Só ficou a saudade

Hoje não tem mais amor na dança

Nem qualquer canção no ar se lança

Não há mais porque chorar

É dia de frevo, mais um dia pra sambar

O povo brincando na rua

Na praça todos a cantar

Não mais me lembro

A dor que restou do amor

Secou aquela roseira

Despetalou a nossa flor

Era verdade, sim, era verdade

Mas parece que não era, tanto dói essa saudade

O tempo não volta, no quebra-mar do véu da noiva

Dos dias de sol, das noites de luar

Um jambolão, um arlequim, um Pierot,

Todos eles dizem assim

Tudo, tudo se acabou,

O grande amor chegou ao fim

Estrelas–guia, cometas a passar

Temperar cravo e canela, esse bolo de fubá

Não sei fazer uma canção qualquer pra ela

Vejo apenas da janela, nosso bloco desfilar

A fila andou e apesar da quarta feira

Na rua da Praia, sem rio, nem mar

Crianças, moços, velhos e senhoras

Não vi por horas o meu o amor passar

Pra baixo e pra cima, em busca de rima

Blocos, cordões e corsos, dedos a tamborilar

Esqueço tudo, fecho a janela pras troças

Sambando assim, essa gente tão disposta

Apesar de Colombina ter ficado com Arlequim,

Ai, ai, de mim

Ai , ai de mim

Apesar de Colombina, ter ficado com Arlequim

(Adroaldo Bauer, ouvindo No Cordão da Saideira, de Edu Lobo)