu Mauricio com sotaque caipira.- para mim a coisa mais fácil é sair de casa sem ser visto, mesmo que eu saia só de cueca.

- Bem, então é isso. As seis e meia.

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 01/02/2008
Reeditado em 06/04/2009
Código do texto: T841627