O Sistema na Fazenda (Parte I)

Olhe aquele asno

Que vida mais sem graça

Com sua viseira

E cabresto na carroça

Sei que essa estrofe

Não rimou muito bem

Mas não vou parar

Porque isso não me convém

Olhe o rebanho

Que pasta sem parar

Veja o retireiro

Que vai lhes ordenhar

Agora eu acertei

Com essa rima pobre

Mas os meus motivos

Estes sim é que são nobres

Olhe a coruja

O símbolo do saber

Foi assassinada

Sem poder se defender

Por uma criança

Que não tem nada de inocente

Com seu estilingue

Abate o seu oponente

Agora é a vez

De um dos bichos mais ferozes

Mostrar a sua cara

E inocular sua zoonose

Vamos falar

Da bela serpente

Um bicho tão astuto

Que é julgado erroneamente

Por uma

Suposta traição

Ter induzido Eva

A deitar-se com Adão

Olhe o urubu

Que voa lá no céu

Devora suas vísceras

Que bicho mais cruel

Para sua sorte

Ele o faz depois da morte

Não é como o sistema

Que o devora enquanto vivo

Essa é uma estrofe

Que também não rimou bem

Mas o recado “tá” dado

E eu lhes pergunto: “O que vos convém?”