“Chance”



cada prego que eu pregava, ninguém se importava
cada quadro que eu pintava, ninguém nem dava olhada
um poema em minha mesa, e o copo ia em cima
o arroz do meu almoço, era branco e sem sabor
ela passava em minha rua, e eu era um poste
eu conto uma nova idéia, e isso vira piada

eu não vou eu não vou, fugir dessa ilusão
eu não vou desistir, dos meus maiores sonhos
só porque um parente, chato assim quer
que eu afunde, que eu afunde, minha cara até na lama
eu não vou, eu não vou, correr dessa mulher
eu vou, eu vou, descarregar meu caminhão
e quem sabe até casar, com a nora que mamãe quis


de tantos livros que eu já li, eu já me cansei deles
tanta coisa que aprendi, de tudo um pouco eu me esqueci
tanta estória pra contar, com apenas uma garota
tanto erro a consertar, não tenho o seu perdão
tanta coisa em que falhei, e vou falhar ainda mais
tantos perigos que passei, em nenhum eu morri

em toda a família sempre tem, um chato pra espiar
em toda casa sempre há, uma ovelha negra
em todo o lar sempre existe, uma mãe doente
em carro usado sempre há, um pequeno defeito
no casamento há, sempre uma traição,
mas não importa a dor, não vou desistir
com meu braços agarrar, a chance de mudar

se você me deixar, eu vou procurar outra
se você não me ligar, eu cato outra em minha agenda
se o esquema não der certo, eu vou pra tua casa
se a porta tiver trancada, eu subo pela janela
se você não me quer mais, é só falar que eu disparo
com certeza tem, uma ricaça me esperando
em uma grande fazenda, cheia de gado de corte
Rônaldy Lemos
Enviado por Rônaldy Lemos em 19/09/2006
Reeditado em 19/09/2006
Código do texto: T243755