IMAGINO-TE.

Imagino-te com a alma repleta de lodos,

com medos já libertos, todos,

vendo o dia descansar enfim.

Imagino-te com suores escassos,

dispensando o mundo nos braços,

deixando na maré mansa todo sim.

Imagino-te desmamando suas bazucas e canhões,

desarmando todos arpões e senões,

traduzindo finalmente a que vim.

Imagino-te cerzindo afagos no lugar de espinhos,

esmigalhando as pedras dos caminhos,

dando alforria aos gritos que matavam por fim.

Imagino-te finalmente aninhada num abraço,

abundando todo desejo que se fazia escasso,

não afogando mais seus sonhos num copo de gim.

Imagino-te com a face esculpida em rugas,

com a dor enterrada no beco das expurgas,

tatuando finalmente sua pele em mim.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/06/2011
Reeditado em 09/06/2011
Código do texto: T3023054
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