Ressurreição

É noite e me sinto como um enfermo,

Minha doença não tem cura e acho ainda a vida bela.

Fiquei calado esperando uma estremunção.

Algum ser amigo para abrir a veneziana da janela.

Quando eu era velho as coisas não funcionavam assim,

Apenas ouvia calado os sofrimentos que engolia a seco.

Agora, na meninice, me espanto com o que penso de mim.

E consigo criar sentido por mim mesmo, mas por algum preço.

Não viverei solitário ou sem paixão

Não engolirei a seco ou sem apetite

Não serei perfeito nessa canção

Nem me preocuparei com o que não existe

Já é madrugada e me vestiram um terno

Minha doença não teve cura e acho ainda a vida bela

Fiquei calado esperando um caixão

Algum ser amigo cobriu-me com terra

Quando eu era velho as coisas não funcionavam assim

Agora espero inocente brotar tal qual planta

Voltar a meninice, viver novamente tudo até o fim,

Provar que quem esta vivo canta, canta canções assim:

Sem exageros, nem omissão,

Não trate de teses ou palpites,

Que não seja perfeita a canção,

Para ser fiel a tudo que existe.

Grillo Tremins
Enviado por Grillo Tremins em 09/01/2009
Código do texto: T1375309