A Misteriosa da Chácara

Letra: Paulo de Freitas Mendonça

Melodia: César Oliveira

Gravada no Reponte da Canção

Uma linda chacareira

dizem que era viúva, a moça.

Só cantava Dom Yupanqui

Cenair e Zitarrosa.

Com sotaque de fronteira,

quanto muito “buenos dias”

quando aumentava a prosa

fingia que não ouvia.

Suas mãos se confundiam

com as pétalas das flores

passantes criavam trilhos.

Eram pretensos amores.

Quando estava na janela

Sentia-se mais segura.

Esboçava um sorriso.

Aquilo era uma pintura.

Era tema de cochicho

no mate doce ou na venda.

A misteriosa da chácara

já era quase uma lenda.

Numa noite, um movimento

mais de um lampião havia,

e tudo ficou tapera

no amanhecer do dia.

Como chegara, partira.

A casa tornou-se fria.

A janela que era um quadro

ficou uma tela vazia.

O gorgeio no arvoredo,

as flores logo murcharam,

os trilhos criaram grama

e tauras não mais passaram.

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 08/05/2011
Código do texto: T2957102