PALAVRANDO.

A palavra desnata, desmata,

desacata, desfigura.

Faz ranhuras na alma

desalma, descama.

Inflama, exclama,

berra.

Decanta, espera,

soterra.

A palavra entorna

põe a paixão na bigorna,

fica malsã.

Invoca Iansã,

fica anã,

se agiganta.

A palavra é céu,

é cruel,

Rapunzel.

Ela embebeda,

descabela, desnovela,

nos segura na queda,

é pedra, é pedra.

A palavra empesteia,

faz tudo uma grande teia,

transforma o amor em arei,

é sereia, é sereia.

A palavra tem mil vozes,

atrozes, algozes,

deixa o mundo mudo, escudo,

goza, goza, goza.

É semen poderoso,

aveluda o gostoso,

traz magia, alegria, alforria,

desperta, desaperta,

liberta.

A palavra é coisa certa,

flecha direta,

bálsamo bendito.

No seu sangue tudo leva,

vai do infinito à relva

acaba com o maldito.

A palavra estende a mão,

faz abraçar o irmão

dá cheiro, gosto, textura.

É morteiro, ogiva, apura,

faz bater de novo o coração,

acaba com toda alma escura,

acaba com toda alma escura.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/07/2011
Reeditado em 04/07/2011
Código do texto: T3073926
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