Como se não tivesse o chão.
Fogo tonteia, que permeia, descama
torna a luz chama, torna a voz cama
entorna o caldo, assombra a morte,
destoa.
Começa austero, tremulando o passo,
induz o fôlego até não poder mais,
traduz o que devia e não devia, contudo
é raça, é galope, é rebento.
Onde está, diga lá,
onde está diga lá,
onde está, diga lá?
Quando dispara suas asas, engana,
faz dos tocos pedras que saltam do coração,
faz dos loucos a língua que rasteja sem trégua,
faz do sangue o véu que respingará sem paz,
sem paz.
Onde está, diga lá,
onde está diga lá,
onde está, diga lá?
Agora que tudo se calou, pudera,
agora que o céu menstruou, salve,
agora que os ossos se partiram, viva,
agora que a porta se abriu, vamos!
Então, como se não houvesse o não,
então como se não tivesse o chão,
então como se não pudesse o vão,
então como se não coubesse a mão.
Onde está, diga lá,
onde está diga lá,
onde está, diga lá?
------------------------------------------------
Conheça o meu site www.vidaescrita.com.br