O Fado Cruel dos Indigentes

Ele grita ele grita

ele berra mais que nós

ele vaga pelas ruas

ele voa entre os albergues

inda posso ouvir sua voz

é do coro dos mendigos

dos sem-teto e indigentes

e às verdades que ele grita

- as que ninguém desacredita -

todos passam indiferentes

Pelas ruas ele grita

Passa às vezes a cantar

Por um gole de birita

por um prato de comida

vezes para de gritar

fala mal de tudo e todos

governante ou militar

presidente ou senado

e se nego um trocado

quer tambem me criticar

Como esse homem grita

entre quem se acha gente

pobre esfarrapado humano

sem senhor nem soberano

passa ao mundo indiferente

Não tem onde cair morto

E por isso pouco teme

quando muito um violão

diminui a aflição

desse existir doente

Ele grita ele grita

ele grita mais que nós

mas ainda que tão alto

que se estalasse o asfalto

inda assim tem menos voz

Mas eu vejo no seu olho

Sua infelicidade

Tão grande seria o gosto

Fazer parte desse esgoto

Que chamamos sociedade

Ele grita ele grita...

Ele grita ele grita...

Gabriel Caetano
Enviado por Gabriel Caetano em 23/11/2008
Código do texto: T1299028
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