Conversa Insana

Em se tratando das coisas,

Das coisas do mês de abril,

Não revele detalhes ao jornal

E não fale meu nome a ninguém.

Não queira que eu seja um arauto,

É inútil me dar a bater.

O que eu vejo qualquer um pode ver,

É questão de querer enxergar;

Fizeram tudo errado desde o começo,

Não pensaram em regenerar.

Agora pede que eu fale no rádio

O que eu comentei com você.

Como quer que eu diga no ar,

Se depois pedem provas?

Provas eu não tenho a dar.

Não retiro o que disse, mas outros sabem também;

É que ficam calados,

O silêncio a eles convém.

Você vem com essa conversa insana de televisão,

Tentando me convencer;

Hoje não faço barulho

Nem penso em virar retalho outra vez;

Depois tudo passa e o meu nome

É que fica suspenso que nem uma rês

Pronta pra expiação.

Não mereço este fardo,

Não estou para o abate,

Eles saem ilesos,

E eu não salvo ninguém.

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 03/12/2009
Reeditado em 03/12/2009
Código do texto: T1958536
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