Como se não tivesse o chão.

Fogo tonteia, que permeia, descama

torna a luz chama, torna a voz cama

entorna o caldo, assombra a morte,

destoa.

Começa austero, tremulando o passo,

induz o fôlego até não poder mais,

traduz o que devia e não devia, contudo

é raça, é galope, é rebento.

Onde está, diga lá,

onde está diga lá,

onde está, diga lá?

Quando dispara suas asas, engana,

faz dos tocos pedras que saltam do coração,

faz dos loucos a língua que rasteja sem trégua,

faz do sangue o véu que respingará sem paz,

sem paz.

Onde está, diga lá,

onde está diga lá,

onde está, diga lá?

Agora que tudo se calou, pudera,

agora que o céu menstruou, salve,

agora que os ossos se partiram, viva,

agora que a porta se abriu, vamos!

Então, como se não houvesse o não,

então como se não tivesse o chão,

então como se não pudesse o vão,

então como se não coubesse a mão.

Onde está, diga lá,

onde está diga lá,

onde está, diga lá?

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 16/05/2011
Código do texto: T2973675
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